TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Modernidade pedagógica e modelos de formação docente

Artigo: Modernidade pedagógica e modelos de formação docente. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  23/4/2014  •  Artigo  •  1.008 Palavras (5 Páginas)  •  237 Visualizações

Página 1 de 5

MODERNIDADE PEDAGÓGICA E MODELOS DE FORMAÇÃO DOCENTE

MARTA MARIA CHAGAS DE CARVALHO

Professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política, Sociedade da PUC-SP e Pesquisadora do Centro de Memória da Educação da USP

________________________________________

Resumo: O artigo objetiva discernir, na proliferação dos discursos que, no Brasil, a partir do final do século XIX e nas primeiras quatro décadas do século XX, buscaram legitimar-se como saber pedagógico de tipo novo, moderno, experimental e científico, estilos distintos de organização do campo dos saberes representados como necessários à prática docente. Compreendendo o impresso destinado ao uso de professores como dispositivo de constituição desse campo, distingue dois modelos de formação docente inscritos na configuração material de revistas, livros e coleções que circularam no período: a "Caixa de Utensílios" e a "Biblioteca".

Palavras-chave: pedagogia moderna; história da educação; ensino no Brasil.

________________________________________

Apartir da segunda metade da década de 20, são evidentes os sinais de que os modelos pedagógicos que vinham balizando as iniciativas de institucionalização da escola no Brasil, desde o final do século XIX, haviam esgotado a sua capacidade de normatizar as práticas docentes. Esse processo de corrosão foi marcado pelas motivações políticas, sociais e econômicas que constituíram as plataformas políticas e pedagógicas dos movimentos que Jorge Nagle chamou, em seus estudos sobre os anos 20, de entusiasmo pela educação e otimismo pedagógico. Dar conta desse processo implica, por isso, relacionar as mutações teóricas e doutrinárias produzidas no campo normativo da pedagogia às questões técnicas e políticas postas no processo de institucionalização da escola. Compreender esse processo de esgotamento de um modelo pedagógico é questão instigante que exige o concerto de uma pluralidade de perspectivas de análise. Sem pretender enveredar, neste texto, pela complexidade das questões que o tema suscita, procura-se recortar nele alguns tópicos, levantando hipóteses que permitam mapear esse processo e rastreando o impacto gradativo e nem sempre convergente de deslocamentos teóricos e doutrinários que determinaram o solapamento de cânones pedagógicos até então representados como portadores do novo em matéria pedagógica, assim como a sua substituição por um outro modelo.1 Toma-se, para tanto, o caso paulista.

Nas cinco primeiras décadas republicanas, dois modelos pedagógicos concorrentes configuram-se no Estado de São Paulo, pondo em cena estratégias diferenciadas de formação de professores. Na proliferação dos discursos que os articularam, dois estilos distintos de normatização das práticas escolares buscaram legitimar-se como saber pedagógico de tipo novo, moderno, experimental e científico, produzindo estratégias concorrentes de configuração do campo dos saberes representados como necessários à prática docente.

No campo normativo da pedagogia moderna, que animou as iniciativas de institucionalização da escola no Estado de São Paulo a partir do final do século XIX, a pedagogia é arte de ensinar. Essa pedagogia estrutura-se sob o primado da visibilidade, propondo-se como arte cujo segredo é a boa imitação de modelos. Diferentemente, a chamada pedagogia da Escola Nova, que começa a se difundir no país em meados da década de 20, pretende subsidiar a prática docente com um repertório de saberes autorizados, propostos como os seus fundamentos ou instrumentos.

É no bojo das discussões que se desencadeiam sobre as medidas adotadas pela Reforma Sampaio Dória, em 1920, que começa a ganhar corpo em São Paulo a dissidência no campo normativo da pedagogia. As normas pedagógicas que vinham até então balizando o processo de institucionalização da escola paulista são postas em questão. Nessa luta de representações, duas posições se opõem, reivindicando para si, cada uma delas, o estatuto de pedagogia moderna e nova, porque ativa.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (7 Kb)  
Continuar por mais 4 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com