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De mutirão a Аmazonino Мendes: a trajetória de um bairro e seus moradores

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Por:   •  21/10/2013  •  Relatório de pesquisa  •  3.870 Palavras (16 Páginas)  •  584 Visualizações

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DE MUTIRÃO A AMAZONINO MENDES: a trajetória de um bairro e seus moradores

Jucineide Marques de Abreu

Rosivaldo da Fonseca Moreira

Jaciara Pereira Boaz

Maria Elieth da Silva e Silva

Rodiney Maia dos Santos

O presente trabalho visa traçar o histórico do atual Conjunto Amazonino Mendes, que já foi um bairro, e hoje é mais conhecido como Mutirão, esse histórico vai ser conduzido pelas pessoas que constituíram esse espaço, ou seja, os próprios moradores.

O nascimento do Mutirão tem uma característica bem peculiar, que vai distingui-lo de todos os outros espaços urbanos de Manaus. Ele surge no final da década de 80, em meio há uma constante migração de pessoas de cidades interioranas, pessoas que buscavam melhorias de vida, trabalho e etc. Nesse período Manaus já tinha um grande contingente de pessoas sem moradia própria e muitas vezes sem moradia nenhuma e em meio a essa luta por um espaço próprio que surge o bairro do mutirão. O espaço surge a partir de um decreto de loteamento deferido pelo governador do período, um terreno na zona norte de Manaus limites com zona leste, as pessoas faziam uma inscrição e eram contempladas através de um sorteio. Nesse momento pensar em morar na zona norte de Manaus era algo meio impensável, pela distancia, pela falta de estrutura, transporte, comércios, escolas e etc. chegou-se até a pensar em transformar o Bairro da Cidade Nova em município (houve um plebiscito nesse período). E foi em meio há essas constantes transformações na cidade que os moradores do Mutirão foram impondo a sua presença, modificando, construindo e desconstruindo espaços, conceitos e idéias.

O NASCIMENTO

O bairro nasce no final da década de 80, entre 1988 e 1989, Manaus ainda sofria com o inchaço populacional provocado pela instalação da Zona Franca (1979) grandes contingentes de famílias chegam a Manaus nesse período em busca de novas oportunidades, para suprir essa demanda o poder público vai criando vários projetos habitacionais, expandindo Manaus mais para o norte (Complexo Cidade Nova), e assim surge um projeto habitacional do então governador Amazonino Armando Mendes, o loteamento de uma área limite com a zona leste seria uma solução imediata que o momento exigia. Esse projeto iria modificar, de uma forma ou outra, a trajetória de várias pessoas que estava trocando o viver na floresta para viver numa selva de pedra. E essa trajetória não foi feita de maneira fácil, foi um caminhar longo e árduo, comparável ao processo de elaboração do pensamento, trabalhada de forma muitas vezes dura, superando obstáculos que se dissiparam à medida que o sentido de se morar nesse espaço foi sendo construído

O INICIO

Após o poder público lotear a área, foi aberto inscrições para a população carente e os lotes foram sorteados, nessa primeira etapa as pessoas não receberam as casas prontas e sim um kit de madeira para construírem suas casas, que deviam seguir um modelo padrão, meia água, divisão interna e um passeio (varanda). Para muitas pessoas que foram contempladas com o lote, significou a realização de um sonho, ter seu próprio espaço e nesse momento elas não só conseguem seu espaço, mais também o constrói, as casas foram erguidas através de um sistema muito comum nos lugares amazônicos, o ritmo de Mutirão e assim através de mãos conhecidas e desconhecidas que sonhos se erguem tornando-se realidade. É o espaço sendo produzido pelo homem, nem como objeto e nem como meio, mais como requisito da condição humana

O VIVER NO MUTIRÃO

O imediato que aparece aos olhos revela apenas o aparente, porém o mediato visto de forma mais apurada e paciente pode revelar espanto, surpresas e descobertas, até porque nada se resume a sua aparência. Numa visão rápida ao bairro que acabara de nascer tinha-se uma visão dúbia, desoladora e confortante ao mesmo tempo, um imenso lote de terras no barro batido, sem verde em meio aos conjuntos com casas de alvenaria e suas quadras e ruas asfaltadas. Uma visão desanimadora, mais não para aquelas pessoas que a partir daquele momento iriam produzir e reproduzir seu espaço

O bairro nasce sem estrutura nenhuma, se concebe com o nome de Bairro Amazonino Mendes, mais vai ficar conhecido (até hoje) pela sua característica principal, MUTIRÃO. Segundo as falas dos primeiro moradores, o bairro nasce cru, sem nada, sem água encanada: os moradores precisavam cavar cacimbas ou esperar a chegada de um carro pipa que abastecia os moradores. Sem Energia Elétrica: as noites do Mutirão eram iluminadas por velas, candeeiros, lamparinas e pela luz do luar. As ruas não eram asfaltadas, não havia escola, posto de saúde e nem áreas de lazer, aquelas pessoas teriam que construir, produzir e criar seu espaço com suas devidas estruturas.

O PRECONCEITO

O presente trabalho é bastante pautado na oralidade, algo que é muito importante na história local, ela é dinâmica e viva, embora alguns autores digam que ela não deva ser absolutizada . Mais ao abrir antigas feridas da trajetória das pessoas que vão constituir esse espaço elas são absolutas em lembrar-se do preconceito que sofreram (ainda sofrem) nessa caminhada em construir um espaço próprio. Por não terem infra-estrutura em seu espaço essas pessoas vão se utilizar da estrutura do espaço vizinho, só que não vão ser aceitas como vizinhos, os moradores das adjacências do Mutirão não vão aceitar aquelas pessoas como vizinhos de um mesmo núcleo espacial, então nesse momento forma-se uma triste e vergonhosa barreira social, causando constrangimento e vergonha para os moradores do Mutirão, estes muitas vezes vão ser chamados de “porcos”, “sujos”, “galerosos”, muitas pessoas vão evitar dizer que são moradoras do Mutirão, no entanto não vão deixar de lutar pela dignidade de seus espaços.

PRODUZIR E REPRODUZIR UM ESPAÇO

Desde o nascimento do bairro até hoje, seus moradores não param de construir e desconstruir esse espaço, a luta pela melhoria e pela dignidade desses moradores é intensa e árdua. Já nos primeiro anos os comunitários elegem o primeiro presidente comunitário que trabalha em uma gestão em busca de melhorias, nesses anos(1990-1991) as conquistas são grandes, são criados agremiações de lazer um clube de jovens e também conseguem o apoio do Hospital

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