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O LIMITE DA ENTREGA

Por:   •  26/11/2022  •  Abstract  •  8.257 Palavras (34 Páginas)  •  59 Visualizações

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O LIMITE DA ENTREGA

Que céu latino é esse?

Tão feroz, selvagem e bruto

Quanto as palavras não pensadas

Ah! Se, suor fosse apenas físico

Se, não fosse um grande desastre

O encontro do mítico com a realidade

Que céu latino é esse?

Que expele suor por toda parte

Teto, chão, parede e desejos bizarros;

Apenas carne.

Mãos gélidas, caladas.

Que céu latino é esse?

Que ferve o sangue dentro

Da jarra de porcelana

Que me nega a bebida momentânea

Mas, lambe meu suor sem que eu perceba;

Que me entrega o veneno

Mas o teme beber.

Que céu latino é esse?

Em que um livro se torna desculpa

Um segundo se prolonga

A palavra muda enlouquece

E Nua se entrega ao

Precipício.

A CATÁSTROFE DO RISO

O teu rosto estarrecido

Anunciava o fim de um ciclo

Eu ri timidamente

Aprisionei por trás do riso

Choro, dor, mutilações, escalpelamentos

Nenhum som em minha boca

Ri somente, salivava desabores brutais

Músculos contraíam-se involuntariamente. Cirurgias não devolveriam

Meu riso natural.

Ias partir.

Uma nuvem avassaladora e fria saiu de tua boca

Trazendo palavras trêmulas como um trovão na madrugada,

Como a força de um motor

Meu riso era demoníaco e desarmonioso

Como catedrais sem seus cânticos

Minhas mãos, únicas responsáveis pelas chagas abertas

Petrificaram. Não conseguiam reduzir a velocidade

De tua decisão.

O ciclo, a Era, caíram no rio de água barrenta

Como caem todas as coisas.

O riso era o contraste

Da vontade desesperada de maquiar o estrondoso grito

Contudo,

Mesmo esmagado pelos escombros da partida

Agarrado a uma dor que parecia não ter fim

Que soava em minha cabeça como batidas de martelo.

Continuavas

A acariciar meus olhos.

.

A CULPA

Ficarei com toda a culpa e perdões

No fim,

Foi isso mesmo.

Os anos, em saltos quânticos, envelheceram.

A falta d’ água secou a pele. Veio a sede, as células mortas.

As palavras finitas foram escritas esgotaram-se de tantas combinações impossíveis.

Monótonos, passávamos pelos lugares

Sem deslumbre algum. Sem novidades

Ficarei com toda a culpa

Por não perceber o brinco cheio de luzes, o corte de cabelo,

Tuas unhas feitas à francesinha.

Fico com todos os teus pedidos não atendidos

O filme que não assistimos

A fotografia que não registramos. Os risos que não mais nos acordavam.

Levarás contigo as insistentes tentativas

Os esforços Unilaterais e finitos.

As mágoas. Sei que não posso roubá-las de ti

Sem usar as mesmas mentiras que te fizeram

Desacreditar em desculpas; em palavras que carregam apenas sons.

Os erros, as lembranças,

Não os desprezarei.

Deitarão em mim todas as noites.

Perdões, nem mesmo os cristãos

Ousariam prometer-me

Carrego a culpa

Por ter me entregue

À morte física, moral e meta-física.

À LÁPIS

Traço minha feiúra moral

Numa caricatura

Tão severa profunda e turva

Chego a afastar a água

Como um profeta em fuga

O mar se abre ao ver tal desenho

O mar é demais imenso

A caricatura sem bússola e velas

À deriva, some, desmancha

O mar se fecha, engole dezenas delas.

Imagens mimetizadas a lápis

Somem...desmancham

Corre o lápis sem ponta

Ávido de vontade insatisfeita

Fazer nascer o sensível

Noutro rabisco na areia.

CURAS

Não se cobre o mundo com tinta guache e arco-íres

As nuvens não passam de gotas dágua solitárias;

Suicidam-se coletivamente.

Cobre-se o mundo com

Película de borracha envelhecida.

Que esturricou, rachou

De tanto falsos sois e “ismos”

Perfectíveis de espírito e mente

Homens e supra-homens nascidos de cânceres

Planejam guerras e curas; cobrem o mundo com peles

Artificiais.

Seus próprios rostos

Puro plástico, poliestileno, petróleo, transplantes.

A pele racha com o tempo

O cérebro emborrachado, nada maleável

Também enrijece, escurece.

No jardim brotam sementes, óleos, compostos, fragâncias, drogas, juventude eterna,

Células-tronco, células-vida.

As ideias permanecem atrofiadas. Paraplégicas.

Igrejas cheias de almas desesperadas compram espaço onde não há morte

Deuses sofrem por elas em troca de trocados, bebidas e cigarros.

Engana-se o tempo com um disfarce,

A pele petro-poli-plástica.

Adiamos a partida

Anestesiamos a dor física que nos consome.

Só, não se descobre

A razão de ser o homem

Sofrível.

A SOMBRA QUE ME BEIJA A BOCA

Virei na esquina do mundo

Li na lágrima que caía da janela

O perfume que teu andar deixava

Escorregadia calçada

...

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