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Fordismo

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Por:   •  8/3/2015  •  2.861 Palavras (12 Páginas)  •  286 Visualizações

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No início do seculo XX surgiu uma nova dinâmica capitalista, desenvolveu–se a produção em massa, com enormes fábricas, que produziam de tudo, a custo baixo para uma grande massa de consumidores. Era uma época de emprego, aumento de renda, direitos sociais e consumo para a classe trabalhadora. Mas essa dinâmica só se tornou possível a partir de novas estratégias para controlar os trabalhadores e assegurar a produção e o consumo das mercadorias. Novos mecanismos de controle dos trabalhadores foram criados para a maximização da produção e do lucro impulsionado pelo advento da sociedade de massas. O que começou a se difundir foi a teoria de Frederic Taylor, engenheiro norte-americano, conhecido como o pai da administração científica, que procurou racionalizar o controle do tempo e do espaço dentro da fábrica. Taylor a partir da observação direta percebeu, no final do século XIX, que os trabalhadores eram indolentes e faziam corpo mole, e que poderiam produzir muito mais do que produziam. Com isso ele demonstrou que seria possível dividir as funções e disciplinar o trabalhador. Para se obter um maior controle do operário ele criou uma burocracia de supervisores, gerentes e chefes que passariam a controlar a execução das tarefas. Alguns anos depois o industrial Henry Ford procurou aperfeiçoar as ideias de Friderich Taylor. Ele criou a linha de montagem e os processos de trabalho foram semi-automatizados. A criação da linha de montagem levou a uma maior produção em menos tempo. Todo movimento inútil foi eliminado e toda produção foi racionalizada. O grande objetivo de Ford era a produção em série de carros modelo T para o consumo em massa. Em 1912 um único carro era produzido em 12 horas, em 1913 sua fabricação foi reduzida para 1 hora e 33 minutos. Já em 1920 um carro era produzido em 24 segundos. Ford previu que um dia toda família possuiria um carro e ele estava certo. Seu carro custava apenas 295 dólares e em 1924 ele vendeu dez milhões de automóveis. Ele também instituiu o trabalho de oito horas e pagava 5 dólares por dia de trabalho. Com isso, o operário tinha mais espaço para a família e para o lazer.

Não há dúvida de que com o taylorismo e o fordismo houve um grande avanço no capitalismo industrial, uma vez que permitiu consideravelmente aumentar a produtividade, reduzindo os custos de produção e baixando os preços das mercadorias, com aumento significativo dos lucros dos capitalistas, assim como um maior bem estar dos trabalhadores. “O padrão de produção fordista, embora não tenha se implantado igualmente em todos os países industrializados, tornou-se referência ao longo do século XX, como modelo mais adaptado à produção em massa e a esta nova fase do processo de acumulação capitalista” (RAMALHO, 2010, p. 88).

Contudo, o modelo fordista começou a declinar no começo da década de 70. Naquela época houve a desregulamentação do sistema monetário internacional. A moeda norte-americana que era referência para o comércio das economias do ocidente começou a declinar. Os mercados internos na Europa e no Japão estavam saturados. Houve a diminuição das taxas de lucros decorrente do excesso de produção e esgotamento da acumulação fordista. Para aumentar a recessão veio a crise do petróleo que teve seus preços triplicados no mercado internacional, encarecendo a energia e prejudicando, principalmente, as indústrias de siderurgia, construção naval e de química pesada. Para complicar a crise, os países da América Latina substituíram suas políticas de importação por grandes indústrias multinacionais, com grande demanda de mão de obra barata. A partir disso, a competição internacional se intensificou e a hegemonia dos Estados Unidos começou a cair. Tornou-se evidente que o fordismo juntamente com o estado de bem-estar social (Welfare State) não podiam mais resolver as contradições do capitalismo.David Harvey (1993) mostrou em seu livro “A condição pós-moderna” que a crise da década de 70 podia ser mais bem apreendida por uma palavra: rigidez. O problema da rigidez se deu não só nos investimentos de capital fixo investido em produção em massa, que impediam a flexibilidade de planejamento, assim como na rigidez dos mercados, na alocação e nos contratos de trabalho. Toda tentativa para superar essa rigidez era barrada por greves trabalhistas. Com a crise, os compromissos do Estado se intensificaram cada vez mais com programas assistenciais, mas Welfare State não conseguia dar conta de suas demandas. Naquela época as grandes indústrias se viram com um excedente de produção, assim como fábricas e equipamentos ociosos num mercado cada vez mais competitivo. Era uma época de recessão e agravamento da inflação, ou seja, de estagnação da produção de bens e alta inflação de preços. Foi a partir daí que o sistema capitalista entrou em um novo ciclo de reestruturação do capital. Começou um período de racionalização e intensificação do controle do trabalho. A mudança tecnológica, a automação, a busca de novos produtos e novos mercados, as fusões de empresas, a busca de novos locais onde a mão de obra era barata tornaram-se necessárias para as grandes corporações. Harvey (1993) chamou essa nova reestruturação do capital de “acumulação flexível”. É flexível, pois, “(…) se apoia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional” (HARVEY, 1993, p. 140).

A reestruturação produtiva também introduziu novas técnicas gerenciais e administrativas. Em contraste com a rigidez do fordismo, foi criada no Japão, na empresa Toyota, um novo método que se mundializou: a produção flexível. Esse método associava uso intensivo da tecnologia, terceirização e flexibilidade na produção. Em vez da produção em larga escala criou-se a produção em pequenos lotes e com produtos variados. Os grandes estoques comuns à produção fordista deixaram de existir. Surgiu o trabalho por encomenda produzido na hora certa (Just in time). A empresa produzia somente o necessário de acordo com a demanda do mercado. Uma grande parte da produção era terceirizada vinda de produtores e fornecedores que eram responsáveis por sua fabricação. A terceirização eliminou setores da fábrica como ajudou a diminuir os trabalhadores e foi indispensável para reduzir custos numa época de crise. Outra característica importante foi o uso de alta tecnologia e de funcionários multifuncionais para produzir produtos com qualidade total. Se o trabalhador na linha de produção

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