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A monotongação dos ditongos decrescentes

Por:   •  2/6/2019  •  Projeto de pesquisa  •  1.935 Palavras (8 Páginas)  •  174 Visualizações

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1. OBJETIVO

        Este trabalho tem como objetivo investigar a interferência, através do processo de monotongação dos ditongos orais, na fala da população do sul do Brasil, mais especificamente, nas capitais Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. Visando explorar o fenômeno sob o ponto de vista da Teoria da Variação a partir de Labov, analisamos e discutimos possíveis causas dessa influência, tanto linguísticas quanto extralinguísticas, com base na estratificação social do corpus do projeto VARSUL. Para testar a viabilidade desta pesquisa e suas variáveis, foi executado previamente uma análise preliminar, para então, na análise final, redefinir estas variáveis.

        Dentre as especificidades do projeto, estão o comportamento da regra de monotongação e sua aplicação juntamente com a variedade geográfica, natureza morfológica, tonicidade, valor fonemático e estrutura profunda do ditongo, sendo estes os fatores linguísticos. Quanto aos fatores extralinguísticos, as variáveis se resultam em idade, sexo e grau de escolaridade.  

2. METODOLOGIA

        Para esta pesquisa, foi utilizado como corpus linguístico a língua falada e a amostra de caráter quantitativo levantada pelo projeto Variação Linguística Urbana no Sul do País (VARSUL), feita nas capitais: Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. A estratificação social foi feita com base no sexo, idade e grau de instrução dos informantes, como exibido no quadro abaixo:

                             Quadro 1 e estratificação dos informantes[pic 1]

(A presente amostra contém 12 tipos diferentes de informantes, e por esta causa, a pesquisa constitui-se de 12 entrevistas de cada uma das cidade envolvidas, totalizando 36 entrevistas.)

Primeiramente, iremos definir as variáveis dependentes analisadas e seu contexto fonético seguinte, estas variáveis são a monotongação dos ditongos decrescentes [ay], [ey] e [ow], e sua redução para vogal simples em palavras como: pouco > poco, dinheiro > dinhero, caixa > caxa. Os ditongos [ay] e [ey] foram divididos em seis possibilidades quanto aos contextos seguintes, acompanhados de seus respectivos exemplos demonstrativos: [ʃ′] (peixe), [ʒ] (beijo), [r] (pereira), [k] e [g] (manteiga), vogal (passeio) e outros (queima, baile).

Quanto ao ditongo [ow], por não haver suposição sobre o efeito do contexto seguinte, sua base foi o ponto de articulação, como: consoante labial (roupa), consoante dental (vassoura), consoante palatal (frouxo), consoante velar (pouco), vogal (ou então), pausa (sou). Encaminharemos agora para as amostras do banco de dados VARSUL, especificamente, as ocorrências do ditongo [ey], [ay] e [ow], respectivamente:

[pic 2]

[pic 3]

        [pic 4]

         Podemos observar a diferença nas ocorrências dos contextos seguintes nos ditongos [ey] e [ay]. Enquanto no primeiro há um total de 1.512 ocorrências do ditongos [ey], em que apenas 483 (32%) são monotongadas e nestes, entre os contextos seguintes, os mais utilizados são: [ʃ], [ʒ] e [r]. Já nas 1.037 ocorrências do ditongo [ay] apenas 46 (4%) são monotongadas, nestas o elemento seguinte é o [ʃ]. Entretanto, o maior índice está no ditongo [ow], com uma média que ultrapassa os 90% em todos os contextos seguintes. Deste modo, a análise final foi limitada a apenas os contextos seguintes anteriormente mencionados.

        Analisaremos agora os fatores variável dependente (monotongação) e independente (natureza morfológica, sexo, grau de escolaridade, variedade geográfica, tonicidade, estrutura profunda do ditongo e valor fonemático do ditongo). Estas variáveis dependentes se transformam em vogais, justamente pelo apagamento do glide.

[pic 5]

[pic 6]

[pic 7]

        Como já descritos nos quadros das imagens acima, estes são, respectivamente, a monotongação dos ditongos [ey]-[ay], [ey] e [ow]. A figura 4, correspondendo aos ditongos [ey] e [ay], possuem as seguintes variáveis independentes: natureza morfológica, sexo, grau de escolaridade e variedade geográfica. Sua natureza morfológica é composta pelo ditongo que faz parte da radical (ex: feijão, paixão), ditongo que faz parte do sufixo de plural (ex: movéis, animais) e o ditongo que faz parte de outros sufixos (ex: vendeis, vais).

Quanto à próxima monotongação, presente na quinta figura, demonstrado pelo ditongo [ey], as variáveis independentes foram separadas idênticas aos ditongos mencionados anteriormente, [ey] e [ay]. Sua natureza morfológica é composta apenas por radical e sufixo, exemplos demonstrados respectivamente por: madeira e financeiro. A sexta figura apresenta a monotongação do ditongo [ow], e desta vez, muitas de suas variáveis independentes se distinguem das anteriores, formadas por: tonicidade, estrutura profunda do ditongo, valor fonemático do ditongo e grau de escolaridade. Há também os grupos de tonicidade, estrutura profunda e valor fonemático, no qual apresentaram distinções e foram divididos em fatores próprios.

Portanto, o primeiro grupo, tonicidade, ficou distribuído em: ditongo tônico (açougue), ditongo derivado de tônico (açougueiro) e ditongo àtono (outono). Quanto à estrutura profunda, o ditongo mostra-se separado por: verdadeiro (outro), derivados (solteiro: sowteiro). Neste caso, os ditongos verdadeiros são os fonológicos, enquanto os derivados, ou ditongos fonéticos, são formados pela transformação do /l/ pós-vocálico na semivogal [w]. A distinção para a variável valor fonemático se dá pelo motivo em que a monotongação resulta em uma forma idêntica a outra palavra existente na língua, por exemplo: no ditongo fonemático, a palavra couro se torna coro, no qual é uma outra palavra, por outro lado, no ditongo não fonemático não há semelhança com outras palavras da língua, como em ouro para oro.

Resultados

        Apresentaremos a análise dos resultados da pesquisa. No tratamento quantitativo, contando com o auxílio das amostras do Banco de dados VARSUL, utilizando um total de 3.032 ocorrências na fala de 36 informantes. A regra de monotongação se mostrou mais favorecida, em grau de proeminência, ao grau de escolaridade, o sexo, variedades geográficas, natureza morfológica, tonicidade, valor fonemático e, por último, a estrutura profunda do ditongo. Na análise dos dados, consideraremos a ordem do grau de proeminência. Assim, iniciamos com o “grau de escolaridade”.

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