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Os Fundamentos da Educação

Por:   •  4/10/2020  •  Projeto de pesquisa  •  1.802 Palavras (8 Páginas)  •  129 Visualizações

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Antes de entrarmos no mito propriamente dito, é imperioso que entendamos o poder do mito. Na nossa sociedade atual, esvaziada de valores morais, os mitos bem como os contos de fadas são muitas vezes tidos como ilustrações infantis do passado, mostrando o quão ingênuos eram nossos antecessores em acreditarem em deuses antropomórficos ou animais falantes, ou como Schuawrz (2017, p.22) descreve. “No contexto geral das teorias que dominaram o pensamento antropológico do séc XIX, os mitos foram percebidos como a manifestação de um pensamento confuso, primitivo, irracional, “embrionário””. Porém não foram poucos os grandes mitólogos do século XX que se debruçaram sobre o significado profundo do mito para a formação integral do homem. Para Joseph Campbell o mito não se resumia em histórias primitivas e sim em algo muito maior, segundo ele:

Esses bocados de informação, provenientes dos tempos antigos, que têm a ver com os temas que sempre deram sustentação à vida humana, que construíram civilizações e formaram religiões através dos séculos, têm a ver com os profundos problemas interiores, com os profundos mistérios, com os profundos limiares da travessia, e se você não souber o que dizem os sinais ao longo do caminho, terá de produzi-los por sua conta. Mas assim que for apanhado pelo assunto, haverá um tal senso de informação, de uma ou outra dessas tradições, de uma espécie tão profunda, tão rica e vivificadora, que você não quererá abrir mão dele. (1990, p.15)

Ou seja, os mitos narram os caminhos percorridos ou a percorrer interiormente. Quando Pandora abre a caixa, quando chapeuzinho decide trilhar o caminho da floresta, ou quando Psiquê decide por ver o rosto de Eros, em uma primeira interpretação exterior vemos que o que essas narrativas tem em comum é que as personagens se rebelaram e não seguem o conselho dos mais sábios, porém quando interpretamos simbolicamente estas estórias, vemos que as personagens antes se encontravam na proteção divina, num conforto sagrado, relativo ao bebê que é cuidado pela mãe ao nascer, porém ao decidir quebrar esse conforto, elas lançam o mau no mundo, ou entram na floresta escura, ou ainda vão para o submundo, resumindo, elas decidem também encarar de frente seus males internos, aquele lado feio, e obscuro que todos nós temos e que guardamos no mais fundo de nossa floresta  ou Ades interior. Essa também é a decisão do herói, colocar-se a prova, aceitar o desafio do mundo, segundo Campbell:

É próprio da mitologia, assim como do conto de fadas, revelar os perigos e técnicas específicos do sombrio caminho interior que leva da tragédia à comédia. Por conseguinte, os incidentes são fantásticos e “irreais”: representam triunfos de natureza psicológica e não de natureza física. (1989,p.35)

Joseph Campbell deu a essas “coincidências”que são observadas nos vários mitos de varias épocas diferentes  o nome de Monomito. Para Campbel o herói de Mil Faces é sempre presenteado com a seguinte situação:

Um herói vindo do mundo cotidiano se aventura numa região de prodígios sobrenaturais; ali encontra fabulosas forças e obtém uma vitória decisiva; o herói retorna de sua misteriosa aventura com o poder de trazer benefícios aos seus semelhantes (1989, p.36)

Ou seja o herói é aquele que sai de sua comodidade cotidiana, encara as adversidades da vida como provas e assim se supera, ao se superar ele então pode aportar para o mundo, pois já não está preso nas ilusões de que tudo de ruim é uma tragédia, Fernando Schuawrz sinaliza que há duas maneiras de se encarar as tragédias e nos aponta qual é a maneira escolhida pelo herói.

Na realidade há duas respostas possíveis aos acontecimentos tidos por trágicos: rejeitá-la, e provocar a hybis – a desmedida –, que causa a perturbação e o desejo de escapar do seu destino, ou a transcendê-las enfrentando e assumindo a prova, superando-a, dominando-a.

A segunda resposta é a da vida heroica na qual o herói, ao invés de se vitimar, assume a prova e, ao enfrentá-la e superá-la, vence. As leis do destino, que parecem se revoltar contra ele e o levam ao mais profundo dos infernos, resultam, então no momento mais difícil para se tornarem uma força de elevação e ascensão, que se coloca a seu serviço (2017, p.35)

E então é por meio dos mitos que conseguimos ver essa jornada do herói, que é tão necessária para alcançarmos a nossa própria conquista psicológica. Por isso, os mitos, símbolos e arquétipos são chave mestra da psicanálise.

Uma vez dita a importância da interpretação simbólica dos mitos, partirei para o mito de fato.

O MITO DE EROS E PSIQUÊ

Psiquê, mortal, era uma das três filhas de um rei, todas muito belas, capaz de despertar a admiração de qualquer pessoa, tanto que muitos vinham de longe para apreciá-las. Logo, as duas irmãs de Psiquê casam-se. Apenas a jovem não casa, ainda que seja a mais bela das três, e justamente por isso era a mais temida, já que sua beleza fazia seus pretendentes terem medo. Consultando os oráculos, os pais da jovem entristeceram-se pelo destino da filha, já que foram aconselhados a vestirem-na com trajes de núpcias e colocarem-na num alto de um rochedo para ser desposada por um terrível monstro! Na verdade, tudo fazia parte de um plano da vingativa Afrodite, que sofria de inveja da beleza da moça. Assim que a jovem foi deixada no alto do rochedo, um vento muito forte, Zéfiro, soprou e a levou pelos ares e ela foi colocado em um vale. Psiquê adormece exausta e quando acorda parece ter sido transportada para um cenário de sonhos, um castelo enorme de mármore e ouro e vozes sussurradas que lhe informavam tudo que precisava. Foi levada aos seus aposentos e logo percebeu que alguém a acompanhava e logo descobriu que era o marido que lhe havia sido predestinado, ele era extremamente carinhoso e a fazia sentir bastante amada, mas ele havia colocado uma condição, que ela não poderia vê-lo, pois se assim o fizesse o perderia para sempre. Psiquê concorda com a condição e permanece com ele. O próprio Eros, que tinha sido encarregado de executar a vingança da mãe, se apaixonara por Psiquê, mas que tem de se manter escondido para evitar a fúria de Afrodite.

Com o passar do tempo, ela se sentia extremamente feliz, porque seu marido era o melhor dos esposos e a fazia sentir o mais profundo amor, mas resolve fazer-lhe um pedido arriscado: o de ir visitar seus pais, mesmo com a advertência dos oráculos e o temor do esposo, ela insiste, até que ele cede. Da mesma forma que foi transportada até o seu novo lar, Psiquê vai até a casa dos pais. O reencontro gera a felicidade dos pais e a inveja das irmãs, que a enchem de perguntas sobre o marido, e ela acaba revelando que nunca vira seu rosto. Elas acabam convencendo-na que ela deveria vê-lo e ela se enche de curiosidade.

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