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Eu vou ajudar na sua escrita e tradução

Por:   •  25/3/2020  •  Projeto de pesquisa  •  1.142 Palavras (5 Páginas)  •  157 Visualizações

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CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL GETÚLIO VARGAS[pic 1][pic 2]

LINHA CRUZINHAS-INTERIOR- SÃO MIGUEL DO OESTE, ESTADO DE SANTA CATARINA

DICIPLINA: Língua Portuguesa E Literatura

ALUNO: Gabriel Felipe Prado de Moura

PROFESSOR:  Paulo Guilherme Senff

SÉRIE: 3° 02

DATA: 19/03/2020 

O Campo De Fome Nos Arredores De Jasło

(Wislawa Szymborska)

 

[pic 3]

Escreva isto. Escreva. Com tinta comum.

No papel comum: não lhes deram de comer,

Todos morreram de fome. Todos. Quantos?

É um prado grande. Quanta grama para cada um? Escreva: não sei.

A história arredonda os esqueletos para zero.

O mil e um ainda é mil.

Aquele um é como se nunca tivesse existido:

Feto imaginado, berço vazio,

A cartilha aberta para ninguém,

O ar que ri, grita e cresce,

A escada para o vazio que corre para o jardim,

Lugar de ninguém na fileira.

 

E se fez carne, aqui, no prado em que estamos.

E ele silencia como a testemunha comprada.

Ao sol. Verde. Ali pertinho o bosque

Para mascar a madeira, sorver de sob a cortiça

Uma porção da vista cotidiana,

Até que se fique cego. No alto, um pássaro,

Que passava pelas bocas sua sombra

De asas nutritivas. Abriam-se as mandíbulas,

Batia o dente no dente.

 

De noite no céu reluzia a foice e ceifava agosto para os pães sonhados.

Vinham voando as mãos dos ícones enegrecidos,

Com cálices vazios entre os dedos.

No espeto de arame farpado

Balançava um homem.

Cantavam com terra na boca. Uma canção linda

Sobre a guerra que atinge direto o coração.

Escreva: que silêncio aqui.

Sim.

[pic 4]

“Quando pronuncio a palavra FUTURO
a primeira sílaba já se perde no passado.
Quando pronuncio a palavra SILÊNCIO suprimo-o.
Quando pronuncio a palavra NADA
crio algo que não cabe em nenhum ser”

Wislawa Szymborska

                Maria Wislawa Anna Szymborska, nasceu na cidade de Kórnik, no dia 2 de julho do ano de 1923, escritora Polaca conquistou o Prémio Nobel na área de literatura (1996). Seus grandes trabalhos como poemas, ficara amplamente conhecidos por todos. Além de uma grande escritora Wislawa foi tradutora, viveu na cidade de Cracóvia onde se formou em Filologia Polaca e Sociologia pela Universidade Jaguellonica. Suas obras traduzidas para 36 línguas. Wislawa Szymborska morreu no ano de 2012, deixando-nos com suas obras pujante.

        Entre suas obras O Campo De Fome Nos Arredores De Jasło, foi uma de seus melhores opúsculo, poema escrito durante o passar de sua vida, sendo que cada palavra que escreves e uma vivencia que tenha passado ao trabalhar nas linhas férias para evitar a deportação para o território do Terceiro Reich.

            Poema se passa durante a segunda guerra mundial. Os primeiros versos do poema podemos captar sua proposta poética.

Escreve isto. Escreve. Com tinta comum em papel comum: não lhes deram comida, todos morreram de fome. Todos? Quantos? 

A marcação em itálico seja do eu lírico deixa uma dúvida ao leitor, pois Wislawa foi uma escritora que ficou conhecida, por dar voz para quem historicamente não tinha. O eu lírico neste verso e um elemento externo que está sendo demandado pela instância da memória e do testemunho. A intenção do eu lírico no poema e que ele descreva a destruição da cidade de Jasło e o horror e a fome que foram infligidos aos seus habitantes.  

[…] Todos? Quantos? É uma grande campina. Quanta grama coube a cada um? Escreve: não sei. A história arredonda os esqueletos para zero. Mil e um é sempre e apenas mil. Esse um, é como se nunca existisse: embrião imaginado, berço vazio, cartilha aberta para ninguém, ar que ri, grita e cresce, escada para um vazio que corre para o jardim, lugar de ninguém na fila.

A estatística histórica aqui é cruel e apaga o vestígio de um ser vivente que, no entanto, nasceu, cresceu, foi importante para alguém, como observa a interlocução do eu lírico. Para aquela história oficial, é como se esse indivíduo nunca tivesse existido: friamente, um corpo a mais, um corpo a menos não altera o assombro dos dados. A multidão de anônimos – o “alguém” que recolhe os cadáveres, que limpa as estradas, que mergulha no lodo para fazer a faxina e o “ninguém” que perece nos campos, morrendo de fome, passando à margem pelas páginas da grande história.

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