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Sistema de educação

Por:   •  14/7/2017  •  Dissertação  •  1.862 Palavras (8 Páginas)  •  164 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Cláudio Gomes Pimentel da Silva

Jéssica Hudson

Niterói, 2017

        A história cultural brasileira possui uma característica única de miscigenação. Aos remontarmos ao período colonial, podemos perceber a presença de diferentes choques culturais que nortearam a formação da identidade brasileira. Seja entre bandeirantes e imigrantes portugueses; seja entre portugueses e as tribos indígenas presentes antes da chegada dos mesmos; seja entre holandeses e franceses que tinham vasto interesse em nosso território; seja entre escravos trazidos a força da África.

        Alguns aquisitivos externos foram fundamentais para nossa culinária. Aos europeus fica a contribuição do pão, vinho, queijos e alguns doces. Já aos escravos, fica a utilização de certos temperos trazidos nos navios negreiros por escravistas espanhóis. Não só a utilização, mas a confecção de comidas como a feijoada, o acarajé, que se tornou tão importante para nossa cultura que é protegido como patrimônio.

        Outro fato que nos ajuda a ter essa percepção é a religião. O candomblé não só agrega valores religiosos ao nosso cotidiano, como faz parte de nosso imaginário social, mesmo que pensemos que a maioria é católica. Este ajudou também na difusão da culinária afro-brasileira, visto que possuem uma relação muito forte com a culinária, com a oferenda a santos.

        Essa difusão fica mais evidente em determinadas épocas do ano, onde podemos perceber o consumo de comidas típicas como, canjica, arroz doce, bolo de milho, entre outras que são heranças de uma geração escrava que se fazia presente no Brasil, pela religião, seja pela culinária abundante e, infelizmente, pelo próprio status perante o seu “senhor”. Uma mancha em nossa história, vide que estes, apenas trouxeram maravilhas para nosso continente.

        A culinária não foi à única que sofreu esse processo de enriquecimento, mas a música também. Houve inovações em instrumentos musicais que fora agregado ao nosso cotidiano, o pandeiro, por exemplo, é uma de nossas aquisições. Este se mostra, atualmente, diretamente ligado à cultura afro-brasileira, mas sua trajetória é descrita em um período anterior.

        No Brasil o pandeiro (panderola ou tamborim) chega junto aos colonizadores portugueses e estes tiveram seu contato a partir da invasão muçulmana através da península ibérica. Este instrumento é datado de um período ainda mais antigo, a historiografia o coloca como sendo anterior a Cristo, o que nos faz pensar que é um instrumento de percussão extremamente comum junto ao Oriente Médio.

        A origem da palavra é advinda do grego Pandourion, que “seria uma espécie de instrumento de corda, aplicado também a outros instrumentos”. O historiador José Subirá, em sua obra História de La Música (Salvat Editora, 1958), relaciona o pandeiro como um dos antiquíssimos instrumentos musicais da Índia. Os hebreus o utilizavam bastante em cerimônias religiosas.

        Este era muito usado pelos Hebreus em cerimônias religiosas, assim como os ibéricos que o usavam em bodas, casamentos, inclusive, também, em cerimônias religiosas, “especialmente na procissão de Corpus Christi” em Portugal e na Espanha no século XVI. Além do uso por jograis em suas visitas as cortes.

        O pandeiro se fez presente, posteriormente, na primeira procissão de Corpus Christi no Brasil, tal momento é datado de 13 de junho de 1549 e esta cerimonia religiosa abriu as portas para a aquisição de tal instrumento pelos negros que viam sua cultura ler limada por inúmeras proibições;

“Com certeza, os negros se utilizaram dos pandeiros como forma de substituir seus instrumentos tradicionais de cultos afros, proibidos pelos senhores, por ser um instrumento de origem europeia, portanto permitido, e fácil de carregar. Puderam assim, primeiro, utiliza-lo nas festas que faziam e aproveitaram para treinar os golpes de capoeira (que utilizavam para fuga, mas que os senhores julgavam serem passos de dança) e depois após a libertação, para fazer samba, também proibida pela lei. O pandeiro sendo pequeno e fácil de transportar, também era fácil de esconder das autoridades.”

No Brasil, com o surgimento do “Choro”, o pandeiro veio dar o toque final ao ritmo que já tinha em sua composição instrumentos como o piano, instrumentos de corda e de sopro. Este veio agregar um ritmo ao que já era considerado extremamente agradável aos ouvidos e já possuía uma beleza musical indiscutível.

Posteriormente, o pandeiro começou a ser introduzida em diversos ritmos musicais, se tornando peça importante do desenvolvimento que acompanhava a música brasileira. No samba se tornou símbolo e em diversas situações, podemos perceber que uma roda pode ficar sem um violão, mas jamais sem um pandeiro.

O samba de roda surge, inicialmente, no Recôncavo Baiano, mas foi trazido ao Rio de Janeiro, na segunda metade do século XIX, por escravos que acompanharam a mudança da capital imperial. Este ritmo marca o cenário carioca, ao andarmos pelas ruas da cidade podemos escutar o samba, um estilo musical que está presente em nosso cenário e que atrai multidões ao Rio de Janeiro para desfrutar de toda sua sensualidade.

“Apesar de existir em várias partes do país – especialmente nos Estados da Bahia, de Pernambuco, do Maranhão, de Minas Gerais e de São Paulo – sob a forma de diversos ritmos e danças populares regionais que se originaram do batuque, o samba como gênero musical é entendido como uma expressão musical urbana do Rio de Janeiro, onde esse formato de samba nasceu e se desenvolveu entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX.”

        No Rio de Janeiro a dança praticada por escravos libertos teve contato com outros ritmos da região, levando ao surgimento desse marco gênero cultural que se transformaria parte da identidade brasileira. Ao redor do mundo quando mencionamos de onde somos a primeira indagação que percebemos é – Brasil? Samba? – O samba se torna patrimônio desde a década de 30 e já anteriormente a essa época, vem se modificando, embora não perca jamais sua raiz.

“No final da década de 20, com inovações produzidas por compositores dos bairros do Estácio de Sá, Osvaldo Cruz e dos morros da cidade, o samba começou a ganhar mais originalidade adquirindo um formato “genuíno” ou “de raiz” passando a se consolidar no Rio de Janeiro como uma expressão musical urbana e moderna, sendo tocado em larga escala nas rádios, espalhando-se desde os morros cariocas até os bairros da zona sul da cidade.”.

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