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O Teatro do Oprimido Como Educação Social

Por:   •  11/9/2018  •  Artigo  •  7.287 Palavras (30 Páginas)  •  200 Visualizações

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O TEATRO DO ORIMIDO COMO EDUCAÇÃO SOCIAL.

LEMES, Sidinei de Araujo[1]

Faculdades Integradas Maria Imaculada – FIMI

sid.lemes@hotmail.com

Orientador : CAMPOS, Marcelo Rocha[2]

Faculdades Integradas Maria Imaculada

rochacampos2011@bol.com.br

RESUMO

O artigo pretende levantar uma discussão sobre como o Teatro do Oprimido pode ser utilizado como educação social. Para tanto, revisa a história da criação do Teatro do Oprimido e avalia como se dá a sua execução prática. A ideia de educação social e a educação não formal como meio de ensino também é destacada e, por fim, tentamos demonstrar como o Teatro do Oprimido pode ser utilizado como educação social.

Palavras chave: Teatro do Oprimido. Educação social. Educação não-formal. Augusto Boal.

THE THEATRE OH THE OPRESSED AS SOCIAL EDUCATION.

ABSTRACT

This paper intends to raise a discussion about the use of Teatro do Oprimido as a means for social education. For it, we shall revise the history of Teatro do Oprimido since its creation, and then evaluate its practical operations. The ideas of social and informal education as instruction methods are highlited. Finally, we demonstrate Teatro do Oprimido in general and its uses in the making of social education.

Keywords: Teatro do Oprimido. Social education. Non-formal education. Augusto Boal.

  1. INTRODUÇÃO

O presente artigo buscará realizar uma análise de como o Teatro do Oprimido (TO)[3] pode ser utilizado como educação social. O TO tem em seu cerne seguir as diretrizes dos Direitos Humanos, pois acredita que seguindo tais premissas seria possível a construção de um novo mundo, ou melhor dizendo, de transformar o mundo em que vivemos. Para realizar tal análise precisamos compreender que estamos lindando com dois conceitos que se vinculam para a execução da ideia do TO como um meio de educação social, a primeira que o teatro pode ser utilizado como um meio de educação social e o segundo que a proposta idealizada por Augusto Boal está vinculada diretamente com a sociedade em que se propõe tal atividade.

Podemos perceber a importância do Teatro do Oprimido e de seu autor no mundo com dois grandes reconhecimentos: em março de 2009, Augusto Boal foi nomeado o embaixador Mundial do Teatro pelo Unesco[4] e o dia 16 de março foi declarado como o Dia Mundial do Teatro do Oprimido.

A educação social e a educação não-formal são duas formas de trabalhar com a sociedade em contraposição com a educação formal. Sendo que as duas primeiras têm um envolvimento direto com a comunidade na qual ela pretende ser aplicada. A participação ativa da comunidade neste processo educacional está diretamente vinculada aos princípios do TO, onde a participação da comunidade em suas atividades é de vital importância para sua execução. O artigo pretende elucidar como a educação social e a educação não-formal vêm se firmando no Brasil e levantar uma discussão se é possível fazer uso do TO como uma ferramenta por este meio educacional.

Porém, antes de adentrarmos mais especificamente nesta relação entre TO e educação social, convém discutirmos um pouco sobre o TO e seu criador.

  1. AUGUSTO BOAL E O TEATRO DO OPRIMIDO

Augusto Pinto Boal, era filho de um padeiro com uma portuguesa. Padaria na qual Boal, já aos onze anos, trabalhou para ajudar o pai, fazendo entrega e realizando atendimentos. E foi sentado num balcão da padaria e em uma ponte à sua residência que Boal via a vida social passar diante de seus olhos, sempre com preocupação do que se passava à sua volta que já influenciava sua ação futura dentro do universo teatral.

Com nove anos de idade Boal, estreava no teatro, como dramaturgo e ator, representando peças com e para seus familiares. Filho de padeiro, ele ajudava o pai no ofício, desde os onze anos de idade. Morador do bairro da Penha, no Rio de Janeiro costumava jogar futebol com filhos dos operários de um curtume das redondezas, a maioria negra e pobre. Desse seu cotidiano que Boal, ainda criança, buscava material para escrever suas peças. (KHUN, 2011, p.11)

Boal tinha o sonho de seguir carreira no teatro, o pai sonhava em vê-lo doutor, então o autor foi cursar química e realizar o sonho do pai. Mas, ainda assim, Boal não se desligou do teatro, tornou-se amigo de Nelson Rodrigues – grande dramaturgo da época -, que lhe solicitava que lesse suas peças e destacasse sua opinião. Na faculdade iniciava projetos teatrais onde sempre encontrava um amigo disposto a colaborar, fundou o Teatro Artístico do Rio de Janeiro por estar insatisfeito com os grupos da cidade. Após se formar em química Augusto Boal daria início à sua jornada teatral. Enviou uma carta para o professor John Gassner, que acreditava nunca responderia sua carta, não só respondeu como o aceitou como novo aluno na Universidade de Columbia, Nova Iorque. Deste modo, Boal foi para os Estados Unidos, estudar teatro por vontade própria e Engenharia Química por desejo do pai. Além de química, aprendeu, estudou, pesquisou teatro acompanhado por seu professor Gassner (KHUN, 2011, p.20-25)

Boal fica dois anos nos Estados Unidos, quando volta para o Rio de Janeiro, por indicação de Sábato Magaldi é convidado por José Renato a integrar o grupo Teatro de Arena, são meados de 1956. O Teatro de Arena vinha com uma nova proposta de teatro dentro do país, Renato usa a técnica como um meio de tornar a produção mais barata e de maior contato com o espectador. Pois, diferentemente do teatro tipo italiano onde a plateia fica separada do elenco onde elenco fica no palco e plateia à sua frente, no Teatro de Arena[5] a proposta é que os espectadores circundem todo o palco, vendo os atores a todo momento, passa a ser um teatro natural, o espectador sente o cheiro do café que o ator faz e toma em cena.

É dentro do Arena que Boal vai se encontrar com Gianfrancesco Guarnieri com quem viria a fazer grande parceria nos trabalhos do Teatro de Arena, com o amigo escreveram e produziram Arena conta Tiradentes e Arena conta Zumbi, peças de grande sucesso do período que inclusive saiu em turnê pelo exterior quando o Teatro de Arena passou a ser vigiado pela censura militar. Também é dentro do Arena que Boal iniciou os primeiros passos para a formação do Teatro do Oprimido. No Arena que o autor juntamente com Guarnieri e os integrantes do grupo, produziram o que chamaram de Teatro Jornal, tipo de interpretação, onde pegam notícias do jornal impresso e realizam uma dramatização, criticando a situação ou como a própria matéria foi escrita, sempre com o intuito de provocar uma crítica na plateia que os assistia.

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