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Resenha Capitulo Guarinello

Por:   •  11/4/2022  •  Resenha  •  1.911 Palavras (8 Páginas)  •  93 Visualizações

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Instituição de ensino: Universidade do Estado da Bahia Disciplina: Aspectos da Antiguidade Clássica

Docente: Cecília Soares

Discentes: Thaislene Lima e Joás Santana Semestre: 1º (2022.1)

Resenha crítica acerca do capítulo 1 (“A história da História Antiga”) do livro “História Antiga”, de Norberto Luiz Guarinello

GUARINELLO, Norberto L. História Antiga. 1ª Edição. São Paulo: Contexto, 2013.

Resenha por Thaislene Lima e Joás Santana.

“História Antiga”, publicado pelo historiador e, atualmente, Professor Doutor da Universidade de São Paulo, Norberto Luiz Guarinello (que possui experiência nas áreas de História Antiga, Arqueologia Histórica e Teoria da História), se constitui, através da abordagem pesquisadora, científica e educacional, como uma obra com foco na elaboração (ao longo do tempo) da determinação e divisão de um período histórico - a chamada História Antiga - e na abordagem das visões mais defasadas até as mais contemporâneas acerca de como as próprias histórias das civilizações do período retratado eram vistas, com suas respectivas influências no entendimento das construções identitárias das sociedades ocidentais.

O primeiro capítulo do livro, “A história da História Antiga”, realiza um enfoque sobre o desenvolvimento dessa área específica da História a partir de uma transgressão histórica aos grupos que começaram o processo de preservação dos vestígios antigos até às personalidades que, por meio da publicação de textos, se propuseram a especular classificações e determinar características que, segundo a visão desses autores, viriam a definir o período da História Antiga. Outrossim, a perspectiva da construção do conjunto cultural chamado de História Antiga é destacada desde o princípio de seu entendimento por pensadores e agentes ativos ao longo da História que se debruçaram sobre o período antigo até as visões didáticas propostas para o entendimento da História Antiga em meio ao estudo de fatos, civilizações passadas e fatores de influência ao longo do processo histórico. Diante de uma reflexão acerca de tal processo, os(as) leitores(as) são instigados(as) a pensarem com uma consciência de herdeiros(as) das primeiras “civilizações antigas”. Essa parte da História também

possui destaque nos processos de construção de memória e da sensação de aproximação e pertencimento.

Uma vez que o olhar dos povos que detém a atenção central da História Antiga seja a mais comumente trabalhada nos imaginários coletivos e pessoais, seja na forma acadêmica, seja no dia a dia, faz-se necessário entender que a História Antiga se constitui de um saber acumulado sobre as comunidades que tiveram um papel de destaque e daquelas que, por muito tempo, foram deixadas de lado pela maioria dos cientistas, historiadores e pela própria sociedade como um todo.

Apesar de também ser entendida como o início da História das civilizações, especialmente da parte Ocidental como um todo, atualmente - tendo em vista as novas pesquisas e linhas de pensamento dos historiadores -, ela está sendo cada vez mais compreendida como uma História regional quando compara a uma História mundial. Assim, novas formas de construção histórica têm cada vez mais espaço para que novas perspectivas históricas rompam com as antigas sequências históricas de uma suposta História Universal.

Dessa forma, esse primeiro capítulo se centraliza em uma construção acerca do desenvolvimento do agrupamento de um conjunto de fatos e sucessões históricas protagonizadas por determinados grupos, com destaque para gregos, romanos e civilizações do “Antigo Oriente”, que eram contemporâneos entre si e que se constituíram como civilizações de uma parte de um período da História que continua influenciando as sociedades atuais.

A partir de textos, vestígios de objetos e outros materiais concretos, pode-se observar que, muito mais do que a mera história de sociedades do passado, a História Antiga também se constitui como um movimento cultural que produziu e ainda produz memórias para as civilizações que se sucederam e que se tornou um elemento fundamental para a construção de uma identidade coletiva, legitimada pela memória baseada nos grupos pertencentes às produções e acontecimentos da Antiguidade.

Entretanto, apesar da riqueza que toda essa produção cultural representa nos dias modernos, foi-se notado que, após a queda do Império Romano do Ocidente, as lembranças de um passado pré-cristão, que ainda não se constituía como memória foi, gradativamente, sendo dissolvido, à medida em que os povos tidos como “bárbaros” começavam a se tornar dominantes nos cenários seguintes. Ainda assim, apesar de sobreviver por meio de ruínas nas paisagens, o “trabalho morto” que era tido como memória da antiga civilização romana não fora totalmente anulado, uma vez que esse resistiu ao tempo através de manuscritos medievais e outros tipos de documentos que o representava como um “passado imutável”. Assim, tais documentos foram levados para lugares diferentes e foram preservados em antiquários e circularam, sobretudo, no Mediterrâneo.

A partir do século XII, a partir da Itália, a ideia de que os documentos manuscritos eram a herança escrita que continha documentações acerca dos povos antigos gerou uma procura e difusão considerável dessas fontes por eruditos e cortes

europeias e, a partir disso, os livros originais com essas informações foram criados.

Com as ruínas antigas passando de serem consideradas apenas vestígios para testemunhos daquele mundo anterior, as primeiras coleções de objetos antigos foram formadas e deu-se início ao movimento do Renascimento, em que as formas e conhecimentos das comunidades antigas passaram a serem fontes de inspiração para a construção de uma “nova” Europa, reconstruída e com uma nova identidade voltada para o presente e o futuro. Entretanto, a construção da concepção hodierna de História Antiga não se deu de maneira súbita em decorrência de uma consideração respeitável pelos textos gregos e latinos, o que impedia a análise crítica desses.

A História científica como hoje é conhecida havia começado a se firmar, entre os séculos XVII e XVIII, como um conflito em todos os âmbitos do conhecimento entre as civilizações modernas e as antigas. Foi justamente esse período que se firmou o chamado Iluminismo.

Com isso, o nascimento da História Científica se deu de maneira contemporânea ao nascimento da História Antiga, uma vez que houve a fusão e o confronto de ideias sócio-políticas da época vigente com a sistematização dos repertórios antigos das fontes recolhidas pelos antiquários, configurando-se, então, na confluência de pensamentos novos que constituíram o que começava a se formar como História Antiga conforme disciplina científica, fazendo com que historiadores contemporâneos conseguissem, pela primeira vez, interpretar fatos e acontecimentos da Antiguidade com mais rigor, precisão e criticidade, levando muitas dessas ideias a afetarem o ensino até hoje.

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