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O Auto da Barca do Inferno, 1517

Por:   •  15/11/2016  •  Abstract  •  1.086 Palavras (5 Páginas)  •  317 Visualizações

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O Auto da Barca do Inferno, 1517

“O Auto da Barca do Inferno” representa o juízo final católico de forma satírica e com forte apelo moral aos valores defendidos pela Igreja de modo a realizar uma própria crítica a sociedade em que Gil Vicente, ator do texto, vivia.

O cenário é constituído por uma espécie de porto no qual encontram-se a barca que levará os merecedores ao céu e a barca que levará os pecadores ao inferno. Os personagens chegam um atrás do outro e basicamente defendem o porque têm de ir para o Céu.  O anjo e o Diabo se fazem presentes como ferramentas argumentadoras uma vez que o primeiro apresenta a sentença final do morto e o segundo manipula-o a ir para a sua barca. Cada personagem que chega ao porto carrega uma coisa com sigo, representando um valor que é prezado por este ou a sua cultura. Deste modo, os personagens, a sua destinação final, o objeto carregado, o argumento apresentado para ir ao Céu e a causa da ida ou não para o inferno, encontra-se a seguir:

  1. Fidalgo (nobreza) – traz consigo , O personagem afirma que deixou na Terra muitas pessoas rezando por ele (que haviam sido pagas para isso) e que por esse motivo deveria ir para o Céu já que estaria retirando seu pecados. No entanto, o anjo afirma que tal cerimonia não seria considerada um ato de arrependimento e o homem acaba indo ao inferno por acusações de tirania e luxuria. Ademais, quando o personagem dirige-se para a barca do Diabo, implora para este a chance de rever sua amada mulher, a qual estaria sofrendo profundamente por sua perda. Entretanto, o representante do inferno ri de sua cara e afirma que a mulher o havia enganado e estaria festejando a sua passagem.
  2. Onzeneiro – traz consigo, O personagem afirma que a barca do Anjo vai vazia e que, portanto, deveria ir nesta. No entanto, o Anjo afirma que este deveria ir para o Inferno por ganância e avareza uma vez que cobrava de pobres pessoas juros extorsivos e injustos e que sua cobiça ocuparia o barco inteiro. Ademais, ao chegar na barca do inferno, o homem tenta convencer o Diabo a voltar a Terra para buscar sua riqueza mas este nega tal absurdo.
  3. Parvo (tolo, ingênuo) – O personagem chega ao juízo final e primeiramente é enrolado pelo Diabo, que teta fazê-lo entrar em sua barca mas o personagem percebe e vai falar com o anjo. No entanto, o homem não possui uma destinação imediata uma vez que o anjo não sabe se o leva para a sua barca ou não. Deste modo, o personagem fica no aguardo até o final da narrativa para ver se teria espaço para esse. Durante o enredo, esse protagoniza-se como ajudante do anjo nas decisões do destino dos demais integrantes da história. Ao final, o Parvo acaba indo para o céu devido sua humildade.
  4. Sapateiro (burguesia) – O personagem chega ao cenário da trama com um avental e cheio de ferramentas do oficio. O homem argumenta que havia rezado uma série de missas e que por isso seria um fiel seguidor de Deus. No entanto, o anjo afirma que este havia roubado e enganado o povo, cobrando mais pelo material. Deste modo, este acaba se dirigindo a barca do inferno.
  5. Frade (clero) e Florença (amante)– O homem chega cantarolando acompanhado de sua amante Florença. O padre declara que por ser um seguidor de Deus, deveria ir para a barca do céu. No entanto, o Anjo argumenta que este não seguiu fielmente os princípios da igreja e cedeu a luxuria uma vez que teria relações sexuais com Florença. Logo, o Frade reluta propondo e lutando esgrima mas no final se destina a barca do inferno juntamente com Florença.
  6. Brígida Vaz (alcoviteira) – Chega ao cenário carregando três baús (supostamente com feitiços). Tenta convencer ao anjo que deveria ir para o céu já que passou maus bocados em sua vida. No entanto, este a acusa de prostituir meninas enganando a 600 homens, afirmando que estas eram virgens quando não eram. Deste modo, esta prossegue a barca do inferno acusada de prostituição e feitiçaria.
  7. Judeu (não cristão) – O judeu chega ao porto com um bode. O personagem é julgado por não praticar os valores defendidos pela Igreja católica, como por exemplo, este comer carne no dia de Páscoa. Deste modo, o homem têm de convencer o Diabo a leva-lo com o seu bode e acaba conseguindo desde que fosse apenas guinchado e não entrasse efetivamente na barca. (nem chega a falar com o Anjo)
  8. Corregedor e Procurador – Os personagens chegam ao porto carregados de processos e com uma vara. Os personagens acabam desbancados pelo Diabo uma vez que este afirma que tais homens recebiam propina para mudar o curso dos processos e que, portanto, não eram merecedores da barca do céu. Não convencidos, se dirigem ao Anjo e não obtêm muito sucesso, sendo julgados por manipularem a justiça em beneficio próprio. Ao entrarem na barca do inferno, demonstram certa familiaridade com a personagem Brígida Vaz, se inferindo uma certa prestação de serviços entre estes.
  9. Enforcado – O personagem chega ao juízo final acreditando que seria destinado a barca do céu uma vez que teria sido enganado pelo Mestre da Balança da Moeda de Lisboa que afirmava que o criminoso já poderia ser considerado um santo canonizado devido aos sofrimentos de sua vida e o próprio enforcamento.  No entanto, ao argumentar com o Diabo, este relata que aquilo não era considerado um perdão no mundo divino. Deste modo, nem chega a falar com o anjo e dirige-se direto para a barca do inferno.
  10. Cavaleiros – Chegam ao porto carregando cada um uma cruz de cristo. Além disso, cantarolam com suas espadas e escudos. Os quatro cavaleiros passam reto pela barca do diabo e vão direto a do céu alegando que quem morre por Deus não vai na em uma barca como aquela( teriam morrido nas cruzadas). Ao falarem com o Anjo, este concede passagem sem maiores problemas e assim embarcam.

Humanismo

Gil Vicente viveu em uma época de transição a sociedade medieval (teocentrismo) e a do Renascimento (antropocentrismo). Deste modo, em sua obra encontra-se uma forte valorização da fé cristã mas, ao mesmo tempo, o pensamento racional e argumentativo que os personagens tinham, simbolizando o antropocentrismo.

Gil Vicente

-Formação Universitária

-Prestígio na Corte – apresentação de peças para a nobreza

-Ourives e Mestre da Balança da Moeda de Lisboa

-Obras moralistas[pic 1][pic 2]

-Crítica amortecida pelo humor

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