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A Carta Aberta Contra o Analfabetismo

Por:   •  12/9/2018  •  Artigo  •  1.449 Palavras (6 Páginas)  •  390 Visualizações

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Carta aberta contra o analfabetismo (Sampaio Doria)

O Brasil, cheio de riquezas ocultas, só será uma nação poderosa, se o seu Governo priorizarem a alfabetização de seu povo. O analfabetismo reina do norte ao sul do país tornando inútil a vida e o poder da sua raça (brasileiros).

A solução deste problema nacional há de começar por São Paulo, vai partir de São Paulo, o modelo da solução definitiva e irradiar por todo país.

Em SP a instrução pública já é coisa séria, porém é apavorante a população de analfabetos, cerca de 50% não sabem ler e escrever.

A solução a primeira vista é a de duplicar suas escolas. As escolas existentes satisfazem a metade das suas necessidades, logo, é só dobrar o número delas, ou dos seus professores. Porém esta solução é reconhecida como irrealizável, devido as atuais condições do erário público. Duplicar as escolas elevaria ao dobro as despesas do Estado, fora os gastos com as novas instalações.

Porém há uma solução completa e satisfatória. Vejamos como. O que a escola primária consegue hoje

. Dar às crianças uma instrução elementar: ficam sabendo ler, escrever, contar, noções de história e geografia pátria, de instrução cívica, de ciências naturais, desenho, canto e pouco mais.

Mas, quantas crianças consegue cada escola dar este benefício

. Pegamos como modelo a escola isolada. Ela comporta bem 40 alunos distribuídos em dois anos, dirigida por um professor. Cada ano a escola poderia receber em média 20 alunos novos.

Destes, quantos são os alunos que passam para o segundo ano

. Em documentos oficiais, dizem que nem 50%, porém vamos dizer que 60% são promovidos, dos vinte alunos que cada professor poderia receber anualmente, passam 12 para o segundo ano, os outros repetirão o primeiro ano, praticamente, cada professor alfabetiza 12 alunos.

No Grupo Escolar, verificaremos que a eficiência do professor no combate ao analfabetismo é ainda menor. No Grupo, cada seção, a masculina e a feminina absorve quatro professores com 160 alunos distribuídos em quatro anos. Anualmente haveria lugar para 40 analfabetos se fossem promovidos todos os alunos do primeiro ano. Mas como só 60% consegue ser promovidos, vinte e quatro são as vagas anuais do Grupo no primeiro ano. Ou seja, para cada um dos 4 professores que trabalham no Grupo, corresponde em média a alfabetização de 6 crianças.

Mas com o modelo das escolas isoladas, hoje cada professor alfabetiza 12 crianças, mas é pouco.

O que é que se pretende

Alfabetizar o povo.

Mas o que se pode entender por alfabetizar o povo

. Não será analfabeto quem souber ler, escrever, souber cálculo elementar, sendo esses três benefícios mínimos à campanha contra o analfabetismo.

Pois, aceitamos uma escola onde a criança possa obter os seguintes benefícios:

  1. Instrumento de aquisição científica com o aprender ler, escrever;
  2. Educação inicial dos sentidos nos desenhos, canto e jogos;
  3. Educação inicial da inteligência, no estudo da linguagem, análise, cálculo e nos exercícios de lógica;
  4. Educação moral e cívica, no escotismo, adaptado à nossa terra, e no conhecimento de tradições e grandezas do Brasil;
  5. Educação física inicial pela ginástica, pelo escotismo e pelos jogos.

A escola, onde tudo isso se conseguir, já é um órgão sério de combate ao analfabetismo. Ler, escrever e contar; assegurar a saúde e o vigor do corpo; saber ver, ouvir e mover-se; ensaiar a imaginação e o raciocínio; começar hábitos de disciplina moral e cívica; são esses os objetivos desta escola popular.

Como advertência, o Estado não deve baixar o nível de seu ensino. Os quatro anos atuais do Grupo ainda não satisfazem as necessidades reais do preparo da criança. Devendo se adotar, assim que as finanças do Estado permitir, o ensino elementar de mais um ano de curso, a criança entrando com 7 anos completos e sair da escola preliminar aos 12 anos completos e com mais dois anos de escola complementar poderá fazer o curso de humanidades.

Alfabetizada, a criança poderá, se tiver vontade, prosseguir um pouco mais nos seus estudos por si só, se lhes derem gratuitamente livros interessantes e úteis.

Sem quebra do aparelho escolar, sem desnaturalizar o que existe, o modelo novo de escola alfabetizante, satisfaria plenamente o essencial na campanha contra o analfabetismo.

Como seria essa escola

Seria composta de dois anos, no primeiro ano se ensinaria como base, a ler, escrever e contar; e no segundo ano, a análise, a linguagem, além de noções gerais, em um e em outro ano, de história e geografia pátria, instrução moral e cívica, desenho, canto e exercícios físicos. Mas cada ano funcionará separadamente em dois períodos durante duas horas e meia cada um. Em cada seção o professor trabalha duas horas e meia, esse tempo é eficiente, permitindo um largo intervalo após as duas horas e meia de trabalho, assim o professor consegue desenvolver uma grande atividade produtiva, sem prejudicar sua saúde.

Mas o mais importante é a separação das classes para o efeito de poder cada professor receber no primeiro ano, 40 crianças analfabetas. Uma outra medida que aumentaria a eficiência do professor: é não promover em massa apenas 60% ou 80%, mas a totalidade dos que estão no primeiro ano.

Se só se promovessem 50% para o segundo ano, ficariam 16 do primeiro ano, a privar vagas de outros candidatos requerendo matrícula. Se promovessem todos para o segundo ano, teria que se constituir uma classe especial de atrasados no segundo ano. Se, terminando isso, eles ainda não conseguiram aprender, serão enviados para seu lar, do mesmo jeito que os que aprenderam. E será como se nunca tivessem passado pela escola, ou seja, não aproveitaram nada, mas não foram impedidos de recebrem o benefício do ensino. Apesar disso, a hipótese é irrealizável, porque sempre alguma coisa eles terão aprendido, nem que for um pouco de exercício físico e disciplina moral.

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