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A Gramática Contextualizada

Por:   •  8/7/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.084 Palavras (5 Páginas)  •  315 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ[pic 1]

FACULDADE DE LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE VERNÁCULAS

GRADUAÇÃO EM LETRAS/HABILITAÇÃO

CONCEITO DE “GRAMÁTICA CONTEXTUALIZADA”

Por

Lindiamara Oliveira Gama

Trabalho apresentado no curso de Ensino de Português da Língua Materna, ministrada pela professora Juliana Nespoli para a Graduação em Letras/habilitação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro

1º semestre de 2019

Não é de hoje que observamos um ensino de Língua Portuguesa regulado por normas em uma gramática antiquada, marcada por discursos preconceituosos, não reconhecendo a língua como construção social. Ensina-se uma fala e uma escrita que é usada por um número reduzido de pessoas, ou seja, aqueles que puderam ingressar na escola e dela tiraram proveito o bastante para falar e escrever um português culto.

Algo lamentável e extremamente pouco proveitoso é limitar o ensino de língua à Gramática Normativa, que dita construções sintáticas que são raramente usadas até mesmo pelos falantes mais cultos. Além do mais, não são nomenclaturas que irão aumentar o nosso desempenho linguístico, mas sim a reflexão e o uso da língua. É produtivo saber o que é uma “oração subordinada substantiva objetiva indireta” se eu não reconheço nessa construção uma prática, marcada por um contexto e, logo, por uma semântica?

Mesmo que tenha sido estabelecido que devemos nos orientar por uma gramática contextualizada, o que observamos são as realizações dos mesmos hábitos no que se refere ao estudo de gramática. Notamos que grande parte dos livros didáticos ainda persiste através de “imposição” para que o aluno “retire os adjetivos do texto”.

Com isso queremos dizer o seguinte: mais do que a classificação, é preciso saber a função, ou seja, apenas encontrar sujeitos, adjetivos e/ou pronomes em um conto ou em qualquer outro gênero textual não é suficiente para ampliar o conhecimento da gramática, segundo Antunes:

“É preciso ir além das definições para descobrir, por exemplo, a função deles na introdução e na manutenção do tema ou do enredo. Saber que é indeterminado o sujeito de uma frase é muito pouco. O importante é compreender por quê, com que propósito discursivo, se preferiu deixá-lo assim”. (ANTUNES, 2014)

É exatamente a preocupação com a classificação que vemos nos dois exercícios proposto no livro didático de 8º ano “Descobrindo a Gramática” (GIACOMOZZI, VALÉRIO & REDA, 2010). Vejamos:

  1. Na oração “[...] um dia não haverá mais borboletas [...]” temos:

(  ) sujeito simples – um dia.

(  ) sujeito simples – mais borboletas.

(  ) sujeito indeterminado.

(x) oração sem sujeito (sujeito inexistente).

b) Explique a sua resposta.

5) Nas orações “[...] não acham...” e “[...] ou pagam a meninos [...]”, o sujeito é:

(x) oculto    (  ) indeterminado

Explique sua resposta.

Por isso que Antunes nos diz que é preciso ir além da nomenclatura, das classificações, da simples análise sintática de frases soltas, pois somente assim conseguiremos observar  como as unidades da língua funcionam na construção dos textos e quais consequências seus usos podem provocar na formação do discurso.

Já Vieira diz o seguinte:

Para que esses elementos sejam reconhecidos e manejados como matéria produtora de sentido, eles obviamente precisam ser tratados como objeto de ensino, numa abordagem reflexiva da gramática, e sistematizados na medida e no momento oportunos e adequados ao alunado, em cada série escolar. (VIEIRA, 2017, p. 69)

Em um outro exercício proposto vemos o seguinte:

6) Veja.

Agora transforme o sujeito simples em sujeito indeterminado, usando o verbo na 3ª pessoa do plural e na 3ª pessoa do singular mais o pronome se.

  1. Marcos precisava de funcionários na loja.
  2. Nessa reunião, ela não discutirá sobre a construção do prédio.
  3. O gerente pensa em novos rumos para a firma.

Podemos perceber nesta atividade uma análise que permanece na nomenclatura das classes gramaticais é um estudo fraco da língua. Quando alguém diz: “Pensam em novos rumos para a firma” ou “Pensa-se em novos rumos para a firma”, é menos importante saber classificar o sujeito da oração como indeterminado, do que entender que efeitos de sentido a utilização desse tipo de sujeito provoca na compreensão do texto. O problema é que a “análise” comum não ultrapassa o campo da classificação, então nos habituamos a acreditar que esse tipo de análise baseia-se em uma análise gramatical de fato.

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