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A ANÁLISE LITERÁRIA DE ALICE ATRAVÉS DO ESPELHO

Por:   •  29/11/2022  •  Trabalho acadêmico  •  2.084 Palavras (9 Páginas)  •  60 Visualizações

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

JANAÍNA ERTEL THIELE

ANÁLISE LITERÁRIA DE ALICE ATRAVÉS DO ESPELHO

IJUÍ, 2019

  1. Introdução

O presente trabalho busca analisar a obra de Lewis Carroll, “Alice através do espelho” (1871), continuação de “Alice no país das maravilhas” (1865), relacionando a visão de mundo da personagem principal - de uma menina com desejo de aventurar-se e acaba se encontrando em universos paralelos -, com a fantasia que Carroll desenvolve em suas histórias. Trazendo várias canções e poemas durante a obra, o autor busca analisar algumas delas de forma sutil como consequência da falta de conhecimento de Alice, além das funções lógicas do nonsense (um gênero literário que subverte os contos de fadas tradicionais, criando narrativas que não seguem as regras da lógica) trazidos pelo autor, fazendo com que se torne ainda mais interessante.

Embora o objetivo do autor fosse distrair e despertar a imaginação de seus ouvintes, Carroll era um pedagogo e usou as suas narrativas para aguçar os intelectos também. Na sua obra mais famosa, podemos encontrar enigmas e equações matemáticas escondidas, sobretudo em exercícios de lógica. Ao longo do desenvolvimento do trabalho serão apresentadas algumas teorias relacionadas à álgebra usada na obra “Alice através do espelho”.


  1. Desenvolvimento
  1. Leitura Intuitiva

Dentre os personagens de Alice Através do Espelho estão a Alice, que é a protagonista, as Rainhas Vermelha e Branca, o Rei Branco, Humpty Dumpty, Tweedledee e Tweedledum e o Cavaleiro Branco.

A história se passa primeiramente em um cômodo em que Alice está com suas gatas, e resolve atravessar o espelho, descobrindo um mundo invertido. Lá ela encontra um universo completamente diferente, e sua experiência aventureira acontece por um jogo de xadrez, que para se tornar Rainha, precisa chegar até o outro lado do “tabuleiro”, sendo que cada casa é um lugar diferente que ela precisa prosseguir.

Apesar de ser contado em 3ª pessoa, o que é contado na narrativa na verdade é uma história que Alice está contando para sua irmã, que a princípio havia acontecido. Desse modo, o tempo da história é contado do início ao fim da aventura de Alice.

É uma história interessante e curiosa, na qual a maioria de suas ações precisam ser feitas depois do resultado, visto que é um mundo espelhado, e consequentemente as coisas precisam ser feitas ao contrário. Alice encontra vários personagens em diferentes situações ao longo da narrativa, nas quais nos apresentam poesias, músicas e curiosidades sobre o novo lugar encontrado.

  1. Informações agregadas

As obras do escritor inglês Lewis Carroll trouxeram diversas maneiras de ler as referências lógicas da narrativa ficcional com as regras invertidas do jogo, o que o escritor entendia como uma “metáfora da vida”. Em seu primeiro livro, “As aventuras de Alice no País das Maravilhas” (1865), Carroll exerce uma certa lógica de sentido, destacando a palavra do interlocutor no discurso, relativo ao plano da expressão na leitura do mundo às avessas, continuado em seu segundo livro, “Alice através do Espelho”. No primeiro prefácio de 1871, influenciado pelas ciências exatas, Carroll se interessa em trabalhar com os movimentos das peças do jogo de xadrez, que serviriam de lances ao jogo combinando a animação da narrativa da segunda obra. Sua intenção era trabalhar os índices do sistema da língua em analogia às figuras de pensamento.

O uso da lógica como um elemento fundamental da história dá um significado especial para algo que, à primeira vista, parece absurdo e sem sentido. Jogos de palavras com alusões à álgebra, teorias da era vitoriana e detalhes que parecem pertencer mais ao mundo da lógica matemática do que à própria ficção são os pontos principais dessa obra literária.

Carroll viveu durante a era vitoriana, no auge da evolução da matemática e álgebra que conhecemos hoje. Muito se fala sobre a vida dele, mas muitas informações não sabemos se são totalmente verdadeiras.

Segundo o estudo de Ortiz (1998), Carroll acreditava que a lógica era um objeto de curiosidade e criatividade para as crianças, por isso ele defendeu o ensino. Talvez por esse motivo ele tenha encontrado uma razão para criar a lógica de Alice e uma relação com a matemática.

  1. Revisão da teoria

2.3.1 Lógica e matemática

O trabalho de Carroll despertou tanta curiosidade que vários artigos foram publicados para entender o seu significado.

As análises mais conhecidas são as de Helena Pycior, pesquisadora de literatura vitoriana, e de Melanie Bayley, doutora em literatura inglesa em Oxford. Para Bayley e Pycior, as alusões matemáticas e lógicas são críticas muito bem pensadas sobre as mudanças revolucionárias que a álgebra estava passando naquela época, e que Carroll não defendia.

De acordo com um texto de Opera Mundi, a lógica de Carroll não é uma lógica que se preocupa com os fundamentos da matemática moderna, mas sim com uma ajuda instrucional de utilidade pedagógica. Uma lógica para detetives.

A criação dos diálogos com alusões lógicas é o principal componente do livro, mas os jogos de palavras também estão presentes na história.

Em Alice Através do Espelho, Carroll mostra sua opinião sobre as propostas de Peacock sobre o símbolo X – que pode representar qualquer valor. Em um dos diálogos de Alice com Humpty-Dumpty, há uma referência sobre isso:

“- Quando eu uso uma palavra – ele disse com um tom brincalhão. – Significa precisamente o que eu decido que significa: nem mais nem menos.

– O problema é – Alice respondeu. – Se você consegue fazer com que as palavras signifiquem tantas coisas diferentes.

– O problema é saber quem é que manda. Isso é tudo.” (CARROLL, 1871)

Outro exemplo, é na fala de Alice “Vamos ver, quatro vezes cinco é doze, quatro vezes seis é treze e quatro vezes sete … Oh, meu Deus! Dessa forma eu nunca vou chegar a vinte!”.

“À primeira vista, pode parecer que as operações não são bem feitas. Isso acontece porque confiamos no sistema de numeração decimal, mas com o uso de outros sistemas, os cálculos de Alice podem estar corretos sim. Explicação: 4 x 5 = 12 em base 18 e 4 x 6 = 13. Dessa forma 4 x 7 = 14, se continuarmos com essa lógica, o resultado seria 24 e Alice estaria correta, pois nunca alcançaria o número 20..” (VALOIS, 2018)

Apesar da crítica inteligente sobre a matemática da época, a álgebra moderna tornou-se uma parte fundamental dos estudantes até hoje, exatamente como Carroll não queria.

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