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O Fragmentos do Jazz

Por:   •  17/6/2018  •  Artigo  •  6.280 Palavras (26 Páginas)  •  139 Visualizações

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Unicamp - Universidade Estadual de Campinas

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

Paulo Henrique Ferreira

Fragmentos do Jazz – História, Questões Sociais e o Bebop

Campinas

2015

Paulo Henrique Ferreira

RA 147602

Fragmentos do Jazz – História, Questões Sociais e o Bebop

HH186 - Laboratório de História I

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - Unicamp

Paulo Henrique Ferreira - RA 147602

Carlos Gustavo Nobrega de Jesus

Campinas

2015

Resumo

O presente trabalho visa a compreensão do genero musical denominado Jazz, que muito mais que apenas música, ganhou a dimensão de um verdadeiro movimento social e cultural dos negros nos Estados Unidos da América no século XX.

O Jazz nasce no início do século, num momento de grande prosperidade nos EUA, seguido da crise de 29 - um momento de instabilidade - e numa sociedade racista que marginalizava os movimentos sociais.

O Jazz, inicialmente, rejeitado pelos brancos e pela classe média como um todo, foi lentamente sendo apropriado pelos brancos, que acabavam por receberem os méritos das inovações e reconhecimento do público - gerando grande ressentimento com os músicos negros.

Não existe uma definição clara do que seja o Jazz. O estilo nasce do encontro do negro com a música europeia; um genero baseado na expressão musical - a mesma expressão que era negada aos negros - como um grito de liberdade e protesto; justamente por isso o caráter de improvisar e inventar é tão importante dentro do Jazz.

A música Jazz pode ser dividida em dois momentos: antes e depois do Bebop. Antes, havia o "Jazz antigo", "blues" e "swing". A vertente Bebop, nascida dos genios inventivos Charlie "Bird" Parker e Dizzy Gillespie, foi fundamental para a popularização do Jazz e para a própria ideia que hoje possuímos do que seja Jazz - e como a história do Jazz se amálgama com a biografia dos músicos citados, é interessante compreender criticamente como a vida destes músicos influenciou e moldou toda uma geração subsequente.

Abstract

This paper aims to comprehend the musical genre called Jazz, which more than music, is a real social and cultural movement of the black people in the United States of America in the twentieth century. Jazz was born in the beginning of the century n a moment of great prosperity in the USA, followed by the 1929 crash - a moment of instability - and in a racist society that marginalized social movements.

Initially rejected by the white people and by the middle class as a whole, Jazz was slowly incorporated by the white people, whi ended up receiving the merits of the musical inovations and the acknowledgement by the audience - which produced great resentment by the black musicians.

There is no precise definition of Jazz. This style appeared from the union of the black people with the European music; a genre based in musical expression - the same expression that was denied to the black - as a cry for freedom and protest; for that very reason, improvising and creating is so important in Jazz.

Jazz can be devided into two moments: before and after Bebop. Before, there was "old jazz", "blues" and "swing". Bebop, born from the inventive genius of Charlie "Bird" Parker and Dizzy Gillespie, was central for the popularization of Jazz and for the very idea that we posses today of what Jazz is. And, since the history of Jazz is mixed with the biography of the musicians, it is interesting to critically comprehend how the life of these musicians influenced and shaped a whole subsequent generation.

Introdução

        O Jazz é um tipo de música que, por sua origem entre os negros pobres de Nova Orleans, permite a análise de fatores não apenas musicais, a ele relacionados, mas também históricos e sociais, que envolvem esse estilo desde seu nascimento. No presente trabalho, após uma pequena contextualização e caracterização do Jazz, procuraremos enfocar o período entre 1939 e 1950, quando surgiu o Bebop. Escolhi tal período por considera-lo um momento de ruptura para o Jazz, uma quebra decisiva que orientou os caminhos e desenvolvimentos dessa música pelos quase setenta anos seguintes, até os dias de hoje. O que se chama de “Jazz” hoje é caracterizado a partir do Bebop, sendo as produções anteriores conhecidas por “Jazz antigo”, “blues”, “swing” e outras denominações que claramente demonstram a divisão do Jazz entre antes e depois do Bebop.

        Entre os aspectos sociais do Jazz, o mais evidente é o da situação do negro durante a primeira metade do século XX. Surgido em uma sociedade altamente racista e segregacionista, elaborado por negros pobres do Sul americano, o Jazz foi, num primeiro momento, rejeitado pelos branco e mesmo pelos negros de classe média que, segundo Richard L. Means e Bertha Doleman[1], tinham a intenção de serem aceitos como iguais pela comunidade branca. Eles veriam no Jazz uma herança da escravidão que repudiavam, consciente ou inconscientemente.

        Com o passar dos anos e o crescente sucesso, entretanto, o Jazz trouxe aos músicos negros e pobres uma oportunidade única, naqueles períodos, de ascensão social. Com as bandas em turnê, os integrantes podiam conhecer o país, até mesmo viajar para o exterior, aparecer em programas de rádio e televisão e passavam a ser reconhecidos como compositores e líderes de bandas. Means & Doleman defendem que havia uma autoconsciência da mobilidade social, que fazia com que muitos negros abandonassem outras profissões ou mesmo o estudo de música erudita pela carreira no Jazz, onde teriam a chance do reconhecimento pelos brancos.

        Isso, no entanto, não significa que não houve discriminação mesmo dentro do Jazz. Entre as décadas de 1920 e 1950, a maior parte das inovações na música eram realizadas por negros. Porém, o reconhecimento se dava aos brancos, que copiavam as inovações e recebiam títulos como os de “Rei do Jazz” ou “Rei do Swing”, criando grande ressentimento entre os negros.

        Para os negros americanos, o Jazz significava não só a mobilidade social, mas também o espaço para a expressão livre, criativa e individual, possibilitada pelos momentos de improvisação na execução da música. Isso, apesar de parecer sem grande significância para qualquer pessoa, era fundamental para os negros que viviam sempre segregados, à parte da sociedade, cuja auto expressão fora sempre negada.

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