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Naufrágios e Comentários - Álvar Nuñes Cabeza de Vaca

Por:   •  6/11/2019  •  Resenha  •  4.698 Palavras (19 Páginas)  •  300 Visualizações

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VACA, Á. N. C. Naufrágios e Comentários. Tradução de Jurandir Soares dos Santos. -- Porto Alegre: L&PM, 1999. 324 p.

O livro resenhado trás por título “Naufrágios e Comentários”, cujo autor é Álvar Nuñes Cabeza de Vaca, tem 324 páginas e está estruturado da seguinte forma: Apresentação; Introdução; Seguido pela parte onde é subdividido em “Naufrágios” e por último, “Comentários”. Cada parte do livro está dividido em 5 capítulos, somando ao todo 10 capítulos. Além das notas complementares no final de cada parte. Os subtítulos do “Naufrágios” são: Capítulo 1: Da Espanha à Flórida em busca de Apalache; Capítulo 2: O fim da expedição; Capítulo 3: Da Ilha do Mau Fado à fuga para o deserto; Capítulo 4: Reencontro com a civilização; Capítulo 5: O que aconteceu aos demais que entraram nas Índias. Na parte dos “Comentários”, os subtítulos são: Capítulo 1: A pé, de Santa Catarina ao Paraguai; Capítulo 2: Chegada à cidade de Ascención; Capítulo 3: Guerra e Paz com os indígenas; Capítulo 4: Cabeza de Vaca explora o Chaco e o Pantanal e por fim o Capítulo 5: Governador chega a Ascensión e é preso.

O livro trata - se de relatos de viagens de exploração, desventuras e, sobretudo os infortúnios ao qual foi submetido ao longo de 10 anos de estadia em terras americanas, onde conviveu com as mais diversas etnias indígenas, sendo prisioneiro, estando nu, passando fome, frio e medo de ser morto em sacrifício aos deuses locais ou em guerras entre índios rivais ou com cristãos, e depois retornando à Europa com apenas 3 companheiros que restaram com vida, dos 600 que ingressaram juntos na mesma viagem.

De Vaca deixa de ser um personagem histórico e se torna um símbolo em busca de autolibertação. No ano de 1537, Cabeça de Vaca, então com 45 anos retorna à Espanha, depois de 10 anos de peregrinação por pântanos, desertos e montanhas da América do Norte. De Vaca e seus companheiros Andrés Dorantes, Alonzo Del Castilho e o escravo mouro Estevão, sobreviveram a inúmeros naufrágios, vários combates contra indígenas e quase três anos de escravidão - uma jornada verdadeiramente épica. Em 2 de novembro de 1540, Cabeça de Vaca zarpou de Cádiz, outra vez rumo à América, só que agora em terras hoje brasileiras, com estadia de alguns meses apenas, na região do Rio da Prata conhecido como o antigo Rio de Solis.

Álvar Nuñez Cabeza de Vaca nasceu em Sevilha, entre os anos de 1490 a 1507. Seu avô paterno, Pedro de Vera, foi o conquistador das Ilhas Canárias. De Vaca ficou órfão muito cedo e no ano de 1512 alistou-se na armada do Rei Fernando de Castela para lutar na sangrenta Batalha de Ravena, na Itália. No ano de 1527, aos 35 anos De Vaca se tornou tesoureiro da expedição de Pánfilo de Narváez e navegou rumo à América pela primeira vez.

Já em 7 de março de 1545 partiu de Assunção como prisioneiro, chegando à Espanha no final de agosto e foi exilado em Oran, na Argélia (África). Sofreu 36 acusações, grande parte sem fundamento algum, porém foi condenado, após 8 anos de processo teve de pagar 10.000 ducados ao Tesouro Real, preso e enviado a Madrid. Em 19 de Março de 1551, De Vaca foi destituído do seu cargo de Adiantado e enviado para o exílio na África, onde ficou preso em torno de 4 anos provavelmente, morreu em Sevilha entre o ano de 1557 e 1564, e talvez tenha ocupado o cargo de Prior em um convento em Sevilha até a data de sua morte.

Cabeza de Vaca idealizava estabelecer um governo igualitário nos confins da América do Sul, com política indigenista aliada a ética de que seus conterrâneos não se utilizaram, ele almejava ensinar o mundo a conquistar “pela bondade, não pela matança”.

Naufrágios

No primeiro capítulo, o autor vem relatando as dificuldades enfrentadas no mar desde a saída da Espanha em julho de 1527, até a Flórida, para onde havia partido 600 homens distribuídos em cinco navios. Chegaram à Ilha de Santo Domingos e ali permaneceram por 45 dias recebendo provisões necessárias e cavalos. 140 homens decidiram permanecer ali visando vantagens e promessas. O autor relata que devido ao mau tempo e as tempestades no mar, perderam nos navios 60 pessoas mais as provisões que tinham, só sobraram vivos os 30 que desembarcaram a fim de buscar mais mantimentos. Foram socorridos pela chegada do Governador que os encarregou de dois navios e suas tripulações, porém tiveram de passar o inverno ali.

Chegaram à costa da Flórida com 400 homens em seus quatro navios e 80 cavalos, destes só restaram 42 cavalos, pois os demais haviam morrido no mar. Já em terra em contato com os índios, descobriram que por ali havia passado mercadores de Castela, pois tinha várias caixas de mercadorias e um corpo de homem morto para cada uma delas - todos cobertos com couro de veado pintados - todos os corpos foram queimados por ordem do Governador. Ao longo da jornada em busca da Província de Apalache, alguns índios foram apanhados para servir de guia entre árvores e altas montanhas e pelas dificuldades dos caminhos.

No segundo capítulo o autor vem relatando a chegada de 50 peões e 9 cavalos da expedição a um povoado perto de Apalache, expõe a forma violenta com que foram recebidos pelos homens do povoado, dos mantimentos que acharam, das descrições das casas do vilarejo, da variedade de árvores e animais que por ali encontravam, das dificuldades de se andar nestas terras, pois é muito pobre de gente, farta de lagoas e más pastagens. Também relata dos constantes ataques que sofriam por parte dos índios, que não os queriam ali. Em um dado momento o autor descreve as características desses índios: fortes, precisos e rápidos, hábeis arqueiros, muito robustos e ágeis.

A grande maioria dos homens sofreu com os ferimentos impostos pelos índios, mas também muitos morreram devido a doenças e a fome, que sempre era grande. Comeram todos os cavalos menos um, e construíram cinco barcas de 22 côvados cada, com apenas um carpinteiro, para poder sair daquela terra hostil; utilizaram casca de palmito, cordas feitas de palmeiras, crinas e rabos dos cavalos, as velas foram feitas das suas camisas, das sabinas, os remos, do couro das pernas dos cavalos foi feito bolsas para carregar água.

Sofreram com falsa hospitalidade seguida de ataque indígena, onde nenhum dos seus saiu ileso. Além de encarar o frio do inverno, estavam nus depois da partida fracassada de uma das ilhas. Os índios da Ilha se compadeceram e lhes deram de comer e beber e os levaram para o seu povoado. Dos 5 cristãos que estavam em um rancho na costa, comeram uns aos outros devido à grande fome que os assolavam, restando apenas um deles - perturbando e escandalizando os índios. Dos 80 homens que na

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