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Cordel e Interdisciplinaridade: Um gênero textual e uma fonte histórica na sala de aula

Por:   •  4/7/2023  •  Artigo  •  2.400 Palavras (10 Páginas)  •  54 Visualizações

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Cordel e Interdisciplinaridade: Um gênero textual e uma fonte histórica na sala de aula

                                                               

                Izabel Maria Nunes do Nascimento[1]

Ana Carla Mateus do Nascimento[2]

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar a partir de estudos bibliográficos, a utilização do cordel, gênero textual conhecido e de fácil acesso, como instrumento pedagógico na sala de aula, que pode ajudar ao aluno a desenvolver a escrita e a oralidade. Muito além de um gênero, também será tratado o cordel como fonte histórica literária, que expressa o pensar e agir de um povo, sendo uma fonte rica que pode ser usada para o entendimento de um contexto sociocultural, pelo olhar de um indivíduo que expressa sua identidade, a partir de uma forma escrita de comunicação. Usar o cordel, fonte histórica, como recurso didático no ensino de história é fazer com que os alunos possam a partir desse pensamento cordelista refletir sobre o mundo em que vive. Por último, é debatido o cordel como o objeto de interdisciplinaridade entre a História e Língua Portuguesa e como estas disciplinas podem trabalhar juntas para melhorar o conhecimento do aluno.

 Palavras-chave: Cordel e Interdisciplinaridade. Gênero textual. Fonte histórica.

Introdução 

Cordel um gênero textual na sala de aula

A literatura de cordel é uma manifestação cultural popular, que expressa a identidade de povo. A literatura do cordel chegou ao Brasil com os colonizadores e serviu para muitas funções no decorrer do tempo, sendo adaptado ao conviveu do povo Brasileiro, que colocaram suas crenças e seu modo de vida no cordel. Na Europa os cordéis eram vendidos em feiras livres, pendurados em barbantes.

Chamadas de folhas volantes, o cordel eram folhas precárias de caderno vendidos na feira. O cordel só criou características de hoje a partir do desenvolvimento de maquinas. Tendo como conteúdo o romance, novelas, contos, crônicas e acontecimentos. Também servia com jornal levando informações para as pessoas.

A literatura de cordel tornou-se o meio de comunicação, o elemento divulgador dos fatos ocorridos servindo como jornal ao colocar a família a par de tudo que se passava: façanhas de cangaceiro, caso de rapto de moças, crimes, os estragos das secas, os efeitos das cheias e todas as situações ocorridas [3].

O cordel é uma representatividade da cultural popular nordestina, manifestando toda sua identidade. Apesar de ser marginalizado o cordel é uma manifestação popular que representa o pensar do povo, o agir, como vivem e suas práticas. O cordel é fruto da memória de um povo, do ponto de vista, do que escutou falar, do que se viu.

Além de informação o cordel apresenta outra função a de alfabetizador. Por ser de fácil acesso o cordel apresenta um papel muito importante na aprendizagem da leitura e a escrita. “Numa época em que as cartilhas de alfabetização eram raras e não chegavam gratuitamente ao homem rural, o folheto de cordel cumpria espontaneamente esta alta missão social. ” [4]

É nessa perspectiva do cordel como recurso didático para o ensino de Língua Portuguesa que iremos traçar uma reflexão sobre o cordel e sua importância, como gênero textual, para aprendizagem da língua fala e escrita.  Primeiramente é importante destacar a facilidade do cordel e sua aproximação a realidade do aluno. O cordel foi disseminado especialmente na região Nordeste do Brasil, em que sua população pobre viu no cordel uma forma de expressão cultural e apesar da modernidade o cordel, ainda hoje, expressão o pensamento do sujeito nordestino, sua opinião e seu modo de pensar.

O cordel como fonte histórica na sala de aula

        Para compreendemos o uso do cordel em sala de aula, precisamos primeiramente entender o objetivo de se usar literatura como fonte histórica.  Anteriormente existia um antagonismo entre literatura e a história. Com a mudança do objetivo de história a literatura passou a ser usada como fonte. Passando a ser mais uma perspectiva com a história cultural que busca assim explicar e entender as representações de uma cultura no tempo e no espaço, as experiências, o pensar e agir, tendo como objetivo a arte, a religião, a língua, entre outros.

É com a história cultural que a literatura passa a ser usada como fonte que mostrará as representatividades escritas através da imaginação do escritor. Segundo José D’Assunção Barros no livro existe uma gama de "práticas e " representações". É através do livro que o sujeito que escreve coloca seu pensar, seu modo olhar a sua realidade. Para ele

(...) quando um autor se põe a escrever um livro, ele se conforma a determinadas representações do que deve ser um livro, a certas representações concernentes ao gênero literário no qual se inscreverá a sua obra, a representações concernentes aos temas por ela desenvolvidos. Este autor também poderá se tornar criador de novas representações, que encontrarão no devido tempo uma ressonância maior ou menor no circuito leitor ou na sociedade mais ampla.[5]

José D’Assunção mostra que para Borges[6] é necessário contextualizar o texto que se trabalha, saber o lugar, a linguagem, os pensamentos que influenciaram, a sociedade na qual participa, pois, todos esses elementos influenciaram na forma de se escrever a história. A importância de se usar a literatura como fonte é perceber as representatividades formadas sobre o real.  Para Abud e Alves (2013) usar a literatura estar para além de se entender as representações, mas também, perceber a mentalidade de uma época.[7] 

O cordel é literatura que também se insere nessa abordagem, já que é uma expressão artística que representa uma forma de viver, de pensar e de agir de uma determinada sociedade. É nele que estar a opinião de um determinado sujeito, que escreve tudo a partir de sua concepção de mundo, de sua realidade, de seu olhar.

O objetivo da educação é que o aluno deve ter a liberdade para que o aluno não apenas expressar o que pensa, mas deixá-lo pensar de forma crítica sobre a realidade que o rodeia. O professor deve possibilitar subsídios para que o aluno possa seguir o melhor caminho em busca de seu desenvolvimento, a partir da sua própria visão sobre o mundo. Pois o professor não é o único com conhecimento. O professor passa a ser mediador do conhecimento fazendo com que o aluno possa filtrar os conhecimentos verdadeiros e não mentiras.

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