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Por:   •  17/11/2013  •  1.967 Palavras (8 Páginas)  •  627 Visualizações

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1 O ENSINO E A CRIANÇA SURDA

Desde cedo a criança ouvinte tem a oportunidade de conviver com a língua utilizada por sua família. O interlocutor adulto colabora para que a linguagem da criança flua, oportunizando atitudes discursivas que favoreçam a aprendizagem e a identificação de aspectos importantes da língua na qual ela está sendo imersa, e que irá se apropriar ao longo de seu desenvolvimento. As crianças surdas, em geral, não têm a possibilidade desse aprendizado/apropriação, já que na maioria das vezes não têm acesso a língua utilizada por seus pais. Tais crianças permanecem no ambiente familiar apreendendo coisas do mundo e da linguagem de forma fragmentada e incompleta justamente por sua dificuldade de acesso à língua a qual esta sendo exposta.

Atenta à questão fundamental da necessidade de um desenvolvimento satisfatório de linguagem para a constituição dos sujeitos é que surge a proposta da abordagem bilíngüe para a pessoa surda, que enfatiza a necessidade de que o surdo adquira o mais precocemente possível uma língua de forma plena, que é a Língua de Sinais, considerada a língua natural dos surdos, e, como segunda língua, aquela utilizada por seus pais.

A Língua de Sinais por suas características viso-gestuais é passível de ser adquirida pela pessoa surda sem dificuldades adicionais, sem que sejam necessários programas de treinamento, já que os surdos em contato com outros surdos usuários de Língua de Sinais procedem uma aquisição ampla e eficaz.

Nessa mesma perspectiva está baseada a proposta de educação bilíngüe, que busca contemplar o direito lingüístico da pessoa surda de ter acesso aos conhecimentos sociais e culturais em uma língua na qual tenha domínio. Além disso, aspectos culturais, sociais, metodológicos e curriculares inerentes à condição de surdez precisam ser considerados em uma proposta séria de ensino à comunidade surda.

Tal projeto de escolarização pressupõe que os educadores envolvidos tenham domínio das línguas envolvidas, a Língua de Sinais e a língua usada pelos ouvintes e do modo peculiar de funcionamento de cada uma delas em suas diferentes modalidades. Tal domínio é fundamental para possibilitar que o sujeito surdo tenha acesso aos conhecimentos de mundo e que possa trabalhá-los tanto na Língua de Sinais como em Português, especialmente em sua modalidade escrita, modalidade dominante no meio acadêmico, a qual permite e favorece o acesso a uma quantidade ilimitada de conhecimentos.

2 O INTERPRETE NA ESCOLA INCLUSIVA

Com a política da inclusão educacional a presença do intérprete da língua de sinais nas salas de aula foi se multiplicando e se direcionando a fim de atender às necessidades dos alunos surdos.

Na educação brasileira é comum a defesa pela inclusão, temos desenvolvido leis e decretos apoiando e regulamentando o ensino de qualidade acessível para todos. O decreto nº 5.626/2005 regulamenta a lei nº 10436/2002, ele dispõe sobre o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais e assegura o direito do surdo de comunicar-se em sua língua - de modalidade gestual visual, nos diferentes níveis de escolaridade.

A Declaração de Salamanca (1994) foi um marco para impulsionar a inclusão educacional. Um documento internacional assinado por vários países, inclusive o Brasil, e teve como meta não deixar nenhum aluno fora do ensino regular, desde o início da escolarização, isto é, todos os alunos deverão estar dentro da escola regular, independentemente de sua origem social, étnica ou linguística.

Com isso, o poder público inseriu o intérprete de língua de sinais na sala de aula onde haja surdos matriculados, pretendendo, assim, criar estratégia para manter a ideia de que a educação do surdo deva ser disponibilizada no ensino regular com a garantia ao surdo da aquisição dos conteúdos escolares na sua própria língua (QUADROS, 2006).

A inclusão escolar de alunos surdos vai além de obter uma forma de expressar uma língua acessível como meio de comunicação entre o surdo e todos que participam desse processo, pois apenas o uso da língua de sinais não é o suficiente para o êxito do processo inclusivo, porque muitos alunos surdos ingressam no ensino fundamental sem dominar a língua de sinais, geralmente se comunicam por meio de gestos domésticos, prejudicando na função do intérprete.

Já na década de 90, vários pesquisadores na área da educação e linguística tiveram seus interesses para a educação de surdos em particular para a aquisição da língua de sinais e para o processo de ensino-aprendizagem do português como segunda língua. Todavia, com a política de inclusão, alguns destes pesquisadores voltaram suas pesquisas para a atuação de intérpretes educacionais e a aprendizagem de alunos surdos em salas mistas. Alguns indicam a necessidade de formação deste profissional.

Quadros (2004) define intérprete da língua de sinais, como sendo o profissional que domina a língua de sinais e a língua falada do país, e que é qualificado para desempenhar a função de intérprete, que para a mesma, a função do intérprete está na interpretação da língua falada para a língua sinalizada e vice-versa.

No Brasil, o intérprete deve dominar a língua brasileira de sinais e a língua portuguesa. Ele também pode dominar outras línguas, como o inglês, o espanhol, a língua de sinais americana e fazer a interpretação para a língua brasileira de sinais ou vice-versa (por exemplo, conferências internacionais). Além do domínio das línguas envolvidas no processo de tradução e interpretação, o profissional precisa ter qualificação específica para atuar como tal. Isso significa ter domínio dos processos, dos modelos, das estratégias e técnicas de tradução e interpretação. O profissional intérprete também deve ter formação específica na área de sua atuação (por exemplo, a área da educação) (QUADROS, 2004, p. 27).

Este estudo se propõe a analisar de forma mais pormenorizada a experiência de uma sala de aula regular na qual foi inserida uma criança surda e uma intérprete de Língua de Sinais. Nos anos de 1996 a 1998 pode-se observar o desenvolvimento e evolução dessa criança, agora com 10 anos de idade, freqüentando uma classe regular de pré-escola/1ª série, 2ªsérie do ensino fundamental em uma escola para alunos ouvintes. A criança focalizada é portadora de surdez profunda bilateral,

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