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O Histórico e Romantismo no Brasil

Por:   •  27/12/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.775 Palavras (12 Páginas)  •  289 Visualizações

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“Nós tivemos no Brasil um movimento espiritual (não falo apenas de arte) que foi absolutamente ‘necessário’, o Romantismo” – Mário de Andrade

1. Introdução:

O presente estudo tem como objetivo uma sucinta análise acerca do Romantismo Brasileiro, levando em conta seu contexto histórico, mas também suas influências internacionais; suas principais características, produções literárias e linguagens peculiares, bem como uma análise do romance “O Guarani” (1857), de José de Alencar, obra que é considerada a precursora do Romantismo no Brasil, justamente por sua proposta estética e literária devidamente harmonizada com o projeto artístico dos autores românticos brasileiros.

2. Contexto Histórico e Romantismo no Brasil:

Caráter e percepção romântica sempre existiram. A condição de alma romântica pode ser obtida em qualquer época e período, particularizando-se pelo amor à natureza, a personalidade visionária, a fé, a liberdade, o sentimento nostálgico e a emoção.

No século XIX, essa índole e emotividade se apresentaram com tanta força que chegaram a definir um modo de época: o Romantismo, nas palavras de Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa, na Enciclopédia de Literatura Brasileira (2001):

É mister distinguir na palavra dois sentidos. De um lado, significa uma das constantes do espírito humano, um temperamento ou qualidade da alma, caracterizado pela exuberância, idealismo, forma subordinada ao conteúdo, e aparecendo em todas as épocas da humanidade, às vezes alternando-se pendularmente com o temperamento clássico. Do outro lado, é um movimento artístico e literário, de caráter internacional, unificado pela prevalência de traços de estilo comuns aos escritores e artistas do período ocorrido no século XIX.

A ideia central nas décadas finais do século XVIII e no início do século XIX era liberdade. O Romantismo transgride com a tradição clássica e desperta caminho para a modernidade.

A burguesia louvava o liberalismo econômico e a democracia no espaço preparado pelos filósofos iluministas da primeira metade do século XVIII. Décadas depois, a revolução se espalha pela Europa. As ideias de liberdade, igualdade e fraternidade atingiram os espaços populares – o campesinato e os trabalhadores das grandes cidades -, agrupando-os para a demolição dos regimes absolutistas.

O Arcadismo não largara de ser em substância um prolongamento do Classicismo, com seus paradigmas e normas, ao passo que os românticos, num ambiente de liberdade e modificação, puderam, de fato, apresentar um rompimento com os arquétipos predeterminados e a total liberdade de criação.

O novo público consumidor, de procedência burguesa, não mais acatando os modelos clássicos que denotavam um entendimento estagnado do mundo, prescreve novos valores: o apego às tradições nacionais, a predileção pelas lendas e narrativas de ascendência medieval e pelo heroísmo; o martírio e o sangue derramado, que evocavam o recente passado revolucionário, e a confirmação das nacionalidades. De acordo com Afrânio Coutinho (1986, pg. 4):

O uso da palavra Romantismo e seus derivados em crítica literária já foi historiado de maneira completa. Remonta ao século XVII na França e na Inglaterra, com referências a certo tipo de criação poética ligado à tradição medieval de “romances”, narrativas de heroísmo, aventuras e amor, em verso ou em prosa, cuja composição, temas e estrutura – particularmente evidenciadas em Ariosto, Tasso e Spencer – eram sentidas em oposição aos padrões e regras da poética clássica.

No Brasil, o Romantismo envolve-se de um forte conteúdo nacionalista e de glorificação dos elementos nacionais, pois condiz ao nosso momento de luta pela autonomia política e de consolidação da nossa nacionalidade. A literatura é utilizada como forma de ação política e social, através da poesia inovadora e abolicionista.

Todos os movimentos que decorreram o Romantismo e que manifestam oposição e negação de tudo quanto possa impossibilitar a liberdade criadora são, de certa maneira, uma continuação dele.

O Romantismo adotou a primazia do sentimento, reagindo contra as características racionalistas do Classicismo. O romântico é um sonhador, pretendendo modelar o mundo a seu gosto, tendo como principais características um acentuado subjetivismo; a pregação pela liberdade estética, retomando os temas da Idade Média; culto ao passado; valorização do “eu” do homem, e o domínio da imaginação.

O Romantismo foi introduzido no Brasil em 1836 com a obra “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães. Esta corrente artística em solo brasileiro se adaptou aos sentimentos nacionalistas da época, ou seja, revestiu-se de um expressivo cunho nacionalista, logo após a nossa independência política, o que reforçou a busca de elementos caracterizadores e diferenciadores da nossa nacionalidade, começando por adotar como tema central o Indianismo. Daí o forte sentimento de fidelidade à pátria e às suas tradições e a criação de símbolos que pudessem ser adicionados à consciência nacional e passassem a representar o país, entre eles, o índio, a natureza e a linguagem, consoante com as palavras de Bernardo Ricupero (2004, pg. 79):

Assim como o romantismo europeu, o romantismo latino-americano é principalmente uma reação ao fim do Antigo Regime. Sua confusa tarefa, nos dois lados do Atlântico, será, dessa maneira, tanto destruidora como construtora. Considera que é preciso pôr fim às antigas formas políticas, estéticas e de pensamento, substituí-las por formas novas, reagir a essas novas criações etc.

O índio substitui os heróis da Idade Média adotados na Europa, pois simboliza o elemento puro e é o único brasileiro do passado, sendo, portanto, o representante da raça brasileira com as virtudes do homem nacional, como elementos de autoafirmação e, de certa forma, de oposição ao português colonizador.

Na literatura romântica brasileira, o índio é caracterizado de forma nobre, fazendo de certa forma analogia ao cavaleiro medieval europeu. A exuberância tropical da natureza brasileira era um dos símbolos românticos preferidos; nos movimentos literários anteriores, os escritores mantiveram-se presos aos moldes portugueses, porém, no Romantismo, e, sobretudo com José de Alencar, a linguagem busca o elemento nacional, dessa forma, incluem-se regionalismos, termos indígenas, expressões e construções de caráter brasileiro.

Não obstante, o nacionalismo romântico e a procura do passado dificultaram diversas vezes uma perspectiva

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