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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - CAMPUS REALEZA CURSO DE GRADUAÇÃO EM LETRAS: PORTUGUÊS E ESPANHOL – LICENCIATURA

Por:   •  5/7/2017  •  Tese  •  1.237 Palavras (5 Páginas)  •  457 Visualizações

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[pic 1][pic 2] UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - CAMPUS REALEZA CURSO DE GRADUAÇÃO EM LETRAS: PORTUGUÊS E ESPANHOL – LICENCIATURA

Acadêmica: Marciele Mariza Zuge

Livro: Balada da praia dos cães – José Cardoso Pires

Personagem analisado: Filomena de Ataíde

Filomena de Ataíde (Mena)

A história se dá em um contexto político de Portugal nos anos 60, gerido por um regime fascista sob a ditadura de Salazar (1932 a1974), que só se findou com a Revolução dos Cravos. Segundo registros, o autor José Cardoso Pires escreve este romance baseado em um caso real que abalou Portugal nos anos de 1960, o autor descreve personagens reais, mas detalhados e nomeados de maneira fictícia. Ainda de acordo com registros, após o grande sucesso e repercussão que teve o livro, alguns dos personagens reais deram entrevistas em jornais e televisão.

No ano de 1983, José Cardoso Pires dá uma entrevista ao Diário de Lisboa, indagando sobre a sociedade de Portugal na época que ocorreu o crime que ele descreve no livro, dizendo o seguinte:

“Naquele crime está o país todo, estamos todos nós. Está tudo em jaulas. Enjaulados em gabinetes, em quartos, em casas, em celas, com polícias por todos os lados, é o tempo da sociedade do terror burocrático.”

 

O livro trás a trama fictícia emaranhada no contexto real da época, relatando um crime que realmente ocorreu. Elias Santana chefe da brigada, também conhecido como Covas, assume no livro um papel meio que entrelaçado com o narrador, pois em respectivos momentos é o chefe da brigada que descreve os personagens e as cenas da trama, bem como, também faz parte como um personagem ativo.

É através de Elias Santana, que a principal personagem feminina do romance é descrita: Filomena de Ataíde, ou simplesmente Mena.

Mena é descrita como uma mulher ainda jovem, com um corpo atraente e olhar fatal, com coxas poderosas e curvas sinuosas que desnorteiam qualquer homem com sua beleza, o tipo de mulher independente e liberal, diferente do que se espera de uma jovem da época. Ela retratada por se rebelar contra seu destino, frequenta círculos estudantis revolucionários, e torna-se então, amante do Major Dantas Castro (cadáver encontrado na praia).

Durante sua vida com o Major, Mena sofre vários abusos e violências do mesmo, que escondia atrás da carapuça de revolucionário, um grande machista que tinha a convicção de que as mulheres existiam exclusivamente para o seu prazer. Em depoimento ao chefe da brigada, Mena desnuda-se mostrando nas costas as marcas de queimaduras que o Major fez com cigarros, estas marcas, segundo ela, eram feitas por ele após não conseguir manter relações sexuais com a bela mulher, e por frustração a violentava. Nas mãos do Major, Mena sofreu violências físicas, sexuais e psicológicas.

Mena foi detida no Novo Hotel Residencial, e foi acusada de estar envolvida na morte do Major, juntamente com outros cúmplices. Os constantes maus tratos a Mena e aos companheiros da casa em que viviam, e que ele considerava inferiores intelectuais, são descritos por Mena de uma maneira brutal, dando a entender que os suspeitos eram talvez mais vítimas que a própria vítima.

Ao ser interrogada por Elias, Mena de certa forma também passa por situações de violência, sendo psicológica, pois é obrigada a descrever nos mínimos detalhes todo desenrolar de sua história com o Major, até as cenas mais intimas.

Na primeira sessão de perguntas o chefe procurou ficar à vontade com Mena no gabinete do inspetor, ele sentou-se em um canto e ela no meio da casa, e a cada coquetel de perguntas aproximava mais a cadeira, e quando se percebeu estava colado a Mena, “cobria-a com o seu bafo de polícia. Invasão de espaço individual.”(p. 61). Elias demonstra ter grande fixação por Mena, ele a deseja em todo instante, e ao ouvir seus depoimentos, fica viajando pelo corpo da bela moça, imaginando coisas mirabolantes, cada parte do corpo dela torna-se fetiche para o investigador.

Durante o interrogatório, Mena percebe a atração que o chefe da brigada sente por ela, por ser ardilosa e nada tola, a bela moça usa de artifícios de sedução (não precisa de muitos já que tudo nela é erotizado pelo investigador) para fugir de certas perguntas incriminadoras. Ela o deixa atormentado, imaginando mil situações de satisfação sexual com aquele belo corpo.

Por sentir-se cada vez mais atraído, o chefe da brigada retoma os depoimentos da bela jovem, realiza visitas inesperadas a sua cela, já que a mesma ficou sob custódia, tudo isso segundo ele para “pressionar a suspeita”, contudo nota-se que não, que suas insistências, dão-se ao simples fato de desejá-la, mas desejar de maneira carnal, de querer possuir, de poder realizar naquele belo corpo todos os fetiches idealizados. No entanto, percebe-se que ele tem consciência que jamais vai possuí-la, então cada objeto que pertence a ela, ou que pertenceu, é idolatrado por ele, pois em seu pensamento aquele objeto teve contato com ela, e ele não. Seu fascínio observa-se no trecho abaixo, quando tem nas mãos a tornozeleira usada pela bela moça:

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