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O papel do negro na Literatura

Por:   •  19/9/2015  •  Artigo  •  3.026 Palavras (13 Páginas)  •  698 Visualizações

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AVM Faculdade Integrada

Língua Portuguesa

Priscila Silveira Namiuti

Referências ao negro na literatura brasileira do século XIX

São José dos Campos

2014

AVM Faculdade Integrada

Língua Portuguesa

Priscila Silveira Namiuti

Referências ao negro na literatura brasileira do século XIX

Artigo científico apresentado à

AVM Faculdade Integrada como parte integrante

do conjunto de tarefas avaliativas da disciplina

de Trabalho de Conclusão de Curso.

João Francisco Sinott Lopes

São José dos Campos

2014

RESUMO

As referências ao negro, na literatura brasileira do século XIX, ainda que sob um contexto abolicionista, não reconhecem devidamente sua importância, visto que sua representação é ainda carregada de estereótipos. A obra romântica “A Escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães, ressalta a beleza de uma escrava – porém, uma escrava branca. No Realismo/ Naturalismo, “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, a figura do negro está em uma posição inferior a do homem branco português e seu comportamento reproduz características animalescas. Considerando que a intolerância às diferenças ainda se faz sentir em diversos contextos da sociedade brasileira na atualidade, analisar essas referências literárias e discutir, a partir delas, a perpetuação do preconceito racial é, portanto, de fundamental importância para se realizar um ensino de literatura mais reflexivo e contundente.

PALAVRAS-CHAVE

Literatura; negro; preconceito.

INTRODUÇÃO

As referências ao negro na literatura brasileira do século XIX corroboram a igualdade racial ou perpetuam o preconceito?

Apesar de a figura do negro estar presente na literatura brasileira do século XIX, nota-se que essa referência nem sempre corroborou os ideais abolicionistas presentes nesse século. Ao negro foram, por vezes, imputados os papéis menos relevantes ou estereotipados, um dos fatos que demonstram que, mesmo em uma sociedade à beira da abolição da escravatura, permanecia o preconceito.

É mister esclarecer que essa literatura possuía, certamente, características da ideologia branca, a qual era dominante. Dessa forma, as obras literárias que serão analisadas no presente trabalho constituem uma literatura sobre o negro, apresentando-o como objeto a ser observado, e não como sujeito. Tal abordagem apresenta, não raro, uma visão estereotipada do negro no Brasil.

Assim, é possível observar que a cor negra estava diretamente relacionada com aspectos negativos: a maldade, a irracionalidade, a sensualidade animalizada, a feiura.

Mesmo quando há, aparentemente, uma tentativa de valorizar a figura do negro, percebe-se a perpetuação do estereótipo – o negro “aceito” é aquele que, por seus traços físicos, aproxima-se mais do branco. “Escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães, é exemplo de obra literária do século XIX que revela esse aspecto – Isaura, a escrava branca, representa evidentemente a beleza associada a características do branco europeu, considerado como superior.

Tendo em vista que o país sofre, ainda, com os resquícios da intolerância racial, é de suma importância fomentar - por diversos meios possíveis, inclusive por meio da literatura – discussões sobre a valorização ou desvalorização do negro na sociedade.

Ao educador também cabe essa tarefa, promovendo a reflexão através do ensino de literatura. O presente trabalho justifica-se, portanto, ao contribuir para a ampliação dos estudos relacionados à abordagem do negro na ficção brasileira do século XIX.

O presente trabalho objetiva verificar a presença do preconceito e de ideias que corroboram a diferença entre raças em textos de autores brasileiros do século XIX.

Além disso, possui como objetivos específicos: conhecer o tipo de abordagem do negro, realizada pelos autores Bernardo Guimarães e Aluísio Azevedo, na literatura brasileira do século XIX; evidenciar os estereótipos do negro presentes nessas obras e demonstrar a presença da ideologia branca na abordagem do negro, colaborando para a perpetuação do preconceito.

A abordagem teórico qualitativa é utilizada para compreender detalhadamente o porquê das coisas. Segundo Goldenberg (1999), nesse tipo de abordagem não há preocupação com representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, entre outros.

Para abordar a presença do discurso abolicionista ou do preconceito racial nos textos literários escolhidos (A Escrava Isaura e O Cortiço), utilizar-se-á a pesquisa qualitativa, observando como se dá a relação entre negros e brancos nessas ficções, a descrição do negro e da sua posição na sociedade, os recursos linguísticos empregados para tratar do preconceito, como a ironia, entre outros aspectos relevantes, realizando assim uma investigação teórico-interpretativa.

Esse trabalho basear-se-á em leituras críticas referentes às obras literárias escolhidas, às escolas literárias a que elas pertencem e às imagens do negro na sociedade, realizadas por Antonio Candido, David Brookshaw, Heloísa Toller Gomes, entre outros autores.

Buscar-se-á, por meio da interpretação de trechos dos textos literários, fundamentada pelos autores supracitados, as marcas do preconceito racial nessas obras literárias brasileiras do século XIX.

REVISÃO DE LITERATURA

A literatura não se limita certamente a proporcionar entretenimento. Através dos textos literários, é possível fomentar reflexões sobre diversos assuntos, conhecer contextos históricos, sociais e econômicos diferentes, bem como entender melhor a própria natureza humana. Por esse motivo, é fundamental perceber o texto literário como um disparador de questionamentos, pelos quais o indivíduo constrói sua visão de mundo, de si mesmo e dos outros. Segundo Facina (2004, p.25), a literatura

[...] expressa visões de mundo que são coletivas de determinados grupos sociais. Essas visões de mundo são informadas pela experiência histórica concreta desses grupos sociais que as formulam, mas são também elas mesmas construtoras dessa experiência. Elas compõem a prática social material desses indivíduos e dos grupos sociais aos quais eles pertencem ou com os quais se relacionam.

Dessa forma, ao se considerar essa função social, é possível inferir que a formação do indivíduo se dá, também, pelo contato e pela relação que estabelece com o texto literário. Segundo Candido (2000, p.68), a literatura

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