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UMA BREVE ANÁLISE DAS INFERÊNCIAS QUE ANTECEDEM A ABORDAGEM DA ORIGEM DO HOMEM NOS LIVROS DIDÁTICOS

Por:   •  7/6/2015  •  Artigo  •  7.040 Palavras (29 Páginas)  •  286 Visualizações

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UMA BREVE ANÁLISE DAS INFERÊNCIAS QUE ANTECEDEM A ABORDAGEM DA ORIGEM DO HOMEM NOS LIVROS DIDÁTICOS

Ludimila Pereira Coutinho, Ismael Ferreira Nunes, Neuza Maria da Costa Silva, Wallace de Oliveira Roque[1] 

wallaceroque@unipam.edu.br

Resumo: Ao fazermos uma breve análise dos elementos de caráter sociocultural que antecedem as inferências de determinados conceitos/teorias científicas no âmbito curricular, percebemos a dicotomia existente quanto ao emprego da ciência, que muitas vezes é confundida com cientificismo. A ciência se define como uma atividade intelectual e prática que abrange tanto o estudo sistemático da estrutura quanto o comportamento do mundo físico e natural através da observação e da experiência. Por conseguinte, ela faz parte do conhecimento da humanidade, pelo fato de incorporar propostas de seres humanos. Já o cientificismo possui o caráter de crença incondicional ao que a ciência propaga. Assim, a partir das análises de tais inferências remeteremos a assertiva que tanto os nossos temas culturais quanto o nosso sistema educacional, a princípio, nos traíram e continuam traindo. E a principal consequência desse “suicídio intelectual” assistido é a formação de um grande número de analfabetos científicos na era contemporânea.    

                                                                                                                                             

Palavras-chave: ciência; Charles Darwin; evolução; História; livro didático.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo consiste em uma análise teórica dos pressupostos que antecedem a abordagem da origem da vida nos livros didáticos, baseando-se em evidências comprovadas por meio de estudos científicos e na avaliação das linhas de continuidade e da ruptura quanto às características, conteúdos, materiais didáticos e metodologias usadas para o ensino desse tema em nosso país.

Compreendendo que todos esses questionamentos, como muitos outros, são propulsores para o nosso aperfeiçoamento e desenvolvimento intelectual, almejando – quem sabe – alcançarmos a tão sonhada utopia do bem-estar e bem-comum, percebe-se que ao longo da história humana, vários pensadores e cientistas possuem aspectos semelhantes e distintos que não se remetem em apenas questionar a existência ou não de uma causa inteligente – ou criador –, mas de dar ao ser humano uma visão científica, em que as questões abordadas se tornam desafiadoras ao frear e modificar a base fundamental no que tange ao nosso conhecimento ou ilusão de conhecimento.

Assim, sugerimos que somente adotando uma educação de caráter inter-poli-transdiciplinar[2], poderemos, a princípio, obter análises mais satisfatórias de tais complexidades existentes no mundo contemporâneo, e assim resolveremos uma das principais preocupações do secularismo, o colapso do sistema educacional.

  1. DO VERSO À PROSA

Nós vamos morrer, e isso nos torna afortunados. A maioria das pessoas nunca vai morrer, porque nunca vai nascer. As pessoas potenciais que poderiam estar no meu lugar, mas que jamais verão a luz do dia, são mais numerosas que os grãos de areia da Arábia. Certamente esses fantasmas não nascidos incluem poetas maiores que Keats, cientistas maiores que Newton. Sabemos disso porque o conjunto das pessoas possíveis permitidas pelo nosso DNA excede em muito o conjunto de pessoas reais. Apesar dessas probabilidades assombrosas, somos você e eu, com toda a nossa banalidade, que aqui estamos. (Richard Dawkins)[3]

Em uma bela manhã de 24 de novembro de 1974, um grupo de paleoantropólogos liderados pelo professor Donald Johanson[4] (1943-), deu início a mais um dia exaustivo de trabalho próximo ao rio Awash, Etiópia. Ao final desse dia eles haviam descoberto fragmentos de um fóssil de Australopithecus afarensis[5] que há algumas horas mais tarde, durante uma noite de comemoração por tal descoberta, seria apelidado de Lucy[6] – após essa descoberta, as escavações duraram por mais algumas semanas, consequentemente, encontrando centenas de fragmentos de ossos desse mesmo fóssil. Atualmente, Lucy é o fóssil mais completo encontrado de um Australopithecus afarensis, 40% do seu esqueleto foram recuperados.

Agora imagine você sendo Lucy, um pequeno hominídeo vivendo nas perigosas planícies africanas, aproximadamente 3,2 milhões de anos atrás. Você possui um cérebro pequeno que mede 450 cm cúbicos. De repente você escuta um barulho vindo da mata, seria um predador ou apenas o vento? Se você achar que o barulho da mata é um predador e acontecer de ser apenas o vento, você comete um erro de cognição do Tipo 1,  um falso-positivo. Você pensou que o vento estava ligado a alguma coisa e não estava. Felizmente esse erro é relativamente inofensivo. Mas se você achar que o barulho na mata é apenas o vento, e acontecer de ser um predador você se torna o almoço – consequentemente, acabará de cometer um erro de cognição Tipo 2, um falso negativo –. Nesse caso você acaba de se enquadrar no princípio básico da seleção natural, você acaba de sair mais cedo com a sua carga genética, antes de se reproduzir.

Nós, seres humanos, somos descendentes daqueles que são mais propensos a cometer erros do Tipo 1, falso-positivos do que erros do Tipo 2 falso-negativos. Consequentemente, evoluímos a propensão de tomar decisões rápidas, e cometer o erro do Tipo 1 é mais provável do que outro tipo de erro. E esse tipo de erro, esse falso-positivo, podemos considerar ele como superstição? Ou um pensamento sobrenatural? E ao supormos que A está conectado a B, seria esse um padrão para a verdade? Não! Essa é a base para encontrarmos padrões falseáveis. Mas, qual é a diferença entre o vento e um predador perigoso? O vento é uma força inanimada. O predador é um agente intencional.[7]

Portanto, como sabemos o que é realidade, ou, o que é magia/mito? Há pouco tempo atrás, o etólogo, biólogo evolutivo e escritor britânico Richard Dawkins (1941-) relata em seu livro paradidático A Magia da Realidade (2012) que, a realidade seria tudo aquilo que existe. Ao fazer tal afirmativa, o leitor poderia achar que o autor estaria sendo claro e objetivo, mas o mesmo, posteriormente relata que há vários problemas para se definir o conceito de realidade, como, por exemplo, o fato dos dinossauros não existirem mais, ou, das estrelas, que estão tão distantes do nosso planeta que quando a luz delas chega até nós e consequentemente conseguimos vê-las, podem já ter se extinguindo, e até mesmo imaginar o comportamento de um australopithecus afarensis, como a Lucy que fora citada anteriormente.[8]

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