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O Observando o Familiar

Por:   •  15/10/2018  •  Resenha  •  719 Palavras (3 Páginas)  •  554 Visualizações

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VELHO. Gilberto. “Observando o familiar” in: Individualismo e Cultura. 7 ed. Rio de Janeiro: zahar. 2004. p. 123-132.

Maria Eduarda Fernanda de Fraga

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Gilberto Velho, foi um antropólogo brasileiro que é considerado o pioneiro da Antropologia Urbana no país. Em 1981, foi publicado o livro “Individualismo e Cultura”, pelo mesmo. Este livro contém 11 textos, que são separados em duas partes. Nessa resenha crítica, iremos focar no capítulo nove do livro, chamado de “Observando o familiar”, composto por 11 páginas. Ao longo do texto, ele desconstrói a partir de suas vivências como antropólogo, o que conhecemos por familiar (conhecido) e exótico (desconhecido), afim de trazer mais clareza ao leitor.

 Velho, introduz o capítulo falando sobre a necessidade de distância do objeto de pesquisa para que se tenha um resultado imparcial da realidade, mas também não descarta o valor do tempo de convivência para que se possa observar aspectos que não estão claros. Em seguida, ele nos apresenta os termos “distância social e distância psicológica”, de Dra. Matta. Segundo o autor, nem sempre o familiar é conhecido e o exótico é desconhecido, podendo ser ao contrário.

O que sempre vemos e encontramos pode ser familiar, mas não é necessariamente conhecido e o que não vemos e encontramos pode ser exótico, mas até certo ponto, conhecido. No entanto, estamos sempre pressupondo familiaridades e exotismos como fontes de conhecimento ou desconhecimento, respectivamente.  (VELHO, 1981, p.126)

O autor reflete sobre sua posição de pesquisador numa sociedade hierarquizada, nos dando a entender que essa posição seria uma dificuldade, não só nos estudos urbanos, mas também em estudos em que o pesquisador precise viajar e se depara com obstáculos, como a língua de um país. Apesar de Gilberto Velho nos apresentar dificuldades, podemos perceber que o seu objetivo não é focar nisso, mas sim usar a sua realidade como antropólogo, para que o leitor entenda claramente sua ideia. Para ele, quando um pesquisador está estudando sua própria sociedade, o interesse nisso não seria a língua, seria as vivências das classes que existem nesta sociedade.

Podemos perceber a preocupação que o autor tem quando se trata de relativizar no momento de uma análise, mesmo se tratando de um assunto que, ao olhar do pesquisador pareça exótico. Essa preocupação se dá a partir da ideia do autor, sobre o que é estar familiarizado. Para ele, estar familiarizado, não significa conhecer todos os pontos de vista ou as regras de interação daquela sociedade, vista como conhecida ou familiar. Se o pesquisador não permanecer neutro, sobre aquilo que ele acha que sabe, sobre tal sociedade, cultura ou objeto, ele pode se perder naquilo que acha ser familiar, pois já tem um suposto envolvimento e pode olhar com olhos imparciais a realidade. Relativizar uma situação não é uma tarefa fácil e requer disposição do pesquisador, mas com o tempo maior de observação é possível encontrar uma coerência, mesmo que ela carregue a subjetividade do olhar do pesquisador.

No texto, relativizar não é o único problema que o autor nos apresenta. Ele argumenta que quando se trata de pesquisas urbanas, num contexto da própria sociedade do pesquisador, ele acaba sendo cercado por mais críticas do que se estudasse uma sociedade distante, exótica.

É intrigante pensar que em um texto curto de 11 páginas, Gilberto Velho consegue desconstruir, através dos seus argumentos e de suas vivências, a ideia do que é familiar e exótico. Ao fazer parte de uma sociedade, achamos que os indivíduos que estão nessa mesma sociedade são mais próximos do que os que estão em outra mais distante. Isso não é necessariamente verdade, já que um individuo de outra sociedade pode ser mais parecido conosco em nível de intelectualidade, ou simplesmente numa conversa sobre futebol. Apesar do problema apresentado pelo autor, sobre a pesquisa familiar, em questão da relativização, concordo com o autor que ainda sim é mais vantajoso estudar uma sociedade familiar, pois temos a possibilidades de enriquecer a pesquisa e o nosso pensamento como pesquisador, podendo evoluir não só como pesquisador, mas como pessoa.

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