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RESENHA DO LIVRO CULTURA, POLÍTICA E ATIVISMO NAS REDES DIGITAIS.

Por:   •  26/10/2022  •  Pesquisas Acadêmicas  •  13.416 Palavras (54 Páginas)  •  86 Visualizações

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SILVEIRA, Sérgio Amadeu. BRAGA, Sérgio. PENTEADO, Cláudio. Cultura, Políticae ativismo nas redes digitais. São Paulo:Fundação Perseu Abramo, 2014.

Resenha do livro: Cultura, política e ativismo nas redes digitais.

O livro inicia abordando a temática mais geral dos impactos da internet e nas tecnologias digitais nas relações de poder que perpassam as sociedades contemporâneas e os novos parâmetros colocados por essas novas relações para a ação coletiva dos diferentes atores sociais. O autor busca caracterizar a sociedade informacional como uma sociedade de controle, defendendo o uso da metodologia genealógica para observar protocolos e códigos como instrumentos de poder entre agentes inseridos nas sociedades em rede.

Ciberativismo: Para analisar o poder tecnológico como poder político.

A caracterização do período ou momento histórico da emergência e expansão das tecnologias informacionais adquire forte relevância, pois dá ao pesquisador parâmetros e indicações dos elementos mais importantes que interferem e se manifestam nos processos políticos, nos jogos de forças principalmente nas relações comunicativas do cotidiano que podem se transformar em recursos e estratégias de poder.

Segundo Deleuze o capitalismo industrial exigiu e se beneficiou da formação das instituições disciplinares. O capitalismo informacional não consegue se ampliar somente com aabsorção do medo que a permanente vigilância acarreta. O capitalismo baseado nas tecnologias da comunicação e informação precisa de outro tipo de liberdade além da vista, ele busca uma liberdade modulada. A nova fase da biopolítica não passa apenas pela garantia da disciplina dos corpos, da saúde posicionada para o trabalho adequada á reprodução do capital, agora ela passa pelo incentivo ao isolamento, pela necessidade de que os indivíduos sejam acompanhados e padronizados em suas variações de humor, de perspectiva de objetivos.

A internet é a maior expressão deste período histórico. Trata-se de uma rede sociotécnica que dá aos indivíduos a sensação de completa liberdade de uso, de possibilidades de criação, de múltipla existência no ciberespaço, de navegação anônima, de impossibilidade de observação e acompanhamento dos corpos virtualizados. O indivíduo tem medo da câmara do alto da via pública, mas acredita que o acesso a determinado site não pode ser acompanhado. Dessa forma, é ignorada a origem cibernética da rede mundial de computadores. Porém a internet é uma rede de comunicação e de controle baseada em protocolos, ou seja, de regras rígidas que possibilitam a uma rede se comunicar com outra, que um computador possa encontrar outro em uma malha de milhões de pontos de conexão. A partir de um netbook ou até um dispositivo móvel, é muito provável que consigamos localizar um jovem conectado, com precisão georreferenciada crescente. A interatividade será garantida se os interagentes forem visíveis um para o outro, não importa onde estejam os pontos de conexão distribuídos da internet.

A sociedade em rede como uma sociedade de controle

A definição de sociedade de controle decorre da forma como os períodos históricos foram trabalhados por Foucault. Trata-se de uma expressão criada pelo filósofo Gilles Deleuze para distinguir a competência de um novo poder social que substitui as disciplinas e as organizações fechadas típicas dos séculos XVIII e XIX. Segundo o professor Alexander Galloway as redes distribuídas são a representação de poder das sociedades de controle (Galloway, 2004, p.27). Deleuze argumentou que” toda a sociedade tem o seu ou os seus diagramas” (Deleuze, 2006, p. 45). Identificar os diagramas e os estilos de gerenciamento que asseguram o controle em cada situação é uma perspectiva de investigação que permite compreender as implicações das redes nas disputas de poder, bem como observar a própria constituição das redes sociotécnicas como mapas de forças.

Segundo Castells, o poder das redes é o poder dos padrões da rede sobre seus componentes, mesmo que ele favoreça os interesses de um conjunto específico de atores sociais na origem da formação da rede e do estabelecimento de padrões (protocolos de comunicação) (Castells, 2009, p. 74). Segundo o autor os padrões e os protocolos de comunicação determinam as regras que se devem aceitar quando se está na rede. As disputas políticas enfrentam os intermediários de várias matrizes, da indústria copyright às comunidades estatais de vigilância erguidas no mundo industrial contra a atual dinâmica das redes digitais e pela inclusão de novas restrições à liberdade de criação de conteúdos, formatos e tecnologias.

Controle e poder de criar redes

As redes tecnológicas digitais podem ser investigadas do ponto de vista de sua natureza cibernética e daquilo que representam para as liberdades e direitos civis criados nas democracias liberais. O controle cresce e se adentra nas sociedades informacionais a despeito dos discursos sobre a liberdade extrema dos cidadãos conectados.

A análise sociotécnica das práticas comunicações nas comunicações democráticas permite afirmar que a Crescente interatividade entre os indivíduosse dá a partir de intermediários tecnológicos baseados em arquiteturas de controle. garantem e modulam a interatividade. Também é parte de um programa de pesquisa da política na sociedade informacional identificar a influência, o poder e o modus operandi que tais intermediários exercem sobre os comportamentos, sobre os Estados e os mercados.

O controle atual não se dá apenas na comunicação e sobre os comportamentos interativos, como também, sobre o conhecimento dos códigos básicos da vida e dos corpos.

A definição Foucaultianade “poder como estratégia” é útil para observar a complexidade do jogo de forças em redes de arquitetura distribuídas. Porém reduz e pode até eliminar o papel dos sujeitos e dos agrupamentos sociais no desenho das relações e instituições da sociedade.

Outra abordagem que nos dá instrumentos consistentes para observar esses fenômenos é a teoria do ator-rede de Bruno Latour e Michel Callon. É também chamada de “sociologia da tradução” e permite analisar a dinâmica do poder. Ela define que devemos manter foco no início de nossas observações nas interações. Partindo do pressuposto de que a sociedade é uma rede heterogênea, é importante busca saber por que determinadas interações conseguem se tornar mais estáveis enquanto outras não se reproduzem, nem duram nas demais relações sociais. A teoria do ator-rede considera que máquinas, dispositivos e humanos possuem para a análise o mesmo valor, dependendo dos efeitos que cada autor causa nas relações. Assim, para essa teoria os atores humanos e não humanos são permanentemente ligados a uma rede de elementos materiais e imateriais cuja importância é o efeito produzido nessa rede de materiais interativa completamente heterogênea.

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