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Público Comunicação Social SA, 1975

Por:   •  1/7/2016  •  Resenha  •  1.269 Palavras (6 Páginas)  •  395 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – INSTITUTO DE HISTORIA

ALUNO: AGENOR FIGUEIREDO NETO  

RIO DE JANEIRO, 08 DE MAIO DE 2014

RESENHA DE LIVRO

GARCIA MÁRQUEZ, Gabriel. O Outono do Patriarca. 2ª ed. Tradução: José Teixeira de Aguilar. Rio de Janeiro: Público Comunicação Social SA, 1975  

Quem escreveu

Gabriel García Márquez(1) nasceu no ano de 1927 em Aracataca, cidade litorânea da Colômbia. Trocou os estudos de direito e ciências políticas na Universidade Nacional da Colômbia pela carreira de jornalista, atuando em 1954 como correspondente internacional na Europa e nos EUA. A partir de 1961 decidiu deixar os EUA e viver no México. Passou ainda períodos na Espanha e na Venezuela, voltando a Cidade do México no início da década de 80 e ali permanecendo até a sua morte ocorrida em 17 de abril de 2014 aos 87 anos de idade.

Militante apaixonado das esquerdas latino-americanas, defensor do regime de Fidel Castro, crítico do governo norte-americano, o que lhe rendeu animosidade e perseguição por parte da CIA, é considerado um dos mais importantes escritores do século 20 e um dos mais renomados autores latinos da história, sendo também o maior expoente do gênero realismo mágico, misturando realidade com elementos surreais. Pelo conjunto de sua obra, em 1982 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, ocasião em que agradeceu com um discurso intitulado “A solidão na América Latina”(1). Foi o primeiro colombiano e quarto latino-americano a receber tal prêmio.

Quando escreveu

Publicado em 1975, no livro nem fora dele não se encontram indícios nem do local nem do ano em que foi escrito. Mas, pelo conteúdo, sabe-se que foi escrito em plena época dos regimes ditatoriais da América Latina que culminaram com as ditaduras militares do século 20.

Para que escreveu

Para retratar, por meio de fábula, o fenômeno histórico ocorrido nas Américas Latina e Central nos séculos XIX e XX, chamado “governos ditatoriais”(2) com longo tempo de duração, mostrando, no cotidiano de um ditador, todo o volume de informações e conhecimento que tinha sobre os vários países e esses governos, tais como os do Chile de Augusto Pinochet, da Nicarágua de Anastasio Somoza Garcia, do México de Porfírio Diaz, do Equador de Eloy Alfaro, da República Dominicana de Rafael LeónidasTrujillo, do Haiti de Francois Duvalier, do Paraguai de Alfredo Stroessner, etc. O livro é uma alegoria perfeita do autoritarismo, truculência e corrupção dessas ditaduras, apresentando o arquétipo de um ditador cujo poder gira em sua órbita, exatamente como aconteceu até mui recentemente nessa parte do Mundo.

 

O que escreveu

Uma estória que se desenrola num país imaginário situado na região do Caribe, governado, num tempo não definido, por um ditador solitário, já no seu outono, ou seja, velho, sem nome, denominado de “patriarca”(3).

Um romance que começa narrando a circulação das pessoas palácio adentro descobrindo o corpo inerte do misterioso patriarca (que no decorrer da narrativa vamos descobrir que esse general presidente morreu entre os 107 e 232 anos, teve mais de 500 filhos, todos nascidos aos sete meses das centenas de concubinas), e encontrando tudo deteriorado, invadido por urubus e vacas e os vestígios de toda uma estória que aos poucos vai se descortinando.

Participam do enredo: o ditador, que é chamado de general; Bendición Alvarado, sua mãe, a quem o general presidente tem uma consideração tão grande ao ponto de após a sua morte querer canonizá-la; Patrício Aragonés, o sósia que foi o impostor oficial; general Rodrigo de Aguilar, compadre de toda vida e seu braço-direito; Letícia Nazareno, sua esposa legítima; Manuela Sánchez, rainha de beleza dos pobres, por quem o ditador se apaixonou; general Saturno Santos, o índio descalço, seu fiel guarda-costas; o padre Demétrio Aldous, descobridor de histórias e verdades sobre a morte de Bendición Alvarado e a respeito da vida política do general; José Ignácio Saenz de la Barra, o Nacho, homem violento e responsável na captura dos assassinos de Letícia Nazareno e seu filho; o narrador e outras personagens como os vários generais e embaixadores, as serventes e concubinas do palácio presidencial, os camponeses, as cartomantes e pitonisas, as prostitutas do porto e as colegiais.

Alimentando seu ego e sua paixão cega pelo poder, vive iludido com a ideia de que o povo gosta dele. O palácio é rodeado de todo tipo de gente pobre e doente a espera da sua caridade. Os funcionários públicos são manipulados e dispensados quando não são mais úteis sem o menor constrangimento, o que o torna temido por todos. Ditador cruel, nunca é deposto, saindo do governo apenas quando morre, de morte natural. Era analfabeto quando foi instalado na cadeira presidencial pelos militares apoiados por uma potência estrangeira. Cauteloso quanto a sua própria segurança e muito astuto, quando supunha alguma traição, os suspeitos iam para a prisão e fuzilamento. Para manter as forças armadas sob controle dava para elas munições misturadas com areia de praia, enquanto guardava as verdadeiras. No lugar onde mora e governa encontram-se galinhas, passarinhos engaiolados e vacas andando por todos os lados, expelindo seus excrementos sobre papéis e demais documentos. Procura passar para todos a impressão de deter poderes excepcionais e prevê seus atos futuros utilizando-se de pitonisas e cartas de adivinhação. Por outro lado, pessoalmente, vive em profunda solidão e depressão convivendo com uma hérnia em seus testículos que lhe causam atrozes dores para urinar. Vive atormentado por um pânico, que faz com que, antes de dormir feche todas as janelas, portas, cadeados e fechaduras. Um episódio que revela a fraqueza de um homem todo poderoso é o fato de certo dia, com dúvida de como a nação se comportaria caso ele morresse, resolve usar seu sósia para simular a sua morte. Para sua surpresa, além da ousadia do sósia que na hora da morte fala-lhe verdades que ninguém tinha coragem de dizer, vê a maior parte da população invadindo e saqueando o palácio presidencial e “seu” corpo sendo arrastado pelo chão pelas multidões comemorando. Em vista disso, resolve vingar mandando os poucos generais que ainda lhe eram leais, matar e torturar milhares de pessoas que desonraram a sua memória.

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