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A COMUNICAÇÃO TOTAL OU BIMODALISMO

Por:   •  29/11/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.225 Palavras (5 Páginas)  •  9.194 Visualizações

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COMUNICAÇÃO TOTAL (BIMODALISMO)

1. INTRODUÇÃO (HISTORICIDADE)

A Comunicação Total foi desenvolvida em meados de 1960, após o fracasso do Oralismo puro para muitos sujeitos surdos, que não tiveram o sucesso esperado na leitura de lábios e emissão de palavras. Segundo Sá (1999), foi Dorothy Shifflet, professora secundária, mãe de uma menina surda, que descontente com os métodos oralistas, começou a utilizar um método que combinava sinais, fala, leitura labial e treino auditivo, em uma escola na Califórnia, denominando seu trabalho de Total Approach – Abordagem Total. Assim, a Comunicação Total consistia no uso simultâneo de palavras e sinais, ou seja, no uso simultâneo de uma língua oral e de uma língua sinalizada.

Porém, após estudos realizados na área da Linguística, tais como as pesquisas de Stokoe, no início dos anos de 1960, começou-se a comprovar que as línguas de sinais são uma língua legítima, com status linguístico, tão completa e complexa quanto qualquer outra língua. Ele e outros autores se posicionaram criticamente em relação a essa modalidade mista, acreditando que o uso simultâneo de duas línguas, resulta numa mistura que confunde o enunciado, já que a língua oral majoritária se sobrepõe à língua de sinais.

2. A COMUNICAÇÃO TOTAL E O BIMODALISMO

A comunicação total ganhou impulso nos anos 70, leva esse nome porque defende a utilização de qualquer recurso linguístico, podendo ser a linguagem oral - que era proibida pelo oralismo -, de sinais ou códigos manuais, contanto que facilite a comunicação com os surdos. Não excluindo, portanto, quaisquer recursos e técnicas para a estimulação auditiva: adaptação de aparelho de amplificação sonora individual, a leitura labial, a oralização, a leitura e a escrita.

Para esta modalidade o aprendizado da língua não é o objetivo maior, mas sim, em tese, privilegiar a comunicação e a interação e não apenas a língua (ou línguas), seja pela datilologia, língua de sinais ou combinação desses modos. Seus programas estão interessados em aproximar pessoas e permitir contatos e, para tanto, pode-se utilizar qualquer recurso linguístico-comunicativo. Em suma, privilegia-se a interação entre os surdos e os ouvintes, e não o aprendizado de uma língua. Dessa maneira, a Comunicação Total tida como uma escola é vista também como uma filosofia de educação onde o princípio básico é se comunicar.

Nessa ótica, os profissionais que seguem a Comunicação Total percebem o deficiente auditivo de forma diferente dos oralistas. A Comunicação Total, em oposição ao Oralismo, acredita que somente o aprendizado da língua oral não assegura pleno desenvolvimento da criança, ou seja, a ideia é usar aquilo que fornece um vocabulário e um meio de comunicação eficiente.

         A preocupação da Comunicação Total são os processos comunicativos entre surdos e surdos e entre surdos e ouvintes. Preocupa-se também com a aprendizagem da língua oral pela criança surda e acredita que devemos estimular os aspectos cognitivos, emocionais e sociais para que ocorra o aprendizado da língua oral, utilizando-se recursos espaços-visuais como facilitadores da comunicação. Esta filosofia pretendia que o deficiente auditivo fosse aceito de forma que não houvesse discriminação por a criança surda não dominar a oralidade.

O foco do trabalho não está centrado nos processos de aquisição da linguagem, mas no funcionamento da linguagem, apoiada pelos pressupostos da Teoria da Comunicação (as relações entre interlocutores consideram a existência de um emissor, que pretende veicular uma mensagem, um receptor que é alvo dessa mensagem e a mensagem, para que ambos os interlocutores compartilhem um código comum; sendo assim, a mensagem codificada pelo emissor é decodificada pelo receptor); para esta teoria, a linguagem é concebida como um código que propicia um reservatório de mensagens possíveis. 

Nessa abordagem educacional, as práticas são consideradas como bimodais, ou seja, envolvem combinações de uso das duas modalidades concomitantemente que são os sinais (gestual-visual) e a fala (oral-auditiva), para que ocorra o fácil entendimento da mensagem emitida entre os interlocutores. Então, essa prática do uso da comunicação total, mescla a língua natural e a língua artificial, no caso do Brasil, a mistura de Libras com o Português.

2.1. Aspectos Negativos / Criticas

Pelo fato da comunicação total ser muito abrangente e nada objetiva, não se questiona o papel da linguagem oral, tampouco o da língua de sinais. Criando, diante disso, uma língua artificial com o objetivo de ensinar a gramatica da língua falada ao surdo, como se a língua fosse um processo individual, e não social.  Como se pudesse ser ensinada como uma categoria sintática à parte das outras funções linguísticas. A ideia de que “o que vale é comunicar” acaba por prejudicar a aquisição de uma matriz de significação que possa ser a base para a aquisição da linguagem e para o desenvolvimento cognitivo. Não se pode misturar a gramatica de uma língua e criar sinais respectivos em outra apenas com fins “educacionais”.

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