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Fichamento:Negociação e Conflito - A Resistência negra no Brasil escravista

Por:   •  19/4/2018  •  Resenha  •  1.467 Palavras (6 Páginas)  •  335 Visualizações

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Fichamento Brasil 2

Texto 1 – Negociação e Conflito, A Resistência negra no Brasil escravista

“Foram importados milhares de escravos, vitimas de revoltas politicas, conflitos étnicos e guerras relacionadas com a expansão do islã na região [...] A concentração na Bahia de um grande numero de africanos com origens étnicas comuns permitiu a formação de uma cultura escrava mais independente”. (Pág. 100)

“Os africanos recriaram na Bahia uma rede cultural e institucional rica e peculiar [...] relativamente autônomas dentro do reduzido espaço social permitido pelo regime escravocrata”. (Pág.101)

“A identidade étnico-cultural, substrato da diferença, não é entretanto elemento conservador de um regime social [...] minimizando os efeitos uniformizantes da  cultura e ideologia dos que mandam”. (Pág.101)

“Frequentemente a celebração de deuses africanos, a vida lúdica de rua, a dança, a coração de reis do congo e outras praticas dos negros funcionaram como rituais de reafirmação de suas diferenças étnicas, mas também como rituais de rebelião”. (Pág.101)

Nos trechos destacados acima o autor defende a tese de que as manifestações de negros africanos eram em sua maioria das vezes, reações de contracultura, em relação à cultura imposta e de alguma forma contra as opressões dos senhores.

“Entenda-se por paternalismo, não concessão fácil, mas uma forma de controle mais eficaz do que o chicote do feitor [...] Em troca ele reconhece ter deveres a cumprir”. (Pág.102)

“A posição desses escravos nacionais era um tanto trágica porque, de certa forma, encontrava-se entre dois fogos. Eles suspeitavam – e provavelmente estavam corretos – de que a vitória dos africanos numa rebelião não significaria necessariamente vitória para eles”. (Pág. 102)

“Anthony Oberschall, por exemplo, critica a ideia tradicional de que os rebeldes são indivíduos cultural e socialmente marginalizados [...] que havia uma correlação entre nível de aculturação e habilidade para planejar rebeliões mais sofisticadas”. (Pág. 103)

“Tudo indica que a presença de muitos africanos inibia politicamente os crioulos e os persuadia a comprometerem-se com as classes livres ou senhoriais”. (Pág. 103)

  • Podemos perceber de acordo com as passagens retiradas acima, que, por mais que crioulos e o escravos africanos tivessem em comum serem negros e escravos, os dois não conseguiam se armar em conjunto em rebeliões. Os motivos principais, segundo o autor, são de que os crioulos não confiavam nos africanos e não saberiam qual seria o seu futuro com uma tomada de poder deles. E também que os próprios senhores sabendo dessa desconfiança compravam os crioulos para o seu lado.

“Em termos políticos, os escravos baianos não parecem haver constituído uma classe clássica [...] verticalmente, africanos e crioulos/pardos tinham relações sociais, culturais e institucionais bem diferentes com os senhores, apesar de ocuparem uma posição similar na produção”. (Pág.104)

“Se os escravos nascidos no Brasil não participaram da rebelião de 1835, esta não foi organizada e feita apenas por africanos escravos. A participação dos libertos tem sido utilizada como forte ingrediente do argumento contra a ideia de uma rebelião escrava em 1835”. (Pág.105)

“Porém é possível que a repressão tenha sido maior contra eles, já que eram considerados indesejáveis por muitos setores sociais e do governo”. (Pág.105)

“Os libertos não tinham a mesma “posição de classe” dos escravos no sentido de que já não eram propriedade de outros [..] o que de certa forma ainda os mantinha num regime de semi-escravidão”. (Pág.105)

“As cartas de alforria muitas vezes impunham aos libertos mais deveres do que estabeleciam direitos”. (Pág.106)

  • Podemos perceber que na rebelião de 1835 um grande números de libertos aderiu a revolta, diferentemente do que acontecia em outros casos de revoltas comandadas por africanos escravos. Mas isso se dá, principalmente, pelo modelo com que era concedida as cartas de alforria que em sua maioria mantinha os livres com tantos deveres como os escravos.

“Escravos e libertos pertencentes ao mesmo grupo étnico se uniam mais entre si do que o faziam escravos de grupos étnicos diferentes” (Pág.107)

“A simples presença de libertos africanos entre os rebeldes de 1835 levou alguns estudiosos a apressadamente descartar qualquer elemento classista no movimento”. (Pág.107)

“A identidade étnica foi em grande parte uma elaboração local de materiais culturais velhos e novos, materiais trazidos e materiais aqui encontrados, todos eles reinventados sob a experiência da escravidão”. (Pág.107)

“Os grupos de trabalho urbanos, os chamados “cantos”, por exemplo, eram organizados conforme a etnia [...] isto é, eram produtos da escravidão” (Pág.108)

“Se aqui a etnicidade dividia os escravos enquanto classes, a experiência escrava de classe reforçava a solidariedade étnica. Classe e etnia estavam nesse sentido intima e dinamicamente relacionadas”. (Pág.108)

  • Contrariando estudos e opiniões de diversos estudiosos, questões que normalmente eram um entrave para a união como a classe e a etnia caminharam juntas na rebelião de 1835.

“Nesse enfoque, a etnicidade ganha uma forte conotação politica [...] mas indica a existência de projetos de tomada ou participação do poder”. (Pág.108)

“O próprio regime escravocrata baiano cuidava que os africanos não se engajassem coletivamente em sua “arena sociopolítica”, a não ser subordinadamente [...] A etnicidade africana na Bahia foi, então, fundamentalmente construída e constantemente acionada como ideologia popular radical de disputa politica”. (Pág.109)

“No sentido que aqui consideramos, as ideologias populares tem elementos de classe, mas não representam a “consciência” de uma classe social especifica”. (Pág.109)

  • De acordo com os trechos acima, podemos perceber que a identidade étnica não foi construtora primordial de uma revolta.

“Por isso é legitimo afirmar que a rebelião de 1835 e outras daquele período foram rebeliões de nagôs, de haussás, e menos significativamente, de outras etnias africanas, mas foram também fundamentalmente rebeliões escravas”. (Pág.110)

“A rebelião foi luta étnica, mas foi também luta de classe e, outro aspecto que passamos a discutir, luta religiosa”. (Pág.110)

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