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Homenagem a Natércia Campos

Por:   •  4/8/2015  •  Dissertação  •  3.025 Palavras (13 Páginas)  •  570 Visualizações

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Homenagem à grande autora Natércia Campos (1938-2004)

Em 1938, na cidade de Fortaleza, nasceu Natércia Campos. Filha do contista José Maria Moreira Campos e Maria José Alcides Campos, a D. Zezé. Seus irmãos: Marisa e Cid. Teve seis filhos: Catherina (também escritora), Emanuela, Clarissa, Carolina, José Tomé (falecido) e Rodrigo.

Estreou na literatura em suplemento literário do jornal O Povo. Em 28 de fevereiro de 2002 tomou posse nesta Academia de Letras, a mais antiga do país, 110 anos, ocupando a cadeira número seis, cujo patrono é Antônio Pompeu de Sousa Brasil, sucedendo Francisco Alves de Andrade e Castro; integrou a Sociedade Amigas do Livro (SAL); trabalhou na Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (SECULT), no setor de editoração; coordenou o stand do autor cearense, desde a primeira Feira do Livro e por esta razão o referido stand, da Feira deste ano, receberá o seu nome; integrou o Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Estado do Ceará.

Natércia foi merecedora de vários prêmios literários, tais como: IV Bienal Nestlé de Literatura Brasileira (obra de contos: Iluminuras), em 1988; 2o. Concurso literário Banco Sudameris, com o conto: A Escada e Prêmio Osmundo Pontes de Literatura, com o romance: A Casa, em 1999.

Deixou-nos as seguintes obras:

* A ESCADA”- Conto “Quem conta um conto” (seleção) pela Editora Expressão Ltda._ São Paulo, 1987 e no Almanaque de contos cearenses – Ano 1, No. 01, pela Editora Bagaço – Fortaleza, 1997, organizado por: Elisângela Matos, Pedro Rodrigues Salgueiro e Tércia Montenegro.

* “ILUMINURAS” – Contos, Livro da 4a. Bienal Nestlé de Literatura Brasileira, pela Editora Scipione Ltda. _ São Paulo, 1998. (Obra reeditada em 2002)

* “O JARDIM” – Conto “Antologia do Conto Cearense” _ Edições Tukano – Fortaleza, 1990 – Prefácio de Rachel de Queiroz – Organização Mary Ane Leitão Karam- Ilustrações de Mário Sanders.

* “PENITENTES”- Contos “Antologia – O Talento Cearense em Conto ”. Editora Maltese – São Paulo, 1996 – Organização Joyce Cavalcante.  

* “A NOITE DAS FOGUEIRAS” (História) – 1998. Comentários de Rubens de Azevedo e prefácio da autora. Obra publicada pela Fundação Demócrito Rocha.

* “POR TERRA DE CAMÕES E CERVANTES” (Viagem), publicado também em 1998. (Escrita após viagem à Península Ibérica.)

* “A CASA” (Romance), publicado em 1999 e reeditado neste ano pelas Edições UFC, apresentando única epígrafe: “O Destino conduzia seus cavalos na noite...”, de seu querido escritor Luís da Câmara Cascudo.

* “CAMINHO DAS ÁGUAS” (Viagem), publicado em 2001.

A obra A Casa foi listada para o vestibular da Universidade Federal do Ceará (UFC)-2005. Seu conto “Almofala” foi publicado neste ano na Antologia de contos cearenses, organizada pelo escritor Túlio Monteiro. O poeta Virgílio Maia, em sua obra: Palimpsesto e outros sonetos (publicado em 1997 e reeditado neste ano) apresenta poemas em homenagem à Natércia, como: SONETO COM MOTE DE NATÉRCIA CAMPOS, SONETO D’A CASA D’AS TRINDADES e  ILUMINURA.

NATÉRCIA versus NATÉRCIA: parte 1

Tive a ventura de ter uma biblioteca na casa de meus pais e toda a liberdade para ler o que desejasse.”

Até hoje quando releio alguns dos meus livros, todos velhos e queridos amigos, volto no tempo. Esse regresso feito em silêncio me comove, pois cada vez que os visito são ainda melhores e mais nos entendemos. Todos são companhia sagrada. Soam como música dentro da minha alma. Já afirmava o genial Borges: “Uma forma de felicidade é a leitura.” ”

Ele me pôs nas mãos o “Dicionário do Folclore Brasileiro”, de Luís da Câmara Cascudo. Foi esse livro a minha bússola. Com ele segui como os antigos pastores da Mesopotâmia que se guiavam pelas estrelas e por elas sabiam dos caminhos da terra. [A autora refere-se ao seu tio Hildebrando Espínola, pai do autor cearense Adriano Espínola] (...) “Enveredei em torno dos sociólogos, historiadores, antropólogos mestres incontestes do folclore brasileiro. Palmilhei “Os Sertões”, de Euclides da Cunha; os “Capítulos da História Colonial”, de Capistrano de Abreu; “Os cantadores e Violeiros do Norte”, de Leonardo Mota; e “Usos e Superstições Cearenses”, de um dos maiores pesquisadores de nossa terra _ Guilherme Studart. Fui em busca do genial sergipano Sílvio Romero, com seus “Cantos e Contos Populares do Brasil”; pela “Pequena História do Ceará”, do nosso Raimundo Girão; pelo “Peão”, do épico Gerardo Melo Mourão; pelas “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda. Li “Guerreiros do Sol_ o banditismo no Nordeste do Brasil” _ livro sobre Sociologia do cangaço, do gentil-homem, meu amigo, Frederico Pernambucano de Mello, cujo prefácio escrito por Gilberto Freyre o consagra. Emocionei-me com o “Romance d’A Pedra do Reino” e o “O Auto da Compadecida, clássicos, do maior artista contemporâneo em todas as artes_ o heráldico Ariano Suassuna, amigo muito querido e a quem tanto admiro.

Tenho sedução por cheiro de mato, de terra, de gado, de café torrado em alguidar de barro _ “café donzelo”, de assistir ao repiquete de um rio, aboios solos na hora do Ângelus, quando os sinos distantes da matriz tocam, nos campanários, as Trindades, e o sereno cai, trazendo seus maléficos. Percorro em silêncio uma casa de farinha, com sua boca de forno a lenha. Pareço, às vezes, escutar chocalhos e o canto de galos, a clarear manhãs de sol a coar-se pelas telhas. Vejo fiapos de névoa na risca das serras verdes, clarão de relâmpago, noite de lua e a fuga pelos da luminosa zelação, a estrela cadente, seguida do pedido: Deus te guie. Ouço o baque de frutas espatifando-se no chão molhado, onde se vêem, nítidos, rastros de gente e bichos. Por vezes, escuto o canto da chuva em horas mortas, banhando uma velha casa de duas águas, equilibrada num cerro, cercada de alpendres escorados em colunas, onde o vento dia e noite entra solo a percorrer salas e quartos, trazendo as frias manhãs e a viração dentro mormacenta das tardes, que penetram na noite e tangem o cheiro das velas bentas nos santuários. É quando, ao anoitecer, ao som das contas dos terços e ao embalo doce das redes a gemer nos armadores chegam as mansas conversas e sonhos.”

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