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BREVE ANÁLISE DO DISCURSO EM A CIDADE E AS SERRAS DE EÇA DE QUEIRÓS: PELO VIÉS DO RECORTE TECNOLÓGICO E DA RESSACA MORAL

Por:   •  31/3/2019  •  Ensaio  •  1.706 Palavras (7 Páginas)  •  221 Visualizações

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BREVE ANÁLISE DO DISCURSO EM A CIDADE E AS SERRAS DE EÇA DE QUEIRÓS: PELO VIÉS DO RECORTE TECNOLÓGICO E DA RESSACA MORAL

Plinio Sabino Sélis[1]

É devido iniciar a análise discursiva com uma breve contextualização sócio-política e cultural da época – século XIX, notadamente de 1801 a 1900. Época em que a euforia tecnológica, propagada pela Revolução Industrial, marcou o século como um período de ascensão de diversas áreas do conhecimento, a exemplo da Física, da Química fina e da Metalurgia, que foram as principais áreas de desenvolvimento cientifico, além das ciências humanas influenciadas por essas mudanças, por meio de novas áreas como a Sociologia e a Psicologia.

No século XIX, o desenvolvimento da Ciência ocorreu, sobretudo, na França e na Alemanha, em um contexto de efervescência filosófica e científica. Os dois países citados foram considerados os berços da moderna ciência, em época que compreender implicava interpretar, criar e analisar discursos ao mesmo tempo, isto é, mesclar elementos mais objetivos menos subjetivos, por um dos pontos de vista: o Positivista.

Relacionando os aspectos, acima mencionados, à breve análise do discurso em A Cidade e as Serras de Eça de Queirós, faz-se uso de dois recortes: o viés tecnológico e o viés de ressaca de fundo moral. Pelo viés da tecnologia, denota-se a sua eficácia ao caracterizar a compreensão, atrelada à discursivização, tornando possível entender diversos aspectos cognitivos humanos, responsáveis pela elaboração, produção e utilização de discursos. Quanto ao viés da ressaca moral, tem-se a sensação psicológica de algo ruim, causada por algum momento ou por situação desagradável, que pode ser notada, primordialmente, no comportamento de Jacinto, personagem principal da narrativa; e, secundariamente, na postura do personagem-narrador, José Fernandes, por meio das observações que faz acerca do amigo.

Recortam-se, então, trechos significativos da obra que caracterizam aspectos da tecnologia e da ressaca moral. A começar pelo aspecto tecnológico, nota-se a inserção do tema no envolvimento do protagonista com a temática, principalmente ao constatar sua forma de pensar na relação entre os dois mundos por onde ele oscila: a cidade e o campo. Há uma condição pretensiosa de crítico acerca do progresso técnico, urgente e rápido, na virada do século XIX para o XX, além de preconização de uma relação entre as elites e as classes subalternas, como se pode notar na atitude de Jacinto, quando da reforma de sua propriedade no campo e da melhora das condições de vida dos trabalhadores. E, pela ressaca moral, além da infelicidade de Jacinto, entediado, doente, magro, abatido, ressaltam-se: a deformação moral dos habitantes da cidade, por sua superficialidade e comportamento luxurioso, conforme o desempenho da personagem Joana, a da cidade, amante de Jacinto; os incidentes da vida moderna que davam tédio a ele, Jacinto; que, com isso, se via decepcionado com a superficialidade das pessoas com quem convive, e com a tecnologia, que sempre o deixava na mão.

Exemplifica-se tal afirmação anterior com alguns trechos da obra, notadamente os que dizem respeito ao espanto do narrador-personagem ao presenciar coisas espantosas, tais como: o funcionamento de um telégrafo; elevador que liga dois andares do palacete; e aparelhos mecânicos, cheios de artifícios, no gabinete de trabalho; a amplidão da quinta de Tormes contrastando com a estreiteza do universo tecnológico do 202, o que aponta para a oposição entre o espaço civilizado, por assim dizer, e o espaço natural, presente em todo o romance; a introdução de algumas inovações no campo, por Jacinto, quais sejam o desenho de futuras hortas, o planejamento de bibliotecas na quinta, o recurso de banheiras e vidros desconhecidos dos habitantes do lugar, a instalação de uma linha telefônica na serra.

Disso tudo, em síntese, a moral sempre aparece no dia seguinte com lembranças que corroem a mente de sua vítima. Jacinto renasce: uma mudança existencial, passando a achar que Paris era uma ilusão, em que tudo era abafado. Assim, na cidade, finda a sua liberdade moral: cada manhã ela lhe impõe uma necessidade, e cada necessidade o arremessa para uma dependência, pobre e subalterna, e a sua vida passa a ser um constante solicitar, em uma sociedade que o enreda em tradições, preceitos, etiquetas, cerimônias, prazer, ritos, serviços mais disciplinares que os de um cárcere ou de um quartel. (Texto publicado, a pedido, na revista Ressaca Literária, Ano 1, nº 2, outubro, 2017, às páginas37 e 38).

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

COMTE, A. Filosofia positivista e o estudo da sociedade. In.: GARDINER, P. Teorias da história. Lisboa: Fundação Gulbenkian, 1995, pp. 90-103.

ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar, 1994.

FONSECA FILHO, C. História da computação. O caminho do pensamento e da tecnologia. Porto Alegre, RS: EDUPUCRS, 2007.

GREIMAS, A. J. Sobre o sentido: ensaios semióticos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1975.

LE GOFF, J. História e memória. Lisboa: Edições 70, 2000.

QUEIRÓS, Eça de. A Cidade e as Serras. São Paulo, SP: Babel, 2012.

SOUSA, Rainer. Arte, ciência e literatura no século XIX. Disponível em:

DÊ-ME UM PONTO, E EU, EM MICRO, CONTO!

Plinio Sabino Sélis[2]

        “Olha, que coisa mais linda, mais cheia de graça [...]” são elas que passam à minha frente: três alunas, sendo uma do curso de Letras, que aqui vou nominá-la de Isabelle; e outras duas de Pedagogia, aqui chamadas de Jamim e Tatiana, e qualquer semelhança, com certeza, não será mera coincidência, de um centro universitário do interior do estado do Tocantins; e, entre elas, a Iba, e salve, salve, então, a intertextualidade. Todos nós estávamos em só ambiente: uma livraria da cidade; então, seguindo à tendência contemporânea deste início de século XXI escrevo sobre o acontecido em forma de microconto, enquanto uma espécie de haiku de cunho narrativo, que se tem definido o mais das vezes, mas não necessariamente, pela extensão de um tweet. Iba disse que havia enviado uma mensagem online a mim, cumprimentando-me por um texto que publiquei na revista Ressaca Literária, Ano 1, nº 2, outubro, 2017 – Breve análise do discurso em A Cidade e as Serras de Eça de Queirós: pelo viés do recorte tecnológico e da ressaca moral, e pedindo uma ajuda sobre o entendimento acerca de microconto, conforme Campos (2011), Rodrigues; Souza (2013), e orientação aos filhos em visas de prestar o Exame Nacional de Ensino Médio – ENEM, conforme Brasil/MEC, 2017. Eis os pontos.

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