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50 Tons De Cinza

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Por:   •  25/3/2014  •  3.475 Palavras (14 Páginas)  •  654 Visualizações

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Encaro a mim mesma no espelho, frustrada. Maldito cabelo, que simplesmente não obedece, e maldita Katherine Kavanagh que resolveu ficar doente e me submeter a essa tortura. Eu deveria estar estudando para as provas finais, que são daqui a uma semana, mas estou tentando amansar meu cabelo com a escova. Não devo dormir com ele molhado. Não devo dormir com ele molhado. Recitando várias vezes esse mantra, tento, mais uma vez, escová-lo até domá-lo. Reviro os olhos exasperada e fito a garota pálida de cabelo castanho e olhos azuis grandes demais para o seu rosto olhando para mim e desisto. Minha única opção é prender o cabelo rebelde num rabo de cavalo e esperar que eu fique mais ou menos apresentável.

Kate é garota com quem divido a casa, e escolheu logo hoje para ser vencida pela gripe. Portanto, não pode fazer a entrevista que conseguiu, com um megamagnata industrial de quem nunca ouvi falar, para o jornal da faculdade. Então ela me convocou como voluntária. Preciso meter a cara para as provas finais, tenho um ensaio para terminar, e devia ir trabalhar hoje à tarde, mas não: vou dirigir duzentos e setenta quilômetros até o centro de Seattle para encontrar o enigmático CEO da Grey Enterprises Holdings, Inc. Como empresário excepcional e principal benemérito de nossa universidade, seu tempo é extraordinariamente precioso — muito mais precioso que o meu —, mas ele concedeu uma entrevista a Kate. Uma grande conquista, diz ela. Malditas atividades extracurriculares de Kate.

Kate está encolhida no sofá da sala.

— Ana, me desculpe. Levei nove meses para conseguir essa entrevista. Vou levar mais seis para remarcar, e a essa altura nós duas já estaremos formadas. Como editora, não posso cancelar tudo. Por favor — Kate implora, com a voz rouca por causa da dor de garganta.

Como ela faz isso? Mesmo doente, está graciosa e muito bonita, o cabelo louro- -avermelhado no lugar e os olhos verdes luminosos, apesar de um pouco congestionados e lacrimejantes Ignoro meu inoportuno sentimento de solidariedade.

— Claro que vou, Kate. E você deve voltar para a cama. Quer um NyQuil? Ou um Tylenol?

— Um NyQuil, por favor. Aqui estão as perguntas e o meu gravador. Basta apertar aqui. Tome notas, que transcreverei tudo.

— Eu não sei nada sobre ele — murmuro, tentando em vão conter o pânico crescente.

— As perguntas vão ajudar você. Vá. A viagem é longa. Não quero que se atrase.

— Tudo bem. Estou indo. Volte para a cama. Fiz uma sopa para você esquentar mais tarde.— Olho para ela com carinho. Só por você, Kate, eu faria isso

— Vou esquentar. Boa sorte. E obrigada, Ana, como sempre você é a minha salva-vidas.

Pego minha mochila, lanço-lhe um sorriso irônico e depois saio para pegar o carro. Não posso acreditar que Kate me convenceu a fazer isso. Mas Kate consegue convencer qualquer um a fazer qualquer coisa. Ela vai ser uma jornalista excepcional. Sabe se expressar, é forte, persuasiva, sabe argumentar bem, é bonita — e é minha melhor e mais querida amiga.

As ruas estão vazias quando saio de Vancouver, Washington, em direção à Rodovia Interestadual 5. É cedo, e não preciso estar em Seattle antes das duas da tarde. Felizmente, Kate me emprestou a sua Mercedes esportiva CLK. Não sei bem se com Wanda, meu fusca velho, eu chegaria a tempo. Ah, a Mercedes é gostosa de dirigir, e os quilômetros deslizam à medida que piso fundo no acelerador.

Meu destino é a sede da empresa global do Sr. Grey. Trata-se de um prédio comercial de vinte andares, todo feito de vidro e aço, um desses projetos arquitetônicos excêntricos, com o nome grey house escrito discretamente em aço em cima das portas de vidro da entrada. São quinze para as duas quando chego e, com grande alívio por não estar atrasada, entro no saguão imenso — e, para ser sincera, intimidante — todo de vidro, aço e arenito.

Atrás da mesa maciça de arenito, uma jovem loura muito atraente e bem- -vestida sorri para mim com simpatia. Está vestida com o mais elegante conjunto de terninho cinza e camisa branca que já vi. Parece imaculada.

— Estou aqui para falar com o Sr. Grey. Anastasia Steele da parte de Katherine Kavanagh.

— Um momento, Srta. Steele.

Ela ergue a sobrancelha ligeiramente enquanto fico parada sem jeito à sua frente. Começo a desejar ter pedido emprestado um dos blazers formais de Kate em vez de ter vindo com a minha jaqueta azul-marinho. Fiz um esforço, e botei minha única saia, minhas botas até o joelho e um suéter azul. Para mim, estou bem elegante. Ponho para trás da orelha uma das mechas fugitivas do meu cabelo fingindo que ela não me intimida.

— A Srta. Kavanagh está sendo esperada. Assine aqui, por favor, Srta. Steele. É o último elevador à direita, vigésimo andar.— Ela sorri gentilmente para mim, sem dúvida se divertindo, enquanto assino.

Ela me entrega um crachá com a palavra “visitante” estampada com firmeza na frente. Não consigo conter o meu sorrisinho. Está na cara que só estou de visita. Não me encaixo aqui de jeito nenhum. Nada muda, suspiro internamente.

Agradecendo-lhe, vou até os elevadores passando por dois seguranças, ambos muito mais bem-vestidos que eu com seus ternos pretos bem-cortados.

O elevador me leva zunindo, em alta velocidade, para o vigésimo andar. As portas se abrem e estou em outro amplo saguão — novamente de vidro, aço e arenito branco. Deparo com outra mesa de arenito e outra jovem loura, dessa vez impecavelmente vestida de preto e branco, que se levanta para me receber. — Srta. Steele, poderia aguardar aqui, por favor? — diz, apontando para uma área de espera com cadeiras de couro brancas.

Atrás das cadeiras brancas, há uma espaçosa sala de reuniões de paredes de vidro com uma mesa igualmente espaçosa de madeira escura tendo ao redor pelo menos vinte cadeiras iguais. Além da mesa, há uma janela que vai do piso ao teto com vista para a cidade de Seattle. É uma paisagem incrível, e fico momentaneamente paralisada com essa vista. Uau!

Sento-me, pesco as perguntas na mochila, e as leio, xingando Kate mentalmente por não ter me fornecido uma breve biografia. Não sei nada sobre o homem que estou prestes a entrevistar. Ele poderia ter noventa anos ou trinta. A incerteza é mortificante, e fico de novo com os nervos

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