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Resenha Critica a Cidade Antiga

Por:   •  5/7/2016  •  Resenha  •  4.691 Palavras (19 Páginas)  •  460 Visualizações

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O livro Cidade antiga, conta a história das origens, do auge da religião antiga nas cidades e do seu desaparecimento no mundo grego e romano. Costumes gregos e romanos são analisados conjuntamente nesta obra devido a sua semelhança, em muitos momentos o autor apresenta como exemplo a sociedade hindu, confirmando sua tese da semelhança entre as sociedades politeístas e locais.

Fustel de Coulanges inicia a obra caracterizando crenças antigas, pois, ele afirma que delas surgiram as formas de instituições e as leis que regulam as sociedades. O direito e as leis ganham destaque nesta obra, sendo eles reflexos das crenças e das formas de organização social e política da sociedade. Coulanges afirma que no passado encontramos todas as explicações para o presente, sendo o homem uma soma de todas as épocas e costumes do passado. Desta forma, o autor defende que a melhor maneira para se compreender uma sociedade é conhecendo suas crenças e relações familiares a partir de suas leis e regimentos. Segundo sua teoria as leis, a língua e demais obras de autores da época servem como fonte de informações sobre uma determinada sociedade, tornando-se fontes indispensáveis para compreensão de um contexto histórico.

O livro inicia abordando a visão dos antigos gregos e romanos sobre a morte, segundo suas crenças ao morrer a alma não deixava de existir e sim seguia para uma segunda vida que continuava dentro do túmulo, esta crença pregava que após a morte corpo e alma continuava a viver e a levar uma vida normal semelhante a que tinham aqui na terra. Desta forma, a sepultura era a nova casa do morto, onde continuaria vivendo com outros ancestrais já mortos, este túmulo costumava ser próximo a residência da família, assim, não é difícil compreender porque eles costumavam ser enterrados juntos com seus pertences pessoais, e até mesmo, escravos e animais particulares eram sacrificados, por que acreditavam que lhes seriam uteis também após a morte. Era comum abrirem um buraco próximo ao túmulo por onde era derramada bebida e por onde era introduzido os alimentos, porque acreditavam veemente que os mortos fariam suas refeições ali. A partir destas crenças surgiram os funerais, só que nesta época não era realizado o funeral somente no momento do sepultamento como conhecemos hoje, periodicamente eram realizados estes funerais, onde aconteciam verdadeiros cultos ao morto, acreditando que o antepassado morto se transformava em um deus que protegia sua família, assim, os vivos viviam para suprir as supostas necessidades dos mortos e os mortos por sua vez, protegia os vivos, tornando-se, um corpo inseparável. Era considerada uma afronta não seguir sistematicamente estes rituais, independente da índole desta pessoa quando viva, deveria ser honrado e cultuado após a morte e caso não recebessem estas honrarias, o morto se tornaria um deus cruel buscando vingança contra seus descendentes ou buscando protegê-los quando seguidos os devidos rituais. Logo, cada família possuía seu deus particular, e só poderia ser adorado por seus descendentes, não aceitando sequer que amigos presenciassem seus cultos familiares. O maior medo que assolava aos gregos e romanos era irritar os deuses, não cumprindo com os rituais que eram previstos após a morte.

As casas Gregas e romanas eram divididas em duas partes, em uma ficavam os túmulos, uma espécie de templo particular onde eram cultuados os mortos, e na outra parte onde residiam, ficava um altar com o fogo constantemente aceso que não deveria de forma alguma ser apagado, a menos que se extinguisse toda uma família. Este fogo era considerado sagrado, era tido como parte da família, existindo uma estreita relação com a representação física do antepassado morto que era cultuado. Com o passar dos anos e com o amadurecimento desta religião, criou-se uma lenda onde aconteceu a personificação desta divindade na deusa Vesta, que significa “Chama Viva”. Este fogo não faz referência ao fogo que era utilizado para as atividades do cotidiano, era um fogo de natureza distinta, mantido com uma madeira específica. Toda benção aos familiares era solicitada e atribuída ao fogo, suas refeições familiares eram realizadas ao redor dele, e o fogo era considerado uma entidade moral consciente, desta forma, ofertavam alimentos e bebidas ao fogo, e ao ser estas ofertas consumidas eles entendiam que era um sinal da aceitação do seu deus e que assim, seriam abençoados. O fogo sagrado era chamado de lar, a partir daí surgiu a expressão de lar, como aconchego da casa, lugar de proteção da família como conhecemos, outros nomes também era atribuído ao fogo, como heróis e demônios, percebemos que estas expressões fogem da significação que é dada hoje. Os chefes de família não deixavam suas casas sem antes pedirem a proteção e benção do lar.

Podemos perceber aos estudarmos estas duas crenças antigas, que esta era uma religião doméstica, familiar, com deuses privados que era propriedade de cada família, onde não era permitida qualquer participação exterior, ainda que fosse de algum amigo, eles sequer poderiam olhar para o fogo sagrado. Cada família tinha seus próprios deuses porque estes deuses eram seus antepassados mortos, e, portanto, deveriam ser protegidos dos olhares estranhos que eram considerados inimigos, essa proteção divina restringia-se somente aos limites da casa onde seus deuses estavam. O pai era o sacerdote por direito e tinha um poder absoluto da casa e como sacerdote e chefe desta família tendo o dever de cumprir o desejo dos deuses, cada família era uma mini sociedade e um mini templo, onde o sacerdote tinha o dever de prover todos os meios para atender as necessidades do deus lar, quando este sacerdote morria, o filho mais velho tomava seu lugar, herdando todos os seus bens e também o sacerdócio da familia.

Na antiga Grécia e Roma a vida girava em torno da religião, todas as manhãs e a noite reunia-se toda a família ao redor do lar, para fazer suas preces, onde cantavam hinos e faziam petições aos antepassados mortos. Este culto não se assemelha com a prática cristã de adoração aos santos, porque estes ritos só poderiam ser realizados por descendentes, ministrado pelo patriarca da família, a simples presença de um estranho era incomodo para este morto, como se perturbasse o descanso do mane, o próprio nome deste culto aos mortos já trazia em si esta realidade, os gregos chamavam patriázein, e os latinos parentare. O lar, nome dado ao ídolo doméstico, nunca era colocado fora da casa, nem a frente da porta, onde pudesse ser visto por estranhos. Os gregos colocavam em um local protegido do contato e dos olhares profanos, porém, os romanos os escondiam no centro da casa. A estes deuses, fogo, lares, manes, chamavam deuses ocultos ou deuses domésticos, e todos os atos religiosos

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