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Fichamento: Reflexões Para Implementação do Movimento CTS no Contexto Educacional Brasileiro

Por:   •  21/3/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.184 Palavras (5 Páginas)  •  151 Visualizações

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FICHAMENTO

ALUNO: MATHEUS BRAGA DE MELO

DATA: 11/09/2021

DISCIPLINA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CTSA – IEQ111

AULER, Décio, BAZZO, Walter Antonio. Reflexões Para Implementação do Movimento CTS no Contexto Educacional Brasileiro. Ciência & Educação. V. 7 n. 1. p 1-13. 2001.

“[...] no final da década de 70, esses dois aspectos contribuíram para uma mudança de mentalidade, uma transformação na visão sobre C&T. Houve um fenômeno de mudança, em determinadas sociedades, na compreensão do papel da C&T na vida das pessoas. Essa nova mentalidade/compreensão da C&T contribui, na análise dos autores, para a ‘quebra do belo contrato social para a C&T’, qual seja, o modelo linear/tradicional de progresso/desenvolvimento.” (LOPEZ, et al., 1996, Apud AULER, BAZZO, 2001, p 2)

Primeiramente, o autor busca situar o leitor, sobre as origens do movimento CTS, que ocorreu devido aos problemas ambientais e guerras ocorrem junto com o desenvolvimento da ciência e tecnologia. O movimento CTS nasce após a publicação de obras como A estrutura das Revoluções Científicas de Thomas Kuhn e Primavera Silenciosa de Rachel Carson, que criticam fortemente os avanços científicos-tecnológicos e a sua relação nula com a sociedade.

Assim, passou-se a discutir Ciência e Tecnologia (C&T) sob um olhar social e político, quebrando a crença de que o desenvolvimento da C&T seria sinônimo de crescimento econômico e social, conhecido como o modelo linear/tradicional de progresso.

“Em outro trabalho, constituído a partir de uma revisão bibliográfica sobre o movimento CTS, Auler (1998) enfocou o seu surgimento histórico, a tradução dos seus objetivos

em novas configurações curriculares, os problemas e as perspectivas encontradas, bem como os desafios que se colocam para o ensino de Ciências (formação de professores) no contexto educacional brasileiro.” (AULER, BAZZO, 2001, p 2)

No contexto educacional, o movimento CTS passou a se fazer presente no currículo de diversos países, no Brasil encontra-se vários problemas que dificultam a implementação dessas discussões, tornando-se um grande desafio quanto a formação de professores com a perspectiva do movimento CTS e as metodologias utilizadas nas escolas, que eram distantes das realidades que permitiam um enfoque CTS no âmbito educacional.

O contexto brasileiro ao longo da história se caracteriza com a pouca participação da sociedade em questões de interesse e um tardio desenvolvimento educacional que pouco questionava sobre a C&T. Pensando nisso, o autor cita aspectos históricos como a colonização, a industrialização a politica e os meios de comunicação como fatores do que ocorre no contexto brasileiro.

 

“[...] nos três séculos após o descobrimento do Brasil, praticamente não houve evolução em C&T. Enquanto os países do centro avançavam de modo marcante, encontrando os seus espaços durante a ascensão do capitalismo, em nosso território, C&T marcavam passo ‘sob o implacável jugo da metrópole portuguesa’.” (AULER, BAZZO, 2001, p 4)

No período colonial, não houve interesse no desenvolvimento da região onde ficava o Brasil, pois não havia preocupação nos indivíduos que já se encontravam na região, suas características culturais etc. os interesses dos colonizadores eram exclusivamente de caráter exploratório. Assim, a escravidão foi um regime que desfavoreceu o desenvolvimento tecnológico e social, pois a economia era o único fator buscado na época.

“Para Angotti (1991), enquanto na Europa não-ibérica vivia-se um século de “luz” após a reforma e a revolução científica, nas metrópoles ibéricas, mas principalmente nas colônias, vivia-se ainda no século na ‘escuridão’. A ciência entra muito tardiamente no Brasil [...]” (AULER, BAZZO, 2001, p 4)

A realidade da Europa era completamente inversa ao que ocorria no Brasil. O desenvolvimento e a preocupação com o desenvolvimento regional no Brasileiro, começaria apenas após a vinda da Coroa Portuguesa em 1808, fugindo de Napoleão Bonaparte que ameaçava invadir Portugal.

