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O colapso da União Soviética na cobertura jornalística de Veja (1989-1992)

Por:   •  6/8/2019  •  Artigo  •  5.481 Palavras (22 Páginas)  •  488 Visualizações

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O colapso da União Soviética na cobertura jornalística de Veja

(1989-1992)

Sabrina Rodrigues Marques[1]

Em toda sua cobertura jornalística, durante a transição dos anos oitenta para os anos noventa, para a Veja, a URSS representava o país que levaria adiante a transição da economia planificada para a economia de mercado. No entanto, com a implantação da perestroika e a glasnost iniciou-se diferentes reformas econômicas e sociais nos países representando o caos social e econômico dentro das repúblicas socialistas. Os conflitos étnicos e políticos generalizaram-se por todo o campo socialista. A URSS junto com Alemanha Oriental foram os países que mais resistiriam até o final a restauração do capitalismo. Somente, a partir de 1991, que as repúblicas socialistas soviéticas iniciaram a sua restauração capitalista, o desmembramento e a independência de seus países. Para entendermos como Veja construiu sua cobertura jornalística sobre o colapso da URSS durante a transição da economia planificada para a economia de mercado, procuramos compreender como a revista construiu o perfil e a atuação política de Gorbachev. Além disso, a pesquisa tem como objetivo analisar o posicionamento da Veja perante a restauração do capitalismo na URSS e como representou e caracterizou esse evento político e histórico que ocorreu, em 1989, no país. Na pesquisa buscamos evidenciar os sentidos e significados que Veja defendia em seus discursos e em suas matérias. Sendo assim, a metodologia da pesquisa será a leitura e análise crítica de textos e discursos de Veja, sobretudo, matérias, reportagens e imagens.

Palavras-chaves: Veja- Imprensa- URSS

Introdução

A comemoração do centenário da Revolução Russa está reunindo diversos pesquisadores de diferentes áreas, perspectivas teóricas e metodológicas, sobretudo, o antes e o depois da Revolução Russa, a formação da União Soviética e o colapso do bloco soviético. Este artigo tem como intuito analisar a cobertura jornalística que Veja fez durante os quatros primeiros anos de crise e o colapso da União Soviética.

Em toda sua cobertura jornalística Veja “utilizava-se como análise jornalística e política uma visão totalitária ou totalitarismo”[2]. A maioria das matérias publicadas e analisadas por Veja era originária de agências internacionais de informação. Na maior parte do tempo, em sua cobertura jornalística, Veja buscou ressaltar a atuação política do líder soviético Mikhail Gorbachev dentro da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e suas influências no “campo socialista”[3].

As diferentes matérias e reportagens que Veja publicou sobre Gorbachev referiam-se aos desafios enfrentados pelo líder soviético e o processo de restauração do capitalismo dentro da URSS. Veja buscou explicar as relações de Moscou com as capitais dos países da Europa Oriental, as quais tinha especial relevância no período em que se esboroa a União Soviética e os movimentos paralelos que aconteceram em sua área de influência.

Os temas em destaques na Veja foram a restauração do capitalismo na URSS, o papel de Gorbachev e a transição dos países da Europa Oriental para economia de mercado, esses temas foram os que mais tiveram publicações, entre os anos 1989 a 1992, nos editoriais da revista.

No entanto, na Europa Oriental a restauração do capitalismo não foi homogênea, houve uma heterogeneidade nos processos históricos e políticos para a transição da economia planificada para economia de mercado. Segundo Arantes,

Na Hungria, uma série de reformas supostamente destinadas a conciliar a economia de mercado com a economia planificada levou às estruturas liberais de 1989; a RDA foi incorporada por outro Estado, a RFA; na Tchecoslováquia, uma série de manifestações de massa levou à transformação do regime; na Romênia, o chefe de Estado foi executado; na Polônia, um poderoso movimento de contestação foi detido por um golpe de Estado, voltou a ascender e levou ao desaparecimento do regime; na URSS, uma união multinacional foi dissolvida; e na Iugoslávia, uma federação foi fracionada por conflitos étnicos e pela intervenção estrangeira. [4]

Na Veja, Mikhail Gorbachev, na União Soviética - seria o representante que levaria adiante a transição de uma economia para a outra. O resultado desse processo político-econômico foi o desmembramento e a independência de diferentes repúblicas socialistas. As quase quatro décadas de tentativas de reformas que vão desde ascensão de Kruschev ao poder até a implosão do sistema soviético sob Gorbachev foram cheias de inconsistências e contradições, não apenas em relação à economia, mas também em termos políticos.

O fim do stalinismo e a crise do capital em 1970 trouxeram à tona as tensões étnicas-políticas e sociais que a União Soviética vivenciava. A burocracia, a ênfase na indústria pesada, a manutenção do “trabalho recalcitrante”[5], a sustentação das relações capitalistas e a repressão por parte dos governos resultaram desde o fim do stalinismo até ascensão de grandes revoltas populares, conforme se viu em Berlim e Budapeste.

Em meados dos anos oitenta, os expurgos dos dirigentes nos PCUS (Partido Comunista da União Soviética), por meio da perseguição política por parte de Moscou, desarticularam e desmoralizaram os próprios aliados do estalinismo. A morte de Stalin e a luta interna dentro do partido seguiu e permitiu que a burguesia nacional reformulasse sua estratégia política.

O desgaste político e o esgotamento do modelo soviético fizeram com que a oposição a Gorbachev aceitasse as reformas implantadas pela perestroika e a glasnost. Com isso, cabe indagar qual foi influência das reformas de Gorbachev sobre a crise e o colapso da URSS.

Portanto, o artigo estará divido em duas partes, a primeira parte “Adeus Comunismo[6]” analisa a cobertura jornalística de Veja sobre o suposto fim do comunismo. Já na segunda parte do artigo evidenciaremos como Veja construiu o perfil político de Mikhail Gorbachev e suas influências políticas como o “General do Inverno” entre os anos de 1989 a 1992.

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