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Castelos de Klee: Uma experiência com o material concreto no ensino de Arte

Por:   •  7/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.529 Palavras (7 Páginas)  •  566 Visualizações

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Trabalho apresentado no I Seminário Arte Educação em Rede: Compartilhando Experiências, no Museu de Arte Contemporânea na cidade de Niterói - RJ, em 18/11/2013 (comunicação oral).

Castelos de Klee: uma experiência com o material concreto no ensino de Arte.

Ana Paula Vasconcellos Moreira[1]

Durante minha prática docente busquei investigar algumas possibilidades práticas para o ensino de arte sob a perspectiva dos projetos de trabalho. Eu esperava que os estudantes pudessem, dentro dos estudos da disciplina, desenvolver leituras que se relacionassem com outros assuntos e novas formas de se pensar e experienciar o ensino de arte. O objetivo desse projeto de pesquisa foi experimentar uma forma específica de promover a aproximação dos estudantes das turmas de sexto ano do ensino fundamental, dos conteúdos que seriam ministrados, tentando transformar a aula em vivência; em uma verdadeira experiência estética.

Segundo relatos dos estudantes, havia a carência da abordagem prática nas aulas de artes. Sua experiência prévia com a disciplina se baseava em aulas expositivas, com utilização de slides e avaliações tradicionais - estudos dirigidos e provas escritas.

As matrizes curriculares do sexto ano do colégio prevêem para o primeiro trimestre o estudo dos elementos básicos da linguagem visual. O relato apresentado diz respeito ao projeto que discorreu sobre o conceito de forma (2013) e seus desdobramentos, com quatro turmas no ano de 2013.

Durante os primeiros contatos com os estudantes procurei inventariar as imagens que eram apresentadas e criar um repertório imagético, correspondente ao grupo. Algumas aulas foram dedicadas à construção desse repertório por meio de rodas de conversa, exercícios de desenho-diagnóstico e desenho temático (exemplo: identidade e estilo: a representação visual do meu gosto musical).

Observei os objetos que os estudantes costumavam levar para a escola, sobre quais jogos, filmes e revistas eles comentavam uns com os outros, que tipo de música gostavam de escutar e como era sua relação com as mídias digitais e os aparelhos eletrônicos (aparelhos celulares, tablets e outros). Senti que se havia a carência de uma abordagem prática nas aulas de arte, meu planejamento deveria abarcar as dimensões teórica e prática no sentido de possibilitar que os estudantes vivenciassem ambas as experiências. Pensando no pouco tempo em que eu estaria com as turmas semanalmente (aulas com duração de cinquenta minutos, uma vez por semana em cada turma), decidi organizar o planejamento mensal, instituído pela escola, no formato de projetos, com duração de aproximadamente cinco aulas por assunto ou conteúdo.

Após uma breve análise dos desenhos feitos pelos estudantes e pensando nas conversas realizadas em sala de aula, identifiquei um conjunto de imagens recorrentes: imagens relativas ao jogo Minecraft, imagens relativas a cultura medieval (dragões, castelos, adagas e outras armas), imagens de guerreiros ou super-heróis, imagens relativas a desenhos animados (cinema e televisão) ou animes e imagens relativas a figuras da cultura pop (cantores (as), bandas, personagens de seriados e outras).

Considerando as imagens mais recorrentes, decidi trabalhar a questão da forma a partir da obra Castelo e Sol (1928) de Paul Klee. No sentido de propiciar experiências práticas diversas (desenho, colagem, pintura, montagem, fotografia) e promover o contato dos estudantes com a imagem para além da bidimensionalidade, planejei que fossem utilizados alguns conjuntos de material concreto disponíveis no laboratório de matemática da escola. Foram usados blocos de madeira análogos aos contidos nos presentes de Froebel de números 5 e 6. O relato que se segue descreve especificidades do projeto e apresenta imagens produzidas durante o processo de criação dos estudantes, além das imagens utilizadas como referência visual em sala de aula, durante a abordagem teórica.

Castelos de Klee

O projeto Castelos de Klee partiu da observação da pintura Castelo e Sol (1928) de Paul Klee (1879-1940) (Figura 1) e aconteceu no primeiro trimestre do ano de 2013. A obra foi escolhida para relativizar alguns conceitos, como o valor atribuído à pintura realista pelos estudantes e para possibilitar discussões sobre imaginação, criatividade e a autonomia do artista em seus registros do real. Os estudantes entraram em contato com o conceito de forma (formas geométricas básicas)no contexto da linguagem visual e puderam explorar linguagens diversas como fotografia, desenho e colagem.

O projeto foi dividido em quatro momentos, envolvendo apresentação e breve reflexão sobre a obra e sobre como ela se relaciona com os castelos conhecidos pelos estudantes (filmes, histórias e desenhos) (1), montagem de castelos utilizando blocos de madeira e fotografia (2), interferência sobre imagem impressa (3) e composição coletiva (4).

[pic 1]

Figura 1.Castelo e sol, Paul Klee, 1928. Fonte: http://www.artinthepicture.com.

Os estudantes visualizaram a obra na lousa interativa da sala de aula e destacaram algumas características como o uso de formas geométricas básicas para a construção da figura, o uso recorrente de cores quentes e primárias, os espaços vazios, a simplicidade da representação e a falta de compromisso com a representação realista de um castelo. Eles observaram que o castelo representado por Klee não se relaciona diretamente com as imagens de castelos que possuem em seu repertório visual e muitos disseram que as figuras pareciam compor uma cidade ou pequenas casas.

Uma estudante questionou se eu só sabia que aquilo era um castelo devido ao título e respondi que sim, mas que o artista abria uma possibilidade de pensarmos as imagens livres de convenções; que não existia uma maneira certa de desenhar um castelo ou qualquer outra figura. E se existia esse espaço de liberdade para a produção de um desenho ou pintura, então devíamos experimenta-lo.

Na aula seguinte encaminhei as turmas à sala de artes e dispus sobre as mesas alguns conjuntos de blocos de montar de madeira. A maioria dos estudantes conhecia o material por ter tido contato com o mesmo durante a primeira infância. Muitos relataram que já haviam brincado com os blocos e senti uma grande receptividade. Perguntei se eles achavam que poderíamos utilizar esse material em uma aula de artes; pedi que se lembrassem da aula anterior e me dissessem quais as formas geométricas foram usadas na pintura de Klee. Nesse momento, alguns entenderam que eu estava tentando relacionar os blocos à pintura observada.

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