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Pedagogia da Autonomia

Por:   •  4/10/2018  •  Resenha  •  7.475 Palavras (30 Páginas)  •  175 Visualizações

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PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: Saberes necessários à prática educativa

(Paulo Freire – Ed. Paz e Terra, 1996)

Quem é? Pedagogo conhecido e respeitado mundialmente, com obras traduzidas e comentadas em vários países. Nascido em 1921, no Recife, formou-se advogado em 1959, mas nunca exerceu a profissão. O ensino era sua paixão. Exilado após o golpe militar de 1964, foi para o Chile, onde escreveu Pedagogia do Oprimido (1968), livro que o tornou conhecido mundialmente. Em 1970, junto a outros brasileiros exilados, em Genebra, Suíça, cria o IDAC (Instituto de Ação Cultural), que assessora diversos movimentos populares, em vários locais do mundo. Morreu em 1997, em São Paulo, cidade da qual foi secretário de Educação de 1989 a 1991.

O que ele disse?

É preciso pôr fim à educação bancária, em que o professor deposita em seus alunos os conhecimentos que possui.

Primeiras Palavras

O texto aborda a questão da formação docente ao lado da reflexão sobre a prática educativo-progressiva em favor da autonomia do ser dos educandos, analisando os saberes fundamentais à pratica docente.

Para isso retoma temas, já desenvolvidos em outros livros, sobre a questão da inconclusão do ser humano, de sua inserção num permanente movimento de procura. Nesse sentido, afirma que "formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de suas destrezas".

Refere-se à raiva que sente quanto às injustiças causadas aos esfarrapados do mundo, denunciando em seus discursos a malvadeza neoliberal que a seu ver é cínica, ideologicamente fatalista, inflexível ao sonho e à utopia.

Freire diz estar com seu ponto de vista focado nos "condenados da terra" nos excluídos, porém não aceita ações terroristas, pois dela resultam a morte de pessoas inocentes e a insegurança dos seres humanos. Sublinha que a competência dos professores está na responsabilidade ética no exercício da tarefa docente.

Essa ética deve ser exercida na maneira como se lidam com os conteúdos que ensinam, no modo como citam autores de cuja obra discordam ou com cuja obra concordam. O professor pode não aceitar a concepção pedagógica deste ou daquele autor e, inclusive, devem expor aos seus alunos a razões porque se opõem a ela, mas não devem mentir, dizer inverdades em torno deles Os estudantes devem perceber as diferenças de compreensão dos fatos, as posições antagônicas entre os professores e apreciar como resolvem e equacionam os problemas, observando o respeito com que estes analisam  e criticam uns aos outros.

O preparo científico do professor deve coincidir com sua formação ética. O sujeito ético é aquele que assumidamente é sujeito histórico, transformador, da ruptura, da ação, que recusa com segurança, as críticas que vêem na defesa da ética distorcida e moralmente hipócrita.

A ética a que Paulo Freire se refere á a ética universal do ser humano, aquela que é a marca da natureza humana indispensável à convivência. É preciso reconhecer que mais do que um ser no mundo, o ser humano se tornou Presença no mundo, com o mundo e com os outros, Presença ativa, transformadora, comparadora, contestadora que domina as decisões, as avaliações, a liberdade, a ruptura, a opção. É justamente nestes domínios que se instaura a necessidade da ética e se impõe a responsabilidade. A ética se torna inevitável e sua transgressão implica numa desvalorização do ser humano, na perda de suas virtudes.

Freire chama a atenção ao fato de que, enquanto seres éticos, estamos reconhecendo que somos seres condicionados, mas não determinados, ou seja, a história (determinação genética, cultural ou de classe) é tempo de possibilidades e não de determinismo.

A ideologia fatalista, imobilizante, que anima o discurso neoliberal anda solta no mundo. Com ares de pós-modernismo, ela insiste em convencer-nos de que nada se pode fazer contra a realidade social que, de histórica e cultural, passa a ser "quase natural”. E assim, sob a perspectiva desta ideologia fatalista e imobilizante só restaria uma saída ao educador para a pratica educativa - adaptar o educando a esta realidade que não pode ser mudada, ou seja, treiná-lo tecnicamente para que ele possa adaptar-se e sobreviver.

Este livro pretende ser um decisivo NÂO do autor a esta ideologia que nos nega e amesquinha como gente.

 

Cap. 1. Não há docência sem discência.

Neste capítulo Freire deixa claro que sua intenção é tratar dos saberes indispensáveis à pratica docente de educadores críticos, progressistas, mas admite que alguns destes saberes são igualmente necessários a educadores conservadores, porque são saberes demandados pela prática educativa em si mesma, não importando  quais as tendências políticas e pedagógicas que eles adotam.

A REFLEXÃO CRITICA SOBRE A PRÁTICA – torna-se uma exigência da relação Teoria /Prática sem a qual a teoria vira discurso e a prática, ativismo. O educador, ciente de que é sujeito da produção do saber deve estar convencido que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua produção ou a sua construção - é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender, por isto não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam não se reduzem à condição de objeto um do outro.

Do ponto de vista gramatical, o verbo ensinar é um verbo transitivo-relativo - quem ensina, ensina alguma coisa a alguém. Paulo Freire insiste, entretanto, que ensinar á ainda algo mais que um verbo transitivo-relativo. Ensinar inexiste sem aprender e vice versa e foi aprendendo socialmente que o homem descobriu que era possível ensinar e que para isso era possível e depois preciso encontrar maneiras, caminhos e métodos de ensinar. Portanto, aprender precedeu o ensinar.

Paulo Freire afirma que para ele se o aprendiz não se tornou capaz de recriar ou refazer o ensinado, não existe validade no ensino. O processo de aprender pode deflagrar no aprendiz uma curiosidade crescente, que pode torná-lo mais e mais criador. Assim, para Freire, quanto mais criticamente se exerça a capacidade de aprender, tanto mais se constrói e desenvolve o que ele chama de "curiosidade epistemológica", sem a qual não se alcança o conhecimento cabal do objeto. A partir dessa constatação Freire critica e recusa o ensino bancário, pois em sua visão este deforma a necessária criatividade do educando e do educador, pois este já vem idealizado a realidade desvirtuada e desconectada do mundo concreto. Por outro lado, Freire acredita que o aluno mesmo submetido à educação bancária, pode, se lhe restar vivo o gosto da rebeldia, que vai lhe aguçar a curiosidade e estimular sua capacidade de arriscar-se, imunizando-o contra o poder apassivador do “bancarismo”, aliás, este é, segundo Freire, uma das significativas vantagens dos seres humanos  a capacidade de ir mais além  de seus condicionantes.

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