Motoyama (1985) conclui sua análise sobre C&T no Brasil constatando que elas nunca foram prioridades reais das políticas adotadas ao longo de sua história do país. O imediatismo e a cultura retórico-literária, aspectos vinculados ao colonialismo, não permitiram um olhar mais profundo sobre a importância da C&T. (AULER, BAZZO, 2001, p 6)

A ausência de um olhar para a Ciência e Tecnologia no Brasil refletiu no processo de industrialização futuramente pelo atraso no desenvolvimento, o que levou à importação tanto de tecnologia como de mão de obra com propósitos imediatistas como forma de superar crises econômicas com resultados imediatos.

Além disso, não havia relação das as empresas instaladas no Brasil com a C&T junto à sociedade, além de existir pouco diálogo dos mesmos com os interesses da nação brasileira.

“Durante décadas, predominou o ponto de vista de que o País deveria abrir mão do desenvolvimento tecnológico autônomo, considerando que uma análise do custo-benefício indicava como mais ‘rentável’ a importação de tecnologia. Temos, assim, no Brasil, uma situação circular: o tipo de tecnologia adotada pela maioria das empresas faz com que os técnicos necessários para a sua ‘manipulação, preservação ou adaptação’ tenham sua formação limitada a essas linhas de pesquisa, não havendo pesquisadores que pudessem fazer emergir conhecimentos autônomos.” (AULER, BAZZO, 2001, p 7)

Apenas por volta de 1960, houve o interesse em desenvolvimento da C&T no Brasil, onde buscou-se a retomada de pesquisadores brasileiros que atuavam em outros países, porém ainda dava passos bem pequenos na relação entre C&T e a política nacional, pois ainda haviam divergências de interesses entre os participantes e não haviam estratégias estritamente definidas com relação a pesquisas para desenvolvimento de tecnologias que levassem a resultados de longo prazo.

“Além da clara tentativa de direcionar a opinião dos leitores, [...] o artigo utiliza a expressão “conclusões científicas inquestionáveis”. Uma ideia altamente pretensiosa, pois, por maior que seja o número de resultados de laboratório, considerando a complexidade da biodiversidade, problemas poderão aparecer a médio ou longo prazo. Além disso, já tendo sido descartados aspectos éticos, religiosos e outros, somente aspectos técnico-científicos poderão deter o processo de implantação.” (AULER, BAZZO, 2001, p 11)

Pensando sobre os meios de comunicação como um fator que afeta negativamente o desenvolvimento de ume perspectiva social diante da ciência e tecnologia, o autor cita alguns artigos de revista, jornais que propõem a divulgação de descobertas científicas e tecnologias que se encontram no cotidiano da população.

Um aspecto interessante é que esses meios de comunicação não levam o leitor a questionar sobre o uso desse conhecimento, de forma que possa tomar uma posição sobre podem impactar em suas vidas de forma tanto positiva como negativa. Além disso, pouco são levadas em consideração as questões éticas, sociais, ambientais etc. relacionadas a implantação dessas novas tecnologias.

O autor destaca que o desenvolvimento técnico-científico é apresentado de forma “inexorável”, como algo imperativo da qual a sociedade assume um papel passivo, destacando duas frases de um artigo sobre alimentos transgênicos como “A onda é irreversível” e “não há como fugir deles”.

Dessa forma, nota-se que o modelo linear/tradicional de progresso ainda está presente quando se discute a C&T. Isso configura um desafio no movimento CTS no Brasil, visto que há a necessidade de uma mudança que leve à participação da sociedade nas questões relacionadas a C&T. Para isso, é necessário que haja qualificação e formação da sociedade para assumir um papel crítico nas discussões sócio científicas.

Portanto, essa deficiência se deve por fatores históricos que levaram ao atraso no desenvolvimento da C&T e consequentemente à falta de qualificação para que a sociedade seja participativa de modo a atingir os objetivos do movimento CTS.

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