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Análise de Obra de Arte sob ponto de vista Psicanalítico

Por:   •  29/6/2019  •  Trabalho acadêmico  •  999 Palavras (4 Páginas)  •  487 Visualizações

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Análise da Obra de Escolha

Obra da coletânea “365 challenge“, de Chad Knight (2017)

Deparei-me com essa obra de arte, sem autoria, quando navegava pela Internet sem ter qualquer intenção direta de encontrá-la. Contudo, ao encará-la senti forte inquietação ao perceber que o que se parecia com uma escultura representando um homem adulto estava completamente “furada” dos pés à cabeça. Aquilo me causou tal sensação de “estranheza” que me impeliu a buscar mais informações sobre sua autoria.

“Joguei” então a imagem no Google e descobri que constituía uma coletânea de obras de Chad Knight, artista plástico norte americano, que se lançou em um desafio para criar uma nova peça de arte digital todos os dias durante 365 dias com o intuito de melhorar seu ofício, segundo ele mesmo dissera em uma entrevista. Knight não tinha a intenção de tornar sua obra pública, mas percebeu seu impacto e o fez.

Aguçou-me então a curiosidade de conhecer melhor a coletânea e percebi que suas obras carregam algo de onírico, surreal, existindo em seu próprio mundo fantástico, mas trazendo pequenas grandes verdades sobre quem somos.

O próprio Knight afirmou que a coletânea é como um diário visual para ele e que é “tão fortemente codificado” que ele pode se fazer entender por pessoas em todos os lugares do mundo.

Voltando a peça que me despertou o interesse, pude perceber que o “homem furado” se encontra de mãos dadas com o que parece ser uma criança e que os dois se encaram aparentemente sem expressão, pois as figuras são brancas e há o formato dos olhos, porém sem pupilas. Contudo não posso deixar de sentir que certa ternura emana deles de alguma forma. A impressão que tenho é que representam pai e filho. Foi quando me dei conta de que a representação da criança não tinha “furos” e que, na verdade, poderia ter sido construída a partir das partes retiradas da figura do homem adulto, provavelmente seu progenitor. Veio a minha mente então aquela fala que a maioria de nós provavelmente já ouviu de nossos próprios pais, de que lutam para nos dar o que eles não tiveram, se privando de obter bens materiais (carros, viagens, propriedades, etc.) e tempo livre para dedicarem a si mesmos para nos dar uma vida de conforto e segurança.

De forma romântica, a mensagem que passa a obra, num primeiro momento, é a de que nossos pais tiram de si para nos suprir. Pai e filho transmitem de alguma maneira uma ligação, como se um fio invisível os ligasse pelo olhar. O que há ali? Gratidão? Dependência física e emocional? O filho admirando o pai, seu “protetor”, idealizando-o e desejando, naquela fase de sua existência, crescer e ser como ele. O pai, por sua vez, orgulhando-se do filho, seu “produto”, sua “criação”, sua “posse”.

Não posso deixar de pensar, contudo, na transferência da posição de objeto de desejo do progenitor: não é o bem material que lhe trará a realização, mas o filho, a partir do qual o pai buscará a concretização dos seus sonhos, o objeto a, a falta indescritível mencionada por Lacan, inalcançável porém. A ilusão de que o filho fará tudo o que o progenitor quis realizar e não pôde. O progenitor permite-se ser “furado”, privando-se de outros prazeres, na esperança (vã) de se “completar” nas realizações do filho, seu “produto”, sobre o qual se projeta. O filho, no entanto, se tornará um dia indivíduo de desejos próprios, frustrando os planos do pai ou frustrando a si próprio ao viver a idealização do outro.

Lembrei-me então do filme “O Cisne negro”, de Darren Aronofsky,

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