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A Clínica e Subjetividade

Por:   •  3/9/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.194 Palavras (5 Páginas)  •  328 Visualizações

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Resenha crítica: Corpo e excesso

        O corpo é o principal registro no qual se manifesta o mal-estar. Atualmente, todos se queixam do corpo, seja em relação ao funcionamento, aos padrões de beleza impostos pela sociedade contemporânea e até mesmo por insatisfação sem algum motivo aparente. Com isso, percebe-se que sempre há algo que se deve ser feito para mudar e/ou melhorar. Conforme o autor, as queixas corporais se inscrevem numa discursividade ao mesmo naturalista e naturista, que constitui a nossa atmosfera cultural.

        Na modernidade, a subjetividade era regulada pelo conflito psíquico, o qual indicava uma oposição entre as pulsões e as interdições morais. Porém, nos tempos atuais seriam regidos por formas diferentes de regulação social, nas quais imperam a exigência do desempenho e da iniciativa individual. Em vez da interdição, observa-se hoje uma incitação à ação.

A razão para todo o prestígio em relação corpo ocorre devido à valorização do nosso “único bem”. Inversamente, na antiguidade, pode se dizer que o corpo se transformou no nosso “bem supremo”. Portanto, se o bem supremo se aloja no corpo, a saúde se transformou no nosso ideal supremo (BIRMAN, 2012).

Dessa forma, percebe-se que as pessoas estão em estado de estresse permanente, sendo este o principal sintoma presente nos discursos em relação ao mal-estar. O estresse é designado como maior mal-estar permanente na contemporaneidade, que pode se manifestas de múltiplas e infinitas maneiras. É o maior mal-estar, já que está no fundamento de todos os demais, pois passando pela elevação da pressão arterial, da dispnéia e da aceleração do ritmo cardíaco, tudo é passível de lhe ser atribuído (BIRMAN, 2012). Assim, sendo considerado o centro do mal-estar atual, no qual produz sintomas psicossomáticos.

Outro sintoma é a síndrome de fadiga crônica, a qual os indivíduos se referem à presença de um cansaço absoluto que se manifesta pela ausência de impulso vital e pela imobilidade corporal. A medicina clínica atribui isso a certas viroses e a falta de algumas vitaminas na dieta. A psiquiatria, em contrapartida, atribui isso a processos de natureza depressiva, supondo uma disfunção na economia bioquímica dos neuro-hormônios. Porém, o estresse estaria sempre lá, como base subjacente dessas leituras provocando então tais efeitos psicossomáticos (BIRMAN, 2012).

Por fim, há o pânico, que se transformou numa modalidade destacada de mal-estar. Na síndrome do pânico, as pessoas se queixam de uma angustia iminente de morte que as paralisa, pois são incapazes de reação. Sendo assim, o fantasma da morte se impõe como uma certeza iminente, e por isso, o pânico toma o corpo do sujeito.

A síndrome do pânico é desencadeada freqüentemente em situações sociais nas quais o sujeito supõe que será avaliado. O olhar do outro ocupa então toda a cena psíquica do sujeito, como um intruso que o invade e perfura com suas exigências, diante das quais ele se sente impotente e sem os instrumentos capazes de responder àquelas demandas (BIRMAN, 2012).

Freud descreveu a síndrome do pânico sob o nome de neurose de angústia, sendo causada pela disfunção libdinal, na qual o psiquismo não conseguiria inscrever a excitabilidade sexual numa série simbólica capaz de poder interpretar o incremento da excitação. Diferentemente da fobia, na qual o psiquismo se protegeria da disseminação da angústia pela construção de signos de evitamento, na neurose de angústia o psiquismo não constituiria tal proteção.

Segundo Birman (2012), na neurose de angústia não existiria a possibilidade de se constituir um objeto contrafóbico. Pensando nisso, há excesso de excitação instalado no psiquismo e, por causa disso, o trauma se estabelece de maneira inevitável. Assim, o trauma, em contrapartida do excesso, que paralisa o psiquismo na sua mobilidade.

Conforme o autor, os acontecimentos não pressentidos se impõem com violência, provocando a angústia do real e não mais a angústia do desejo, isso é, o excesso de excitação que se impõe e a experiência traumática conseqüente (Birman, 2012). Além disso, o autor cita que há transformação crucial na economia política dos signos produzida no Ocidente, incidindo de maneira frontal sobre o discurso psicanalítico que se inscrevia nessa economia política.

 Com isso, os discursos naturistas e naturalistas se alastram no campo imaginário social, impondo sua hegemonia numa outra economia dos signos. A partir disso, surgem os tratamentos corporais, os quais assumem papeis cada vez mais importantes na sociedade. Vale ressaltar que quando se fala “importante” é por causa da necessidade que alguma vê nesses tratamentos e produtos, porém, não devem ser tratados como prioridades na vida de cada pessoa.

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