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Didática

Por:   •  5/6/2015  •  Dissertação  •  2.146 Palavras (9 Páginas)  •  291 Visualizações

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LEMBRANÇAS do “BOM PROFESSOR”

MARINEIDE DE OLIVEIRA GOMES

OLENIR MARIA MENDES*

*Professoras de Didática do Depto. De Princípios e Organização da Prática Pedagógica – DEPOP, da Universidade Federal de Uberlândia- MG.

Optamos por desenvolver com os alunos, futuros professores, com parte da disciplina Didática, e resgate de lembranças do “bom professor” em duas ou três décadas passadas, incluindo a atual. Trabalhamos com 129 alunos, tendo como característica comum estarem na fase inicial de estudos na área do conhecimento pedagógico. Utilizamos como instrumento a dissertação livre sobre o tema e a sensibilização anterior com o hormônio O bom professor e sua prática e outros relativos aos desafios colocados para os professores na sociedade atual.

De posse desse material coletado procuramos extrair características de “bons professores”, agrupando-os pelo critério de significação, resultando assim seis grandes áreas: características pessoais, relação do professor com o conhecimento, comportamento, avaliação, metodologias e motivação para o aprendizado. Em cada área foram identificados os elementos predominantes e os secundários nas representações dos alunos.

Ao cumprir o propósito de sensibilizar os alunos para o tema – utilizando suas próprias experiências– pretendíamos, mais do que recuperar suas memórias (com boas ou más recordações), fazer emergir representações de “bons professores” que pudessem nos oferecer um arsenal de informações a serem articuladas com a produção valorativa desse conceito que, como sabemos, não se apresenta de forma linear ao longo da História da Educação- a qual tem sido feita mais pelas concepções teóricas do que pelas rotinas e práticas escolares.

Tendo como suporte o conceito de representação, Lefebvre organiza sua teoria em função da aceitação do “representativo” como fato social, psíquico e político. Buscar as representações articuladas, entre o concebido - idéia socialmente construída sobre determinado fenômeno - e o vivido - as efetivas experiências como alunos de “bons professores” – revelou-nos uma maneira privilegiada de sinalizar como tal conceito estaria configurado para os desafios atualmente colocados no desenvolvimento da tarefa docente.

Tratava-se, então, de buscar elementos para a análise da construção social do “bom professor” para a escola dos dias de hoje. Esta é confrontada com as exigências educacionais de uma sociedade do conhecimento em permanente mudança. Aliada a essa preocupação estava a imperiosa necessidade de apontar a “linguagem da possibilidade” (Giroux, 1994) para além da crítica, o que significava fornecer aos professores uma teoria social enquanto base para a reflexão da natureza política da atividade docente.

Considerar que a escola não consegue acompanhar o ritmo das mudanças na sociedade e que sua função é reprodutora das relações sociais dominantes apresentava-se para nós como uma barreira a ser superada.

Buscar, nas memórias dos alunos, experiências positivas de professores pode servir ainda para humanizar, na prática uma função de transmissão cultural, que precisa dar conta da sua dimensão democrática e política na relação com a sociedade. Formar o cidadão/aluno para a participação social, humanizando-o, parece ser, entre outros, o real desafio da escola.

Do amigo ao professor: aproximação e medicação

Esse professor não era apenas um professor, mas também um amigo que nas horas de dificuldades estava ali nos orientando e nos ajudando.

No agrupamento ligado as características pessoas dos professores, a grande maioria dos alunos reiterou aspectos da afetividade, apontando, dessa maneira, uma dimensão da escola como promotora de convivência, de relações afetivas saudáveis, de estreitamento de laços entre aquele que ensina e aquele que aprendem em forma de complementaridade.

As características pessoais do “bom professor” exercem significativa influencia para a escolha do aluno. O exercício da descrição revelou-nos qualidades de um professor extremamente afetivo com seus alunos,

... no colégio, foi onde pude plantar a semente da amizade e logo recolher os frutos. E entre esses frutos está o meu professor de inglês que além de ser um educador, era nosso colega, e posso, até dizer que de certa forma era também nosso pai.

Ao lado dessa característica identificamos também como predominante o perfil de um professor bem-humorado e divertido.

Ao mesmo tempo, identificamos nas dissertações dos alunos, ainda como predominantes, características de um professor sério, responsável e seguro. O aluno reitera sua preferência por um perfil de professor que seja, potencialmente, capaz de aproximar afetivamente dele, sem contudo perder as características que conformam o saber cientifico, o rigor, a responsabilidade e a segurança do seu domínio.

De forma secundária, as características apontadas foram: a habilidade de ser ator, o senso de justiça e a avaliação que não cause grandes traumas no decorrer do processo ensino-aprendizagem. Estas foram eleitas por revelarem o perfil de um professor encontrado principalmente nos cursinhos pré-vestibulares. Bastante significativo, nesse caso, parece ser a qualidade do professor/ator, que se encontra nas saudosas lembranças dos alunos. O relato deles revela um professor espetacular, capaz de provocar boas risadas e com isso possibilitar a assimilação do conhecimento. Afinal, o aluno é levado a memorizar a cena e relacioná-la com o conteúdo.

Numa sociedade da comunicação como a nossa, cumpre assinalar que as “mídias” motivam a aprendizagem, apelando para os diferentes sentidos humanos. Pensar a escola na era da globalização supõe pensar professores qualificados para o exercício da comunicação, nas suas diferentes linguagens. Portanto, ir além da simples representação teatral, como forma de seduzir os alunos, significa a apropriação, numa perspectiva crítica, dessa representação.

Teoria e prática ou teoria na prática: como desenvolver a competência de professor

Contudo, as nossas aulas de Biologia eram trabalhadas sem o livro didático. Pela primeira vez havíamos nos deparado com um educador que transcendia aquelas páginas sagradas. Isso nos proporcionava segurança, somada com os momentos interdisciplinares que eram constantes. Costumávamos falar que as aulas do Zé Maria eram todas as aulas que tínhamos de todas as disciplinas

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