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Processo De Interação Egito núbia

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Por:   •  25/9/2014  •  2.777 Palavras (12 Páginas)  •  789 Visualizações

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I- Processo de interação Egito- Núbia

A Núbia é a região situada no vale do rio Nilo que atualmente é partilhada pelo Egito e pelo Sudão. Na antiguidade ali desenvolveu-se um dos principais impérios da África negra. Habitada por povos nilóticos negros, por volta de 3.100 a.C, a I dinastia Egípcia se apoderou de uma parte da Núbia, a partir de então a história da Núbia permaneceu estreitamente ligada à do Egito. A Núbia é uma zona de contatos muito privilegiada, não só entre norte e sul, mas como também entre leste e oeste, e por este motivo a Núbia constitui-se em uma verdadeira encruzilhada de caminhos africanos, um ponto de encontro das civilizações do leste e do oeste, do norte e do sul da África.

As populações que constituem hoje o que conhecemos por Egito e a Núbia têm uma ascendência saariana comum. Dividindo-se em determinada altura da sua história, sendo que os Egípcios se desenvolveram de uma forma maior e acabaram por se tornar uma grande civilização, enquanto que os Núbios se mantiveram inicialmente com o modo de vida pastoril. As relações entre Núbios e Egípcios nem sempre foram pacíficas devido à desmesurada ambição egípcia pelos produtos naturais da terra dos Núbios, e dos quais necessitavam em grande abundância, como o ouro, o marfim, o ébano, as peles de animais, o incenso e a mirra, que iam buscar também ao Punt, e outros produtos exóticos, que faziam as delícias dos reis Egípcios e ajudavam-nos a impor o Egito como grande potência perante outros povos estrangeiros. Crendo na vida após a morte, os Egípcios precisavam de incenso para os rituais nos templos funerários e outros espaços sagrados, e da mirra para mumificarem os seus mortos. Para empreenderem as expedições em buscas destes artigos, e também de mão de- obra, foram-se apoderando da Núbia nomeadamente nas fases correspondentes às grandes épocas da história do Egito, à exceção dos períodos intermédios.

A escrita surge no Egito por volta de 3.200 a.C, enquanto a Núbia, ao sul da Primeira Catarata, ainda permanece ligada aos seus sistemas sociais e à sua cultura oral. No sul, as populações negras da Núbia, com sua cultura oral, caracterizavam-se por uma organização social e política fragmentada em pequenas unidades que não sentiam necessidade de adotar a escrita como o Egito. A Núbia mantinha um constante comércio com o Egito, faziam trocas de vasos, pérolas, amuletos, ébano, marfim, incenso, obsidiana, etc. Esse comércio contribuiu para a difusão de ideias e técnicas de uma região para outra.

A partir de 2.000 a.C nasce um importante centro urbano da Núbia – o Reino de Kush -, cuja capital é Kerma. Este reino da região da Núbia teve um enorme crescimento durante o conturbado período de 1780 a.C – 1580 a.C da vigente dinastia egípcia, e foi desse enfraquecimento da realeza egípcia que serviu para fortificar o comércio entre o baixo e o alto vale do Nilo. Para muitas civilizações africanas, como por exemplo, o Reino de Napata, o Império Méroe, Ballana e Qustul, a Núbia foi o elo essencial entre a África central e as civilizações mediterrâneas.

Com o passar do tempo os Núbios começaram a assimilar a cultura egípcia a sua cultura, passando a seguir a religião praticada pelos Egípcios, passando a escrever em Hieróglifos, construindo algumas pirâmides, que embora fossem muito inferiores em tamanho e grandeza a dos Egípcios, não deixavam de ser pirâmides, os Núbios também passaram a ter Faraós, porém os Faraós Núbios eram totalmente diferentes dos Faraós Egípcios.

Gamal Mokthar, o editor de História Geral da África diz : “Os egípcios sempre retrataram os habitantes da Núbia com uma pele muito mais escura do que a sua. Os gregos, e posteriormente os romanos, chamavam-nos, de “etíopes”, isto é, “os que possuem a pele queimada”, enquanto os primeiros viajantes árabes se referiam à Núbia como Bilad-al-Suden, o “país dos negros”. Já nos textos medievais, o título “Prefeito dos Núbio” escreve-se Praefctus Negritorun e os núbios são chamados de nigritas. “

Em outra parte do texto ele diz:” No final do Antigo Império as relações comerciais entre o Egito e o Sudão interromperam‑ se. O príncipe de Edfu, entretanto, relata na parede de seu tumulo em Mealla que tinham sido enviados cereais a Wawat com o propósito de evitar a fome. Fato que vem provar a continuidade das relações entre o Egito e a Nubia naquela época. Além disso, os soldados Núbios desempenharam um

importante papel nas batalhas do Médio Egito durante o Primeiro Período Interme- diário. Miniaturas em madeira pintada representando um grupo de vigorosos arqueiros Núbios mostram a importância que os Egípcios atribuíam ao soldado Sudanes.

Nessa época, porém, o desenvolvimento do Grupo C na Baixa Nubia talvez tenha sido responsável, ao lado dos conflitos ocorridos durante o Primeiro Período Intermediário, pelo declínio das relações entre Egípcios e Sudaneses.

Pouco se sabe, no momento, sobre os povos do Grupo C. Durante muito tempo pensou‑ se que se haviam infiltrado lentamente no vale do Nilo; atualmente, porém, são consi-derados simples sucessores dos povos do Grupo A. Seja qual for a razão, o fato é que as relações entre esses povos e os Egípcios sempre foram difíceis. Diversas peças de cerâmica, descobertas perto de Djebel Kekan, junto de Khor Baraka em Agordat (Eritreia), hoje no museu de Cartum, assemelham-se a cerâmicas do Grupo C encontradas na Baixa Nubia.

Isso nos leva a perguntar se os povos desse grupo não teriam sido forçados, por

Alguma razão (seca, presença de forças Egípcias na Nubia), a abandonar a Baixa

Nubia, provavelmente durante a XII dinastia. Esses povos teriam então deixado suas habitações no vale do Uadi el‑ Alaki, rumando para as montanhas do mar Vermelho, onde vivem hoje as tribos Beja. Da mesma maneira, alguns povos de língua Núbia vivem hoje nos montes Núbia, no sul do Kordofan.”

(Citação retirada da página 106 parágrafo 3)

O trecho acima retirado do Livro História Geral da África nos deixa claro que as relações Egito- Núbia continuaram por muito mais tempo do que se imaginava,

O Egito em dado momento da História parou de ter relações comerciais com o Sudão, porém com a Núbia o Egito continuou negociando e negociando muito.

As relações Egito- Núbia eram tantas que na guerra do Médio Egito, os soldados Núbios foram de suma importância para o Egito poder decidir a batalha.

“Um breve exame do mapa físico da

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