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A Narrativa Encadeada (Elos)- Escrita Criativa

Por:   •  9/11/2019  •  Trabalho acadêmico  •  768 Palavras (4 Páginas)  •  234 Visualizações

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Narrativa Encadeada (Elos)- Escrita Criativa

-É o fim.

Acabara de sair do carro do padrinho, com as mãos firmes e os dedos enrolados em torno das grossas alças da mochila, estava a vinte passos do portão da escola.

O relógio batia as 08:08h e por essa altura já o pátio estava deserto.

Melhor do que a mercê dos abutres.

Vestira-se como a mãe gostava, sandálias prateadas, calças de ganga escura engomadas ligeiramente à boca de sino, camisola de manga comprida vermelha da marca Benetton e com uma pequena medalha de prata pendente sobre a clavícula. O vasto cabelo liso estava severamente puxado para trás num rabo de cavalo, nem uma única mecha de cabelo fugia ao controle. Usava perfume, tinhas as unhas arranjadas e usava a mochila do mickey que a mãe lhe oferecera no seu oitavo aniversário.

É o fim.

Sim? Entra, entra. Então? Entra lá menina. Meninos es...

— Não somos meninos professora, já somos pré-adolescentes!

A turma entrou em alvoroço, o rapaz moreno que estava no centro da terceira fila ria-se e falava com todas as frontes de batalha, esclarecia como já não eram crianças aos outros.

— Ai meu deus... Turma, turma! Silencio! Como já vos tinha dito ontem, vamos ter uma nova aluna na turma, ela fez transferência porque vivia noutro sitio.

— És d’onde então?

— João, calado! Vivia no Funchal mas agora vai ficar aqui connosco. Chama-se Diana e quero que lhe mostrem a escola, lhe expliquem as coisas e como é a vida aqui na Calheta.

Mafalda, pode mostrar a escola à sua nova colega?

Uma das raparigas da primeira fila respondeu que sim avidamente, tinha o cabelo castanho escuro e liso, no entanto despenteado.

A minha mãe nunca me deixaria sair à rua assim.

Os olhos castanhos escuros brilhantes reluziam e destacavam-se no seu rosto redondo, os lábios eram de um leve tom de rosa e o nariz embora fosse pequeno, era um pouco desproporcional à toda a simetria do rosto.

A mãe diria que parecia que alguém tinha arrancado o nariz de uma pessoa e o colado nela de olhos fechados, à meia noite, depois de uns quantos copos de vinho Madeira.

Era magra e usava um vestido amarelo simples.

— Do Funchal? És fina..

Quando olhou para a esquerda viu o mesmo rapaz que interrompeu a professora, era moreno e parecia que o seu objetivo de vida era ter cabelo à Elvis.

A mãe diria que parece uma batata, que todo ele tem o formato de uma batata e que o cabelo dele tinha falta de pente.

Eu apenas digo que o cérebro dele deve parecer uma batata.

Diana sentou-se na segunda fila, a três cadeiras de distância da cadeira do miúdo da terceira fila.

— E... Olha-me esse cabelo, foste ao cabeleireiro? Parece que uma vaca lambeu-te o cabelo para ficar assim tão puxado para trás. Então, não ouves? És surda? Olhem, está a fingir que não me está a ouvir! Deves te achar fina mas aqui não mandas.

Diana continuou impávida na sua cadeira, não dera mostras de sequer ter reparado que alguém falou, tinha os olhos fixos no quadro preto e na professora. Sentia olhares fixos nas suas costas.

É o fim.

Lamentos e choros ecoavam pelos corredores da casa; algo de vidro colidiu contra o chão na cozinha e se estilhaçara em partículas de poeira estelar.

Não são tempos de constelações.

José, mas olha para isto! Ela vai morrer!

Os choros de Laurinda intensificaram-se, vibravam pela casa e a angústia e tensão era palpável na atmosfera.

...

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