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Educação de Jovens e Adultos

Por:   •  22/10/2017  •  Artigo  •  5.748 Palavras (23 Páginas)  •  251 Visualizações

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Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG

Campus Belo Horizonte - CBH

Faculdade de Educação - FaE

Mestrado em Educação

Disciplina: Educação e Formação Humana

Professores: José Peixoto Filho e José Miguel Lopes

Aluna: Maria Aparecida Rodrigues da Rocha

A Educação de jovens e adultos no Brasil: Algumas considerações

Resumo

O presente trabalho desenvolveu-se a partir da disciplina Educação e Formação humana ofertada pelo Mestrado em Educação da Universidade do Estado de Minas Gerais. A escolha do tema a ser trabalhado foi em função da minha atuação como professora/coordenadora na Educação de jovens e adultos no período noturno na Rede Municipal de Belo Horizonte.  A bibliografia trabalhada na disciplina em muitos momentos, levou-me a refletir teoricamente temas tais como:  identidade discente e docente, a metodologia de trabalho utilizada com esse público jovens e adultos, a concepção de educação utilizada pela instituição escolar. É objetivo desse trabalho discutir alguns temas que perpassam a educação de jovens e adultos á luz de alguns autores trabalhados em sala de aula. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica. Inicialmente, foi feito um breve histórico da Educação de Jovens e adultos no Brasil, e e posteriormente, é feita uma contextualização buscando-se mostrar os avanços e desafios na oferta da educação para os jovens de adultos.

  1. Breve histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil

A história da Educação de Jovens e adultos no Brasil, acompanha a história da educação como todo. A educação inserida em um contexto mais amplo, se construiu dentro de modelos econômicos, políticos, sociais e culturais que exerceram influência direta na política pública de Educação.

De acordo Porcaro (2011) a história da Educação de Jovens e adultos, na forma institucionalizada, tal como conhecemos hoje no Brasil é muito recente. Embora, desde o Brasil colônia já exista relatos de educação voltada para esse público, a mesma tinha como foco a doutrinação religiosa, abrangendo um caráter muito mais religioso que educacional. Essa educação ofertada pelos jesuítas priorizavam os ofícios necessários ao funcionamento da economia colonial, com a organização de trabalhos manuais, ensino agrícola e, muito raramente, leitura e escrita.

 

 No Brasil Império, 1822 a 1889, algumas reformas educacionais começam a acontecer de forma muito tímida.  Propunham a necessidade do ensino noturno para adultos analfabetos. Segundo Dias (2011 ) em 1876,  havia o apontamento de mais de 200 mil alunos que frequentavam às aulas noturnas, sendo o ensino noturno a única forma de educação de adultos no país.

Strelhow (2010) ressalta que a constituição Imperial de 1824, de forma tímida, procurava dar um significado mais amplo para a educação, garantindo a todos os cidadãos a instrução primária. Nesse período, havia um incômodo com as chamadas camadas inferiores: homens e mulheres pobres livres, negros e negras escravos, livres e libertos. Como incluí-los, minimamente, nos processos de educação formal?  As províncias foram responsabilizadas pela instrução primaria e secundária. Ressalta-se que nesse período não se tratava de uma oferta educacional na perspectiva de um direito, mas sim baseado em um princípio missionário e caridoso. Segundo Stephanou; Bastor (2005, p. 261, apud Strelhow) seria papel da educação ‘iluminar as mentes que viviam nas trevas da ignorância para que houvesse progresso”. As reformas educacionais desse período, caracterizavam os adultos analfabetos como como dependentes e incompetentes, sem capacidade de refletir por si só, excluindo-os, inclusive do direito ao voto.

Dessa forma, Strelhow (2010) relata que o público de jovens e adultos analfabetos eram legalmente excluídos. Segundo esse autor, no início do século XX, houve uma grande mobilização social que pretendia exterminar o analfabetismo, pois este era visto como um grande mal, uma praga responsável pelo subdesenvolvimento do Brasil. A educação pensada para este público de pessoas analfabetas será influenciada pela necessidade de inserção produtiva, inicialmente,  objetivando a inclusão produtiva num país de economia agrário exportadora, e posteriormente, com a crise na economia cafeeira de 1929, no setor industrial. Nesse período, algumas reflexões começam a surgir no âmbito da educação com os ideais da Escola Nova e, posteriormente, com as ações da Pedagogia de Paulo Freire em conjunto com os movimentos sociais.

Dessa forma, a educação pensada para este público será pensada por sujeitos externos, detentores do poder econômico, político e social, buscavam alternativas para melhor aproveitar o analfabetismo. Em 1920, segundo Strelhow (2010) o Brasil apresenta índices altíssimos de analfabetismo chegando marca de 72%. Nesse contexto,  de altos índices de analfabetismo e de pressões de organismos internacionais (ONU, UNESCO) apontando o analfabetismo como um propulsor para o “atraso das nações” surgirá a Primeira Campanha Nacional de Alfabetização.  Data deste contexto, a criação de importantes planos e órgãos voltados para a educação tais como:   o Plano Nacional de Educação (1934) que previa o ensino primário integral obrigatório e gratuito estendido às pessoas adultas, o INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos) em 1938, o Fundo Nacional do Ensino Primário que objetivava a realização de programas que ampliassem e incluíssem o Ensino Supletivo para adolescentes e adultos.

A realização do II Congresso Nacional de Educação de Adultos, em 1958, no Rio de Janeiro, foi um importante passo para a educação de jovens e adultos, pois começa-se a refletir em torno da necessidade de um novo método pedagógico na educação de adultos. Questionava-se a visão preconceituosa envolviam as pessoas analfabetas. Nesse período, começam a ter visibilidade as ideias de Paulo Freire, que revolucionará não apenas a educação de jovens e  adultos, mas a educação em geral.

No entanto, esses indícios de avanços serão atropelados pelo Golpe Militar de 1964, gerando um enorme retrocesso no campo das políticas educacionais. Para Strolhow (2010) a educação nesse período buscará a homogeneização e controle das pessoas. Data desse contexto a criação do Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), em 1967, que objetivava a alfabetização de adultos com a visão apenas da necessidade de aquisição da habilidade de ler e escrever, sem contextualização, sem a necessidade de reflexão crítica sobre a realidade. Novamente, tinha-se uma política educacional, na qual, predominava a visão de que as pessoas que não eram alfabetizadas eram responsáveis por sua situação de analfabetismo e pela situação de subdesenvolvimento do Brasil.

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