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Cultura De Brasília

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Por:   •  22/9/2013  •  4.098 Palavras (17 Páginas)  •  304 Visualizações

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Cultura

Educação e artes

O plano educacional de Brasília foi elaborado ainda no final da década de 1950 por Anísio Teixeira, reproduzindo a experiência bem sucedida do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, conhecido como Escola-Parque, implantado em Salvador. O plano visava a adequação do sistema de educação ao estado democrático moderno, levando a educação das camadas populares a um novo patamar e oferecendo à nação "um conjunto de escolas que pudessem constituir exemplo e demonstração para o sistema educacional do país", a partir da ideia de Juscelino de que Brasília seria "um amplo campo de experimentação de técnicas novas". Ainda em 1959 foi inaugurada a primeira escola-classe, na superquadra 308 sul, prevendo-se que, por ocasião da inauguração de Brasília, estariam concluídas as obras de três outras localizadas nas superquadras 108, 206 e 106 sul; a da Escola-Parque, construída entre as superquadras 307 e 308 sul; e a do Centro de Educação Média, situada na chamada Zona das Grandes Áreas.128 Em 1965, 36 mil alunos estudavam em 130 escolas primárias, ministrando 1.315 professores. O ensino médio era atendido por trinta colégios, estando matriculados 16.881 alunos e empregando 887 professores. A Universidade de Brasília já funcionava, com um corpo discente de 764 indivíduos distribuídos em cursos de Matemática, Física, Química, Biologia, Geociências, Ciências Humanas, Letras e Artes, Administração, Engenharia, Biblioteconomia, Direito, Jornalismo e Medicina, com vários outros previstos para breve.59

Se a educação primária e secundária se estruturaram desde sua origem, a educação superior e a produção cultural e artística independentes enfrentaram problemas para se estabilizar. Um dos fatores para isso foi a instalação do regime militar logo após sua inauguração, em 1964. A Universidade de Brasília, então um símbolo da modernização do ensino nacional, foi tomada por tropas em 9 de abril de 1964, o que se repetiu em 1968, e mais tarde continuou sofrendo com o patrulhamento ideológico e com um grande expurgo no seu quadro docente, perdendo cerca de duzentos professores, o que levou ao descrédito da instituição como instância qualificada de geração de conhecimento e cultura. O mesmo tratamento recebeu o movimento estudantil, que na época conquistara grande influência e estava muito bem articulado, representado localmente pela Federação dos Estudantes Universitários de Brasília (FEUB), desestruturando-o e perseguindo, prendendo e torturando alunos.129 130 131 Segundo Marcelo Ridenti, a quebra de expectativa com o golpe de 1964 foi avassaladora nos meios artísticos e intelectualizados. Muitos tentaram resistir, mas acabaram caindo na clandestinidade ou tiveram obras censuradas pelo novo regime. Prossegue dizendo que

"A ditadura, entretanto, tinha ambiguidades: com a mão direita punia duramente os opositores que julgava mais ameaçadores - até mesmo artistas e intelectuais -, e com a outra atribuía um lugar dentro da ordem não só aos que docilmente se dispunham a colaborar, mas também a intelectuais e artistas de oposição. Concomitante à censura e à repressão política, ficaria evidente na década de 1970 a existência de um projeto modernizador em comunicação e cultura, atuando diretamente por meio do Estado ou incentivando o desenvolvimento capitalista privado. A partir do governo Geisel (1975-1979), com a abertura política, especialmente por intermédio do Ministério da Educação e Cultura, que tinha à frente Ney Braga, o regime buscaria incorporar à ordem artistas de oposição. Nesse período, instituições governamentais de incentivo à cultura ganharam vulto, caso da Embrafilme, do Serviço Nacional de Teatro, da Funarte, do Instituto Nacional do Livro e do Conselho Federal de Cultura. A criação do Ministério das Comunicações, da Embratel e outros investimentos governamentais em telecomunicações buscavam a integração e segurança do território brasileiro, estimulando a criação de grandes redes de televisão nacionais, em especial a Globo, que nasceu, floresceu e se tornou uma potência na área à sombra da ditadura, que ajudava a legitimar em sua programação, especialmente nos telejornais".132

Entretanto, atualmente Brasília conta com quase trinta instituições de ensino superior, entre institutos, faculdades e universidades, públicas e privadas, incluindo centros de educação à distância,133 e mesmo em meio aos problemas políticos do período ditatorial houve avanços em vários setores da cultura. Em meados da década de 1960 o Museu de Brasília e a Pinacoteca da Residência Presidencial abriram seus espaços ao público, bem como o Teatro Nacional e uma outra grande casa de espetáculos, além de nove cine-teatros e treze bibliotecas espalhadas pelo Distrito Federal, com um acervo de 232 mil volumes.59 Na literatura, várias crônicas foram publicadas durante a fase de construção, relatando impressões sobre o momento fundador, e em 1962 já aparecia o primeiro livro editado na capital, uma antologia poética organizada por Joanyr de Oliveira. Em 1963 foi criada a Associação Nacional de Escritores, em 1965 veio à luz a primeira antologia de contos, organizada por Almeida Fischer, no ano seguinte o Correio Brasiliense começou a publicar o seu Caderno Cultural com grande ênfase na literatura, e em 1968 foi fundada a Academia Brasiliense de Letras. Nos anos 1970 se destaca a chegada à cidade do movimento da poesia marginal, oriundo do Rio de Janeiro, com seu marco inicial em Brasília na publicação da antologia Águas Emendadas, organizada por Francisco Alvim e Carlos Saldanha, movimento que agregou grande número de escritores e estendeu sua influência para a música, teatro e artes plásticas. Em 1973 foi criado o Clube da Poesia, sucedido pelo Clube de Poesia e Crítica, e em 1979 foi a vez da criação do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal.134 Nos anos 1980 a atividade se consolidou com a publicação de muitos livros e o lançamento de concursos literários, e se iniciaram estudos sobre o folclore local, a partir da constatação de que os candangos havia trazido consigo, das várias partes do Brasil, um rico acervo de lendas e contos preservados através da memória oral. Parte do foco das pesquisas foi analisar como o folclore original dos candangos foi transformado e reelaborado pelas circunstâncias e experiências vividas na capital da República.134 135

Catedral de Brasília com esculturas dos quatro Apóstolos na entrada, de Alfredo Ceschiatti

Show da banda Plebe Rude em Brasília, 2006

O Museu Nacional Honestino

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