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A Clínica Analítico-Comportamental: Aspectos teóricos e práticos.

Por:   •  23/11/2021  •  Trabalho acadêmico  •  5.266 Palavras (22 Páginas)  •  228 Visualizações

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Clínica analítico-comportamental infantil: a estrutura

O primeiro contato

Tradicionalmente, na psicologia, é comum a associação entre as primeiras sessões de terapia e um psicodiagnóstico. Concebe -se, nesta proposta, que, antes de qualquer forma de intervenção, é necessária à coleta de dados e a formulação de um diagnóstico, ainda que não seja dentro dos parâmetros da psiquiatria. No trabalho clínico de orientação analítico-comportamental, que tem como base teórica o Behaviorismo Radical, entende-se que o comportamento é fluido e determinado por diversas interações entre indivíduo e ambiente, que se modificam constantemente. Na abordagem analítico comportamental não há uma separação entre uma fase de avaliação e outra de intervenção e, em lugar disso, à medida que atividades, brincadeiras, jogos, conversas e leituras são propostos, o clínico avalia os comporta mentos (no sentido de compreendê los em relação às condições nas quais ocorrem) e procura intervir sobre os mesmos. A escolha sobre quem é convocado ao primeiro encontro depende de uma série de fatores: idade da criança, tipo de queixa, de onde e de quem partiu o encaminhamento, entre outros elementos. A escolha por excluir a criança da entrevista inicial se justifica por uma série de fatores. Em primeiro lugar, os motivos pelos quais os adultos procuram um profissional, muitas vezes, envolvem uma série de elementos, histórias e dados que não poderiam ser apresentados de forma clara na presença da criança. O segundo aspecto se refere ao fato de que faz parte dos objetivos do primeiro encontro o estabelecimento do contrato clínico, que inclui os horários, honorários, o modo de se conduzir faltas e férias, a apresentação sobre a forma de trabalhar do profissional, componentes éticos, entre outros. O terceiro elemento importante que justifica a ausência da criança na primeira entrevista se relaciona ao fato de que, muitas vezes, o profissional avalia que o trabalho psicoterápico com a criança não é necessário, e, em alguns casos, é até contraproducente. Faz parte dos objetivos do primeiro encontro o estabelecimento do contrato clínico, que inclui os horários, honorários, o modo de se conduzir faltas e férias, a apresentação sobre a forma de trabalhar do profissional, componentes éticos, entre outros. Algumas informações que devem ser levantadas na(s) entrevista(s) inicial(is): queixa; tratamentos anteriores e em andamento; rotina da criança; dados sobre a história de vida, incluindo saúde, relaciona mentos familiares, vida escolar, sono, alimentação e relacionamentos interpessoais da criança; início do problema; contextos em que os comporta mentos indesejados ocorrem e não ocorrem, o que pode ser lugares, pessoas, situações, etc.; quais as atitudes tomadas quando o comportamento indesejado ocorre, etc. Também faz parte dos primeiros contatos com os pais a apresentação sobre a forma de trabalho, o que inclui contar a eles sobre o que acontecerá nas sessões. Frequentemente, os pais têm dúvidas acerca do que se faz em uma sala de terapia infantil. É importante esclarecer sobre o uso de diversos recursos (conversas, brincadeiras, jogos, desenhos, livros, material escolar, etc.) como parte do trabalho. É fundamental explicitar para os pais a importância da presença dos mesmos nesse processo, frequentando as sessões de orientação familiar, experimentando novas formas de agir com a criança a partir das orientações do profissional e, ainda, fornecendo dados que ajudem o clínico na condução do caso. Também faz parte do primeiro contato, o preparo da primeira sessão entre o clínico e a criança. Para isso, deve se investigar o que a criança sabe sobre a terapia e muitas vezes orientar os pais sobre como os mesmos podem explicar a ela sobre esse tipo de trabalho, de forma simples e realista. Por fim, são nestes primeiros encontros que o clínico combina com os pais as questões práticas, incluindo horários, honorários, frequência das sessões, férias, etc. Os acordos variam de acordo com o caso e com a forma do profissional trabalhar.

Primeiras sessões com a criança

Para planejar o primeiro contato com a criança, é salutar que o clínico considere o estabelecimento de uma boa relação, composta por interações gratificantes como um dos principais objetivos. Uma das maiores preocupações do clínico, nos encontros iniciais com a criança, deve ser o estabelecimento do vínculo, o que ocorre a partir de um contexto acolhedor e promotor de interações gratificantes. Alguns aspectos que o clínico deve atentar nos encontros iniciais com a criança: criar um contexto agradável, aumentando a probabilidade da criança querer retornar; estabelecer regras, visando o bom andamento dos encontros; observar os comportamentos da criança, na busca por informações importantes para a formulação de hipóteses funcionais, o que inclui eventos que podem ser utilizados como reforçadores posteriormente. Por fim, vale destacar o seguinte ponto em relação às primeiras sessões com a criança: embora as primeiras sessões devam se constituir como contextos agradáveis, gratificantes e pouco aversivos, é fundamental que as principais regras sejam apresentadas desde o início.

O decorrer do trabalho clínico

O trabalho clínico com crianças guarda características peculiares a cada caso atendido, assim como se verifica no trabalho com adultos. Por isso, as regras envolvidas, as características das sessões, as atividades utilizadas, o tipo e a periodicidade de contato entre o profissional e os pais e/ou outros profissionais são elementos que podem variar bastante entre diferentes crianças atendidas. Em relação à administração de número de sessões e do tempo da sessão, observa -se que, em geral, clínicos analítico -comportamentais infantis adotam a prática de uma a duas sessões por semana com a criança. A decisão pela frequência depende da necessidade do caso e da disponibilidade da criança e seus familiares para o atendimento. As sessões com criança exige planejamento por parte do clínico, caso contrário pode se tornar um contexto de brincadeiras e diversão sem propósito terapêutico. Pessoas ligadas à criança são frequentemente convidadas a participar do processo clínico. O contato com o pessoal da escola e outros profissionais deve ser feito à medida que os problemas da criança estejam relacionados à educação e/ou a questões que envolvam esses outros profissionais. Mais um elemento a ser considerado nesta análise do que compõe um processo clínico infantil diz respeito ao material utilizado nas sessões. Embora parte do material para análise advenha da interação verbal, quase sempre são necessários outros

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