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DESENVOLVIMENTO CORPORAL E DESEMPENHO ESCOLAR: OS PROBLEMAS DO ALUNO RESPIRADOR ORAL

Por:   •  6/8/2018  •  Dissertação  •  2.188 Palavras (9 Páginas)  •  303 Visualizações

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DESENVOLVIMENTO CORPORAL E DESEMPENHO ESCOLAR: OS PROBLEMAS DO ALUNO RESPIRADOR ORAL

Josiane Fujisawa Filus[1]

Olinda Teruko Kajihara[2]

Resumo

Os profissionais da área da saúde têm, há mais de um século, se preocupado com as conseqüências da respiração oral sobre o desenvolvimento infantil. A respiração pela boca, causada pelas doenças obstrutivas das vias aéreas superiores, como, por exemplo, pela rinite alérgica e pela hipertrofia das tonsilas faríngeas (adenóides) é responsável por inúmeras alterações faciais e corporais no organismo infantil. A boca aberta modifica a tonicidade dos músculos da face, o posicionamento da língua e dos dentes e, ainda, altera a postura corporal por causa da posição adotada pelo respirador oral para respirar com mais facilidade. Os problemas de aprendizagem dos respiradores orais somente recentemente começaram a ser pesquisados pelos profissionais da área da educação. O objetivo deste estudo é o de divulgar as conseqüências da respiração oral sobre o desenvolvimento corporal e o desempenho escolar das crianças, principalmente aos pedagogos e professores de Educação Física que podem contribuir para o encaminhamento precoce da criança respiradora oral aos especialistas da área médica.

Palavras-chave: Respiração oral. Problemas de Aprendizagem. Educação Especial.

Introdução

A rinite alérgica e a hipertrofia das tonsilas faríngeas são doenças que provocam obstrução da passagem do ar pelas vias aéreas superiores durante a infância (MOTONAGA; BERTI; ANSELMO-LIMA, 2000; OLIVEIRA, 2004; WECKX; WECKX, 1995).

A amígdala faríngea ou adenóide está localizada na entrada do aparelho respiratório e estabelece o primeiro contato com os microorganismos presentes no ar. Por isso, ela auxilia na defesa do organismo (SÁ FILHO, 1994). A hipertrofia das amígdalas faríngeas ocorre por causa de infecções. Quando isso ocorre, as adenóides perdem sua capacidade imunológica e aumentam de tamanho, tornando difícil a respiração nasal (DI FRANCESCO, 1999).

A rinite alérgica é um processo inflamatório da mucosa nasal causado por poeira domiciliar, ácaros, fungos, pólen, pêlos, fumaça de tabaco etc., e a sua incidência vem aumentando na população por causa da poluição. Além de obstrução nasal, a rinite alérgica é caracterizada por prurido, por espirros e pela coriza (CONSENSO SOBRE RINITES, 2000; DI FRANCESCO, 1999; MOCELLIN, 1992).

Em decorrência da obstrução nasal, a criança passa a respirar pela boca e isso, por sua vez, provoca uma série de alterações no organismo da criança. As principais conseqüências da respiração oral são as alterações da face e da postura corporal. Na face, as narinas perdem o volume e a elasticidade devido ao desuso. O fato de a boca estar sempre aberta faz com que os músculos ao redor da boca fiquem estirados, auxiliando o estreitamento e o menor desenvolvimento das maxilas (ARAGÃO, 1988; CARVALHO, 2003).

A língua se torna hipotônica e passa a se assentar no assoalho da boca. Com isso, ela não atrapalha a respiração oral, mas deixa de exercer pressão sobre o palato, tornando-o estreito e com formato ogival. Essa posição da língua acentua a permanência da boca em aberto e força a mandíbula para baixo, tornando a face mais longa e estreita, ou seja, dolicofacial (WECKX;WECKX, 1995).

A projeção da língua para frente, por entre as arcadas, favorece a mordida aberta anterior e a protusão dos dentes (CARVALHO, 1998). A diminuição do fluxo aéreo pelo nariz provoca modificações na voz, que se torna surda e anasalada por causa da falta de ressonância nos seios (SÁ FILHO, 1994).

A constante respiração pela boca resseca os lábios, provoca o sangramento das gengivas e favorece a ocorrência da cárie dentária (ARAGÃO, 1988; CARVALHO, 1998, 2003; MARCHESAN, 1998; WECKX;WECKX, 1995).

O olhar da criança respiradora oral é característico: ela tem uma expressão “apagada” e olheiras, por causa da hipotonia dos músculos da face, da má qualidade do sono e do edema da mucosa nasal que dificulta a circulação sangüínea ao redor dos olhos (CARVALHO, 1998; CINTRA, 2003).

A dificuldade respiratória torna a criança inquieta, irritada e ansiosa. Em sala de aula, o respirador oral apresenta indisciplina e problemas de atenção. Ele não consegue prestar atenção na aula, não só pela baixa oxigenação cerebral provocada pela respiração de suplência, mas também por dormir mal (CARVALHO, 1998; REIS et al., 2002).

As alterações posturais do respirador oral

Para conseguir captar maior quantidade de oxigênio e aumentar o espaço oro-naso-faríngeo, as crianças respiradoras orais anteriorizam a cabeça. Essa modificação é a responsável por outras alterações corporais, por causa da interligação entre a cabeça, o tronco e os membros inferiores e superiores por uma cadeia de músculos que se insere nos ossos desses segmentos (HAMIL; KNUTZEN, 1999).

[pic 1][pic 2][pic 3]

A FIGURA PRECISA TER UM TÍTULO

FONTE: FILUS, 2005.

A cabeça posicionada para frente favorece a lordose cervical e a cifose dorsal, e contribui para a rotação dos ombros para frente. Além disso, há um aumento da lordose lombar e ocorre a projeção do quadril para frente. Os ombros rodados para frente comprimem o tórax e dificultam sua expansão nos movimentos respiratórios. Os movimentos incorretos da caixa torácica modificam o equilíbrio das escápulas que se tornam aladas (CARVALHO, 2003).

Com a depressão da parte anterior do tórax ocorre o conseqüente relaxamento do músculo diafragma. O relaxamento do músculo reto-abdominal, associado à constante ingestão de ar, faz com que o respirador bucal tenha um abdome proeminente (ARAGÃO, 1988; WECKX; WECKX, 1995). O relaxamento do principal músculo inspirador, o diafragma, faz com que ele não realize eficazmente sua função, o que leva à redução do ar inspirado (YI et al, 2004). O relaxamento dos músculos respiratórios força a criança a realizar uma respiração rápida e curta e, por isso, ela não consegue suportar um grande esforço físico (SÁ FILHO, 1994).

Para equilibrar o corpo, que adota uma posição para frente devido à anteriorização da cabeça, e para baixo, pelo posicionamento dos ombros e pelo relaxamento do tórax e do abdome, o respirador oral mantém os braços para trás e o quadril para frente (ARAGÃO, 1988; YI et al, 2004).

[pic 4]

Alteração na postura do respirador oral

FONTE:????

O respirador oral pode apresentar, ainda, alterações posturais nos joelhos, que podem causar o genu valgo (joelhos em forma de “X” se tocando) ou o genu varo, ou seja, o arqueamento das pernas (CARVALHO, 2003).

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