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O ANÍSIO TEIXEIRA E A UDF

Por:   •  17/8/2019  •  Artigo  •  6.738 Palavras (27 Páginas)  •  182 Visualizações

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ANÍSIO TEIXEIRA E A UDF

Daniel Rangel; Eliana Simas e Felipi Correa.

Introdução, a criação da Universidade do Distrito Federal,

as dificuldades de um legado, conclusão.

Resumo:

Este artigo tem por objetivo fazer uma breve biografia e informar sobre a criação e o pensamento pedagógico de Anísio Spínola Teixeira (1900 – 1971); quanto à formação acadêmica e a concepção modernista da educação universitária para o Brasil. O autor citado criou a Universidade do Distrito Federal 1935 - 1939 (UDF), na época a cidade do Rio de Janeiro era a capital federal do Brasil.

Palavras-chave:

Anísio Teixeira – UDF – Educação

Introdução

Anísio Spínola Teixeira nasceu um Caetité - Bahia em 12 de julho de 1900 e veio a falecer no Rio de Janeiro em 11 de março de 1971. Filho de fazendeiro, estudou em colégios de jesuítas na Bahia e cursou direito no Rio de Janeiro. Diplomou-se em 1922 e em 1924 já era inspetor-geral do Ensino na Bahia. Viajando pela Europa em 1925, observou os sistemas de ensino da Espanha, Bélgica, Itália e França e com o mesmo objetivo fez duas viagens aos Estados Unidos entre1927 e 1929. De volta ao Brasil, foi nomeado diretor de Instrução Pública do Rio de Janeiro, onde criou entre 1931 e 1935 uma rede municipal de ensino que ia da escola primária à universidade. Perseguido pela ditadura Vargas, demitiu-se do cargo em 1936 e regressou à Bahia - onde assumiu a pasta da Educação em 1947. Sua atuação à frente do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos a partir de 1952, valorizando a pesquisa educacional no país, chegou a ser considerada tão significativa quanto a Semana da Arte Moderna ou a fundação da Universidade de São Paulo. Com a instauração do governo militar em 1964, deixou o instituto - que hoje leva seu nome - e foi lecionar em universidades americanas, de onde voltou em 1965 para continuar atuando como membro do Conselho Federal de Educação.

Considerado o principal idealizador das grandes mudanças que marcaram a educação brasileira no século 20, foi pioneiro na implantação de escolas públicas de todos os níveis, que refletiam seu objetivo de oferecer educação gratuita para todos. Como teórico da educação, Anísio não se preocupava em defender apenas suas idéias. Muitas delas eram inspiradas na filosofia de John Dewey (1852-1952), de quem foi aluno ao fazer um curso de pós-graduação nos Estados Unidos.

Dewey considerava a educação uma constante reconstrução da experiência. Foi esse objetivo, que inspirou Anísio a se projetar para além do papel de gestor das reformas educacionais e atuar também como filósofo da educação. A marca do pensador Anísio era uma atitude de inquietação permanente diante dos fatos, considerando a verdade não como algo definitivo, mas que se busca continuamente.

As novas responsabilidades da escola eram, portanto, educar em vez de instruir; formar homens livres em vez de homens dóceis; preparar para um futuro incerto em vez de transmitir um passado claro; e ensinar a viver com mais inteligência, mais tolerância e mais felicidade. Para isso, seria preciso reformar a escola, começando por dar a ela uma nova visão da psicologia infantil.  O próprio ato de aprender, dizia Anísio, durante muito tempo significou simples memorização; depois seu sentido passou a incluir a compreensão e a expressão do que fora ensinado; por último, envolveu algo mais: ganhar um modo de agir. Só aprendemos quando assimilamos uma coisa de tal jeito que, chegado o momento oportuno, sabemos agir de acordo com o aprendido. Na escola progressiva as matérias escolares - Matemática, Ciências, Artes etc. - são trabalhadas dentro de uma atividade escolhida e projetada pelos alunos, fornecendo a eles formas de desenvolver sua personalidade no meio em que vivem. Nesse tipo de escola, o estudo é o esforço para resolver um problema ou executar um projeto, e ensinar é guiar o aluno em uma atividade, e Anísio sabia que o educador poderia fazer bem mais e estar melhor preparado em uma instituição que pudesse atender a esta demanda e suprir assim tais deficiências sociais.

Anísio pensou no sistema de ensino brasileiro nos diversos níveis desde a infância (pré-escola) até a Universidade (o final da formação do estudante). Ele foi o primeiro a pensar que a Universidade começa na pré-escola, e que o ensino deveria ser mais completo e integral, também pensou na formação de professores/educadores para essa nova forma de conduzir o ensino no país. Em destaque será abordado o tema da criação – e pensamento filosófico pedagógico – da Universidade do Distrito Federal (UDF).

A criação da Universidade do Distrito Federal

Apesar da semelhança com a Universidade de São Paulo criada no mesmo período, resultou de um amplo movimento, pensado pela intelectualidade brasileira, na década de 1920, que queria romper com a tradição de reduzir o ensino superior à formação profissional.  Esse movimento, sabemos hoje que, não foi suficientemente forte para criar uma nova tradição, mas serviu para evidenciar a possibilidade de se institucionalizar,  outro tipo de saber além daquele de formação operativa. Embora a Reforma Francisco Campos recomendasse, desde 1931, a criação da Faculdade de Educação, Ciências e Letras, e sua inserção na Universidade do Rio de Janeiro, nenhuma medida efetiva fora tomada para isso, nos primeiros anos da década de 30. A esse respeito, o governo de São Paulo adiantou-se: em 25 de janeiro de 1934, instituiu a Universidade de São Paulo (USP), incorporando algumas escolas superiores já existentes, bem como diversos institutos técnico-científicos mantidos pelo Estado, adicionando-os a recém-fundada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL). Os paulistas concluíram que com as derrotas de 1930 e 1932 uma carência de quadros especializados para o trabalho político e cultural foi produzido; em razão disso, procuraram resolver o problema criando a Escola Livre de Sociologia e Política, em 1933, e organizando a USP no ano seguinte, a grande novidade - a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras - deveria ser o seu órgão central.

A Escola Livre de Sociologia Política, promovida por grupo de empresários, professores e jornalistas, adotou um modelo de ensino e de pesquisa de inspiração norte-americana, na linha empírica. Recebeu da Fundação Rockefeller uma coleção de livros que veio, depois, a se constituir o núcleo da melhor biblioteca especializada do gênero, no país. A Universidade de São Paulo, apoiada pelo grupo Mesquita, dono do renomado jornal O Estado de São Paulo, preferiu o modelo francês que se encaixava muito bem nas normas da Reforma Francisco Campos (Decreto nº 21.241 de 4 de abril de 1932). Estas instituições contrataram professores estrangeiros e nos documentos de suas respectivas fundações, que um de seus mais destacados objetivos era o de formar "personalidades capazes de colaborar eficaz e conscientemente na direção da vida social" (Estatutos da ELSP, in: Fávero, 1980, p. 175).

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