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Resenha Crítica Coulanges A Cidade Antiga

Por:   •  15/10/2018  •  Trabalho acadêmico  •  9.369 Palavras (38 Páginas)  •  466 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

COLEGIADO DO CURSO DE DIREITO

DISCIPLINA: HISTÓRIA DO DIREITO

DOCENTE: ALESKSANDRO LESSA

DISCENTE: CAMILA RIBEIRO COSTA

TURMA: 2016.2 – II SEMESTRE

Resenha crítica

Coulanges, Fustel de. A cidade Antiga.

  “A história é testemunha do passado, luz da verdade, vida da memória, mestra da vida, anunciadora dos tempos antigos.” Assim, partindo dessa rica citação de Marcus Tullius Cícero, orador de Roma, começaremos a análise do livro A cidade Antiga, publicado em 1864, do historiador francês Fustel de Coulanges (1830-1889); que foi um historiador francês, positivista e gênio do século XIX. Sendo, pois, uma obra que tem por fim a análise do passado a partir da história, que fara o estudo da formação das sociedades a partir de uma crença até conseguir sua independência dos princípios que lhe formaram através de diversas modificações nas ideias juntamente com revoluções.

   A analise do percurso das sociedades começa do estudo de povos antigos, suas instituições e sua estrutura social que foram tomados como base para a formação das sociedades modernas. Pois, mesmo com as transformações dessas estruturas ao longo do tempo, suas influências ainda podem ser notadas pela observação de algumas características análogas nas instituições.

  A obra é dividida em cinco livros, sendo que cada um aborda as características dos povos em um período e o processo de formação de instituições. O livro primeiro trás o alicerce dos primeiros agrupamentos, as antigas crenças; o livro segundo trará o surgimento da família; o livro terceiro, a formação da cidade; o livro quarto, as revoluções e por fim o livro quinto, trás o fechamento da investigação história dos povos antigos, o momento do desaparecimento do regime municipal.

  A leitura da obra e a própria construção da mesma direciona seu estudo para os povos gregos e romanos eliminando o anacronismo, já que os princípios e as instituições sociais sofreram diversas alterações através do tempo. Expondo as regras que governaram a sociedade e como as alterações em tais são de acordo com os pensamentos do ser humano em cada período:

“A história da Grécia e de Roma é testemunha e exemplo

da estreita relação que há entre as ideais da inteligência humana

e o estado social de um povo.” (Coulanges,de Fultel. A Cidade Antiga.

São Paulo: Editora das Américas S.A- ADAMERIS. 1961. Página 08)

  Partindo das antigas crenças, o livro primeiro, afirma que o grande questionamento que deu base para toda a construção idearia naquele período foi o mistério das gerações. Como um ser podia gerar outro, e assim começaram a formular ideários para a vida e a morte. Crendo-se na separação do ser entre corpo e alma, o rito do sepultamento do corpo era de extrema necessidade para o descanso, repouso e felicidade do morto. Logo, o culto dos mortos era um ritual feito para sua alma; o morto era considerado criatura sagrada, e era de extrema necessidade que o banquete fúnebre fosse oferecido, pois se não ocorresse eles saiam a vagar e gemer, como sombras errantes. O que nós remete nos dias atuais aos velórios em que o corpo do morto é velado, e que para muitos é tido como o momento de despedida, para em fim ser enterrado. Vemos como o ideário de tal “cerimônia” modificou-se, mas ela em si ainda perdura.  

  Para os antigos, o morto tornava-se um deus que era simbolizado pelo fogo sagrado, que era divido e cultuado, para qual pediam proteção, abundância, saúde e sabedoria, tido como divindade mantedora da vida do homem. Destarte, as crendices sobre a alma, a morte, o culto dos mortos, o fogo sagrado são o alicerce da religião doméstica, esta que era baseava-se no berço familiar, em que cada família adorava seu próprio deus, que eram seus antepassados, que através de ritos tornavam-se deuses protetores. Por essa razão, na Grécia e em Roma, o filho tinha o dever de fazer a libertação e sacrifício aos manes do pai e de todos os ancestrais. Assim, constituía-se um corpo inseparável entre todas as gerações de uma família, em que no meio das dificuldades se invocava a antiga sabedoria, no sofrimento pedia-lhes consolo; no perigo, apoio; depois de uma falta, perdão. Sendo que cada família tinha seu próprio ritual, já que essa religião limitava-se ao círculo de uma casa, e o pai era o único que possuía o princípio misterioso do ser, transmissor da centelha da vida, ele era a base familiar, o portador das regras, sendo o culto passado sempre de homem para homem.  

  A religião mesmo não sendo o princípio de criação da família, foi o que lhe deu as regras, sendo, pois a temática do segundo livro. Assim, o que normatizava as sucessões não era o nascimento nem o sentimento, muito menos a força física mas a religião do fogo sagrado, fazendo com que a família forme um só corpo nesta e na outra vida.  Dessa forma, o parentesco era regulado pelo direito de participação do culto. E como símbolo dessa afirmação tem-se na língua grega antiga a palavra epístion como significado de família, que é aquilo que está perto do fogo.

  O casamento foi à primeira instituição domestica estabelecida pela religião. E como cada berço familiar possuía um fogo sagrado, a união de duas pessoas significava bem mais do que um laço de amo. Esta união representava uma grande modificação principalmente para a mulher que cresceu e estruturou-se no lar paterno e no momento do casamento tinha que se despir da religião que conhecia, já que deveria a partir da mudança de lar reconhecer como religião e antepassados os mesmos do seu marido. Ademais, o casamento também era um ato serio para o esposo, pois nascia em frente ao fogo sagrado, com vários rituais, e a partir daquele momento ele tinha o direito de oferecer sacrifício. E para concretização dessa união era necessário um ritual em frente ao fogo sagrado, sendo que a jovem entrava na casa do seu futuro marido carregada pelo mesmo, que tinha como significado um rapto, já que a esposa era desvinculada da religião do seu pai para pertencer a do seu marido. Assim antes da cerimonia ela ainda não pertencia à família do seu esposo e precisava passar pela porta carregada para fazer-se o ritual.

  O casamento levava a formulação de algumas regras, como a proibição da poligamia e do celibato. O primeiro era vedado a partir do princípio de que o homem só poderia ter uma religião, um culto, este que era ligado aos ancestrais, ao fogo sagrado e por consequência ao lar, e com a firmação de outro casamento haveria a constituição de outro lar e o estabelecimento de outro culto, o que não poderia existir. E por consequência da religião do lar, o divórcio era quase impossível.  O segundo era proibido, pois a continuidade da família era de extrema necessidade para esses povos, uma vez que seus antepassados só teriam uma vida em paz na segunda existência se houvesse um varão para levar ofertas ao seu tumulo, posto que o  principio fundamental do direito domestico era da perpetuação eterna das famílias. Logo, o celibato era uma impiedade grave e uma desgraça, já que se uma família se extinguisse um culto morreria e a felicidade dos manas tinha fim. Portanto, o casamento era obrigatório e o homem não pertencia a si próprio, mas a sua família.

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