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AS ATPCs COMO FORMA DE ORGANIZAÇÃO DE ATIVIDADES DOCENTES

Por:   •  6/4/2015  •  Artigo  •  2.770 Palavras (12 Páginas)  •  522 Visualizações

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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE PSICOLOGIA

AS ATPCs COMO FORMA DE ORGANIZAÇÃO DE ATIVIDADES DOCENTES

Estagiário: Samuel Indjalá

Supervisora: Prof.ª Drª. Nilce. A. S. Campos

Relatório Final exigido como forma de conclusão do Estágio Supervisionado em Psicologia Educacional, no curso de Psicologia da UNIMEP, como parte dos requisitos das atividades dos alunos de Psicologia.

                 

PIRACICABA-SP

JUNHO 2014

INTRODUÇÃO

O fracasso escolar é um tema que surge, ainda hoje, segunda década do século XXI, como um dos principais problemas do sistema educacional. Ele é visto como falta de êxito do aluno por ele apresentar dificuldades em atividades escolares. O que é verificado em torno dessa temática é que a causa do fracasso escolar é, na maioria das vezes, centrada na busca pelos culpados que, geralmente, são apontados como sendo os alunos, os pais, o nível social econômico das famílias, ou até mesmo, o staff escolar.

Se analisarmos o cenário que envolve o fracasso escolar, podemos perguntar então: será que existe somente um culpado? Talvez a melhor resposta seja não, pois se considerarmos que a educação escolar só se efetiva com o envolvimento de vários atores, então, não se pode atribuir a responsabilidade a uma só pessoa, ou grupo de pessoas, isentando assim, todo um conjunto de fatores produtores desse problema.

 Com relação ao fracasso escolar Patto (1999), afirma que ao longo da constituição do sistema educacional do Brasil, as explicações para o fracasso eram inicialmente marcadas por um discurso biológico tendo como causa, fatores genéticos, raciais ou hereditários. Essas ideias passaram a ser questionadas, porém, mais tarde, na década de 70 foram atribuídas como sendo responsabilidade das classes sociais desfavorecidas economicamente, pois essa população era  considerada “atrasada” por não participar da cultura dominante.

Para buscar mais explicações sobre esse tema, Sawaya (2008) trouxe uma discussão sobre o entendimento dado ao fracasso escolar em três momentos: No primeiro momento, o fracasso escolar é entendido como sendo do aluno, na medida em que não é portador de características necessárias para o seu bom desempenho escolar. No segundo momento, ele é visto como dificuldade de aprendiz que possui deficiências nas funções psiconeurológicas que são a base para leitura, a matemática, o desenvolvimento de conceitos básicos, operações cognitivas e linguagem. Já no terceiro momento, a explicação para o fracasso escolar dos alunos pobres passa a incorporar, em lugar da noção de deficiência e privação, a noção de diferença cultural. Essa noção de diferença cultural baseia-se na ideia de que o aluno pobre fracassa na escola não porque seja portador de deficiências, mas porque difere das crianças das classes média e alta. Segunda a autora, essa versão tem servido como explicação para o fracasso escolar nos últimos vinte anos, sobretudo por parte de maiores estudiosos sobre das dificuldades escolares das crianças da camada populares.

A partir de um estudo feito em 1981, inaugura-se uma mudança de enfoque na análise do fracasso escolar. Segundo autora, esse estudo dá inicio a uma série de estudos que, em lugar de buscarem as causas das dificuldades de aprendizagem escolar apenas em características psicossociais do aluno pobre, partem para a análise dos mecanismos intra-escolares na seletividade social da escola, privilegiando a investigação de aspectos estruturais, funcionais e dinâmica interna da instituição escolar. Como resultados desses estudos, foi possível compreender que a seletividade social operada pela escola por meio de mecanismos escolares produtores que produzem essas dificuldades: a precariedade das condições materiais, administrativas e pedagógicas das escolas públicas de ensino fundamental, a precariedade da situação dos professores, da sua formação, das suas condições de trabalho: excesso de atividades burocráticas, a segmentação do trabalho na escola, falta de autonomia, solidão do professor no exercício do seu trabalho e sua desvalorização profissional, etc.

A partir de tudo isso, podemos concluir que o fracasso escolar derivado de vários fatores, tais como: a sua produção começa na instituição escolar e fruto da relação escola-sociedade, ele também é fruto de uma escola despreparada para atender às diferenças dos alunos das camadas populares na alfabetização. Diante desses relatos, percebemos uma visão distorcida do papel do psicólogo escolar, atribuindo ao mesmo o poder de diagnosticar, curar e resolver os problemas da escola, mostrando uma visão de trabalho individualizado voltado ao aluno “problema”, professor e família. A sua inserção mágica, parece ausentar os demais atores da escola de suas responsabilidades pelo fracasso escolar

Para falarmos da relação entre Psicologia e Educação, precisamos primeiro enfatizar que a Psicologia na Educação, enquanto área do conhecimento visa compreender os processos educativos que se efetivam via as instituições de ensino. Desse modo a atuação na área escolar visa um trabalho que envolve o todo das instituições educativas: desde a direção da escola, professores, funcionários e alunos. Nesse cenário destacam-se, sobretudo, os professores devido à importância que eles têm na construção de repertórios para a inserção do aluno na realidade social, formando cidadãos críticos, reflexivos e conscientes dos seus direitos e deveres. Enquanto isso, Patto (1984) acrescenta “ (...) a primeira função desempenhada pelos psicólogos junto aos sistemas de ensino, (..) no Brasil, (...), foi a de medir habilidades e classificar crianças quanto a capacidade de aprender e progredir pelos vários graus escolares” . Não obstante, entendemos que essa visão classificadora ainda é a base conceitual no que diz respeito à atuação de muitos psicólogos nos dias atuais.

Por isso, Martinez (2003) conceitua a Psicologia nas atividades escolares como:

um campo de atuação de Psicólogo (eventualmente de produção científica) caracterizado pela utilização da Psicologia no contexto escolar, com objetivo de contribuir para otimizar o processo educativo, entendido este como complexo processo de transmissão cultural e de espaço de desenvolvimento da subjetividade (Martinez, 2003b, p. 107).

Essa ideia, no entanto não tem sido a que tradicionalmente marca a configuração o campo da Psicologia na instituição escolar, antes, o Psicólogo que era atuante nessa área é visto essencialmente focalizado no diagnóstico, atendimento, orientação e intervenção em relação aos problemas emocionais de aprendizagem e do comportamento. Para isso, Martinez (2003) classificou a concepção geral da atuação do Psicólogo em dois grupos: “tradicionais” e “emergentes”. Segundo a autora, a mesma classificação serve para gerar visibilidade sobre as formas de atuação do Psicólogo na instituição escolar.

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