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PERCEPÇÃO COMO LUGAR DE CONFUSÃO NA EXPERIÊNCIA SUBJETIVA: LEITURA BERGSONIANA DO MEDIUM ENTRE LEMBRANÇA E MEMÓRIA.

Por:   •  15/12/2015  •  Projeto de pesquisa  •  5.079 Palavras (21 Páginas)  •  252 Visualizações

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PERCEPÇÃO COMO LUGAR DE CONFUSÃO NA EXPERIÊNCIA SUBJETIVA: LEITURA BERGSONIANA DO MEDIUM ENTRE LEMBRANÇA E MEMÓRIA.

Rodrigo Tavares Godoi [1]

Pettersson Almeida Moura[2]

RESUMO

O ato de perceber é uma atitude racional, consequentemente uma ação consciente. A percepção serve como uma ferramenta de regulação de informações úteis no espaço.  Ela está voltada para presença, matéria e o atual, porém ela não se faz sem coincidir com a memória. A memória, por sua vez, é voltada para ação futura e não exclusivamente para o passado como muitos pensam. É através da memória que há o reconhecimento, o “Eu” se projeta no mundo tendo uma sensação de pertencer a este. A lembrança é uma representação do passado sem alteração, sendo ora voluntária ora involuntária. Lembrança e percepção chegam a ser confundidas, sendo que não se sabe onde uma começa e outra termina. Apesar de aparentar uma relação de oposição elas se coincidem. Destarte essa proposta visa esboçar, através de um estudo interpretativo, uma discussão acerca das obras de Bergson Matière et Mémoire e Essais sur les Données Immédiates de la Conscience, nas quais a percepção, lembrança e memória são temas de grande importância. O objetivo é compreender a relação que se dá entre a percepção, memória e lembrança e o porquê delas se coincidirem.

Palavras-chave: Percepção; Lembrança; Memória.

ABSTRACT

The act of perceiving is a rational attitude, therefore a conscious action. The perception serves as a tool for regulating useful information in space. It’s facing of presence, substance and the present, but it doesn't make yourself without coincide with memory. The memory, in turn, is geared for future action and not exclusively to the past as many people think. It through memory that exist recognition, the "I" juts in the world with a sense of belonging to it. The remembrance is a representation of past without change, sometimes voluntary, sometimes involuntary. Remembrance and perception are sometimes even confused, which does not know where one begins and another ends. Although a relation of opposition they are coincide. Hence this proposal is to sketch, through a interpretative study, discussion about the work of Bergson Matière et Mémoire and Essais sur les Données Immédiates de la Conscience, in which perception, remembrance and memory are central themes of the book. The goal is understand the relationship between perception, memory and remembrance, and why they coincide.

Keywords: Perception, Remembrance, Memory: Images.

Na verdade não há percepção que não esteja impregnada de lembrança. Aos dados imediatos e presente de nossos sentidos misturamos milhares de detalhes de nossa experiência passada.

Bergson

  1. INTRODUÇÃO.

A leitura de um texto filosófico é um exercício difícil o que também se aplica a Henri Louis Bergson mesmo ele afirmando que a prática filosófica deve ser manifesta pelo espírito da simplicidade. Então, para ler Bergson é preciso lidar com uma categoria peculiar, o de dualismo. Essa categoria não pode ser vista na obra de Bergson como uma ambivalência. O dualismo é uma categoria presente em todos os conceitos na obra de Bergson: memória, lembrança, percepção, vida, tempo, espaço, justaposição e dentre outros. O dualismo deve ser apreendido como flexível a ponto do conceito confusão ser evidente e tratado positivamente por esse filósofo. Assim, engana-se aquele que acha que a linguagem simples impressa em suas obras é de fácil compreensão. Bergson é extremamente preciso, e sua forma de raciocínio igualmente rigorosa. Devido à polissemia no termo historia é possível afirmar que, quando se trata de escrita da historia, o problema de memória é evidente e latente. Escrever ou produzir obra histórica é lidar com experiências subjetivas, uma dinâmica entre que Bergson chamou de tempo e espaço. Dois conceitos complexos que se aproximam indefinidamente por racionalidade ou na própria percepção. A memória visa nos orientar no espaço[3], ela é busca de reconhecimento do eu no mundo, serve como formação de consciência e identidade. Memória é um instrumento de consolidação da identidade, esta não se faz desvinculada do espaço social.

O presente estudo parte de uma pesquisa interpretativa, Bergson é um autor hermético, logo o estudo de suas obras aqui elaborado, foi feito sob um ponto de vista hermenêutico, tendo em vista colocar em evidência algumas questões essenciais a atividade historiadora: Devido ao fato da densidade da obra de Bergson, o objetivo fundamental é discutir alguns elementos contidos em seu pensamento que partem da percepção como problema. A rigor da perspectiva empírica esse texto tem pouco a contribuir, a busca é evidenciar uma pragmática que reproduza em planos da história o debate que a ciência havia recusado em nome das chamadas ciências momotéticas.  

Henri-Louis Bergson nasceu em Paris em 18 de outubro de 1859, inicia seus estudos no Liceu Fontanes, onde se destaca em grego, latim. Bergson aluno superdotado posteriormente possuidor do titulo Agregée, um titulo que lhe garantia um alto nível científico, tanto nas competências disciplinares quanto pedagógica e didáticas. Em 1889 defende sua tese de doutorado sob o titulo: Ensaio sobre os dados imediatos da consciência; Em 1896 sua obra Matéria e Memória adquiriram grande sucesso, atingindo notoriedade nacional. Em 1900 é eleito para a cadeira de historia da filosofia antiga no Collège de France. É essencialmente o Bergson de Dados Imediatos, Matéria e Memória que fiscaliza e valoriza esse estudo. Bergson tinha como principio rebater as teses de Aristóteles e Kant que interessa. Assim a experiência subjetiva é uma tensão entre memória e lembrança e percepção. Estes efeitos conceituais configuram o esforço para demonstração.

  1. PERCEPÇÃO.

A questão relevante aqui é buscar compreender o conceito de percepção em Bergson já que é através dela que se estabelece a relação de conflito, tensão, distensão e contração. Perceber é, para Bergson, uma atitude consciente, ela não é mecânica e nem natural. Perceber é exercitar dos dados imediatos da consciência. Mesmo assim, é fundamental compreender como esse dado da consciência mantém em si o élan vital, instinto e inteligência. “Na verdade não há percepção que não esteja impregnada de lembrança” (BERGSON, 1999, p.30). “Toda percepção ocupa certa espessura de duração, prolonga o passado no presente, e participa por isso da memória.” (BERGSON, 1999, p.285). A percepção se utiliza do espaço na mesma medida que ação faz uso do tempo, aos dados imediatos e atuais de nossos sentidos embaralhamos milhares de detalhes de nossa experiência passada, visto que na maioria das vezes a lembrança desloca nossas percepções. O ato de perceber é um rememorar, a percepção parte de uma imagem passada para estabelecê-lo um reconhecimento com uma imagem presente, esta ação de resgate a uma imagem passada se dá na memória, ao contrario do que se supõe que partimos de uma imagem presente a uma imagem passada para se estabelecer um reconhecimento.

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