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ENSINO HÍBRIDO

Por:   •  13/9/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.460 Palavras (10 Páginas)  •  291 Visualizações

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I - SEYMOUR, Diane. “A Construção Social do Gosto” (capítulo 01). In: SLOAN, Donald. Gastronomia, restaurantes e comportamento do consumidor. Barueri, SP: Manole, 2005.

  1. Pergunta que a autora tenta responder: afinal, o que determina o gosto, ou as preferências das pessoas em geral com relação a alimentos e bebidas e como isto as influencia ou não a comerem fora?
  2. Afirmação que ela defenderá ao longo do texto: o gosto é formado socialmente, isso quer dizer que as escolhas que as pessoas fazem por certos alimentos e bebidas e outros não estão ligadas a fatores sociais, principalmente as estruturas e a dinâmica de funcionamento das diferentes classes sociais.
  3. Justificativas para a discussão proposta: 

  1. Comida e bebida são culturas para o homem civilizado tanto porque ele já dominou a natureza ao ponto de cultivar os ingredientes (de origem animal e vegetal) que ele transforma em “comida” quanto pelo fato de que o que ele escolhe como ingredientes, suas diversas formas de prepara-los, as ocasiões de consumo, os padrões de comportamento à mesa e as escolhas das companhias com quem se pode (ou deve) comer, são determinadas pelos grupos sociais as quais cada pessoa pertence.
  1. Embora o homem seja onívoro (come de tudo) como o porco, por exemplo, o fato de ele ser racional e de viver em sociedade estabelece regras culturais que dizem o que é próprio ou impróprio para comer e para beber, mas estas regras são modificadas de uma cultura para outra e com o passar do tempo.
  1. As preferências por certos alimentos e bebidas são bastante influenciadas pela região, pela religião, pela classe social, pela casta (subdivisão dentro de uma mesma classe social), pelo gênero (homem e mulher), pela família, podendo ser diferente dentro de uma mesma família, inclusive.

1.4 – Hábitos de Consumo e Classes Sociais segundo Bordieu (obra: Distinção: a crítica social dos critérios de gosto, publicada em 1.979 e citada pela autora).

  1. Todo o comportamento de consumo das pessoas, que depende de gostos de indivíduos e de grupos, é expressão de classe social que procura elementos que a identifique em relação às demais classes: “classes sociais distintas podem ser identificadas pela maneira como expressam seus gostos na música, na arte, na vestimenta, na decoração da casa e, obviamente, na comida.” (SEYMOUR, 2005, p. 02).
  2. O conceito de hábito está ligado tanto a fatores objetivos (poder aquisitivo, atitudes práticas no cotidiano, etc.) quanto a fatores subjetivos (percepção, sentidos, predisposições e sentimentos, posição social de cada pessoa, etc.), por isso as pessoas tendem a agir de certas formas e não de outras.
  3. O hábito é adquirido de maneira inconsciente dentro do cotidiano social porque são absorvidos como “naturais” dentro da posição social a que cada indivíduo pertence, por isto, a rigor, não há escolhas práticas individuais, nem forçadas. Algumas vezes as pessoas calculam racionalmente o que lhes trás vantagem dentro de certas situações, o que pode fazer com que elas adaptem o que fazem habitualmente àquela circunstância.
  4. Se hábitos estão relacionados a posições sociais, escolhas e gostos não são frutos da personalidade das pessoas, mas está ligado à classe social à qual ela pertence, embora existam subdivisões dentro de uma mesma classe social (castas).

1.5 - A autora concorda com Bordieu e com Max Weber que a posição de classe não depende apenas de ter ou não dinheiro e bens materiais, mas depende também da aquisição de capital simbólico ou cultural.

(a) Capital não é apenas dinheiro capaz de gerar mais dinheiro porque pode ser investido em bancos, indústria e comércio, também é conhecimento adquirido com as experiências culturais tais como frequentar uma boa biblioteca, ir ao teatro, ao cinema, ler jornais e revistas para se atualizar, politizar-se, aprender a apreciar bons quadros e belas esculturas, mas também uma fina iguaria ou vinho.

(b) Nem sempre as classes dominantes (a que Marx chamou de burguesia capitalista) possuem capital cultural legítimo que advém do hábito, mas ela pode investir no aprendizado individual ou estudando, mas em geral os burgueses capitalistas correm mais atrás de aprender e crescer do que os trabalhadores de origem mais humilde. Para as pessoas cultas, é “normal” falarem mais de um idioma, saber regras de etiqueta, além de apreciar cultura erudita que lhes marcam como pessoas de alto nível social.

(c) O que é capital simbólico e cultural para determinado grupo, pode não ser para outro, ainda que ambos pertençam a uma pretensa elite. Por exemplo, nem todo mundo que tem dinheiro, especificamente no Brasil, aprecia caviar, foie gras e escargots, mas em geral são os grupos dominantes que ditam modismos e tendências e o que é ter bom ou mau gosto. A classe média tenta imitar (até onde o dinheiro que ela tem permite) os gostos da classe dominante, posição que desejam alcançar, ao mesmo tempo em que os diferencia dos trabalhadores braçais que preferem ser mais práticos e convenientes na escolha do que é realmente essencial para continuarem trabalhando, (re)produzindo e consumindo. Quando os grupos mais humildes adquirem objetos, habilidades e conhecimentos próprios do grupo social hierarquicamente superior a eles, o grupo dominante se sente ameaçado e modifica seus hábitos de consumo.

À medida que grupos sociais de posição mais baixa na hierarquia lutam para obter mais capital cultural e econômico e começam a adotar os gostos dos grupos acima deles, estes precisam encontrar novas práticas e novos gostos para preservar sua distinção e superioridade. (SEYMOUR, apud SLOAN, 2005, p.09)

1.6- A autora concorda com Bordieu que existem gostos gastronômicos determinados pelo luxo (pessoas “bem nascidas”, com dinheiro, conhecimento e experiência de consumo de bons pratos e vinhos, com hábitos relacionados ao comer para saciar desejos) que se contrapõem aos gostos influenciados pela necessidade (hábitos relacionados ao comer para matar a fome). Isso explica, pelo menos em partes, a preferência de operários por alimentos mais gordurosos, salgados, condimentados fortemente e pesados (o que representa a dura rotina de trabalho, sem grandes prazeres) e a preferência dos burgueses por pratos leves, de baixo teor calórico e rápido preparo (que lembra o ambiente organizado e limpo dos executivos).

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