A Escola, estado e sociedade – Quadro teórico de Barbara Freitag

Escola, estado e sociedade – Quadro teórico

Freitag aborda as principais teorias acerca da educação e seu contexto na realidade brasileira. Para Durkhein a educação é o processo pelo qual o indivíduo passa do egoísmo para o altruísmo, através do conhecimento passado de geração para geração afim de manter a sociedade como conhecemos, portanto, os conteúdos da educação que recebe não são voltados para os interesses pessoais de cada um, mas sim de um todo. Ao passar pelo processo educacional esse indivíduo internaliza esse conteúdo e o reproduz em sociedade.

Partindo das ideias de Durkein, Parsons descreve a educação como um mecanismo que constitui e perpetua a sociedade e contribui para a construção de sistemas sociais. Esses sistemas, parar existir precisam que seus membros internalizem seus valores e suas normas. Há no processo educativo uma troca onde tanto o sistema quanto seus membros se beneficiam, dessa forma maximiza-se as gratificações e minimiza-se as privações do indivíduo garantindo a cooperação do mesmo a fim de se submeter as exigências do sistema. Para que ocorra o equilíbrio do sistema social é necessário equilíbrio do sistema de personalidade. A criança aprende as normas sociais através do condicionamento feito pelos pais, utilizando elogios, carinho e sorrisos para recompensar um comportamento "adequado". Quando condicionada a criança passa a ser atuante como membro do sistema.

Podemos descrever, segundo Parsons, os valores do sistema social como ordem, conservação, harmonia e equilíbrio, sem estes princípios não há um bom funcionamento.  Os dois autores citados receberam críticas acerca de seu conservadorismo, para eles a educação consiste apenas no necessário para manter uma dada sociedade, e não como um fator de desenvolvimento e superação de estruturar arcaicas.

Contrariando esta teoria surgem dois autores, Dewey e Mannheim que consideram a educação um fator de dinamização das estruturas. Nessa linha de pensamento o processo educacional se torna mutável, o indivíduo atua na sociedade em que vive não apenas transmitindo o conhecimento que foi passado para ele de geração para geração, mas através de sua própria analise critica ele é capaz de reorganizar seus comportamentos e transformar a sociedade moderna.

Para Dewey, não se pode separar a educação da vida, pois educação é vida, é viver, desenvolver-se e crescer. Para viver o indivíduo é forçado a atuar e sua ação se transforma em processo educativo. O ato educacional dá ao indivíduo subsídios para que ele reorganize suas experiências de vida, o meio em que se dá esse processo educacional precisa ser organizado. Para Dewey esse meio é a escola, aqui a criança aprende vivendo as práticas democráticas que aplicará na vida adulta na sociedade democrática. Assim, a educação por Dewey é definida como especificamente democrática, implica que os indivíduos têm chances iguais em uma sociedade livre e igualitária, onde competem por privilégios. Esta competição se dá por regras fixadas e internalizadas pelos indivíduos, os mesmos aceitam suas diferenças de níveis e qualidade entre si, pois acreditam que foram adquiridas de forma justa e democrática. Este modelo afirma a igualdade de chances ao invés da igualdade entre os homens e as diferenças são vistas como naturais e não provenientes da sociedade, isso faz com que esse modelo não seja questionado ou modificado.

Mannheim traz uma visão mais ampla dessa teoria, para ele a educação se trata de uma estratégia, uma técnica social que manipulada é capaz de impedir a repetição do caos e garantir a ordem social democrática. A educação recebe conotação política quando aplicada desde o início da vida social do indivíduo, para que ele aprenda suas normas, valores e regras. Se trata de um processo de socialização para uma sociedade racional, controlada pelos indivíduos que a compõe. Apesar de o processo educacional ser um processo em transformação constante, este modelo democrático, depois de instalado não permite mudanças.